Luana

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"Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo."
(1 João 2.16)


     Rafael não saberia dizer por quanto tempo ficou ali deitado naquele chão frio gemendo de dor até que Leandro aparecesse.

     Já estava escuro quando ele abriu os olhos e com dificuldade ficou de pé com a ajuda do rapaz.

     -Vamos estourar os miolos de quem quer que tenha feito isso. –Foi a única coisa que Leandro disse ao acompanhar Rafael de volta para casa.

     O rapaz concordou, sabia que depois que toda aquela dor passasse, ele não sossegaria enquanto não fizesse aqueles policiais pagarem por tudo aquilo.

     -Eles iam me matar. –Rafael sussurrou se lembrando da arma apontada para si.

     -É, mas você ainda tá vivo, graças a Deus. –Leandro suspirou quando chegaram em casa. –Agora deite aí no sofá eu vou chamar a irmã do Sérgio para vim cuidar dos seus machucados.

     Rafael concordou e se jogou na cama. Um ódio enorme começava a crescer em seu peito e ele só queria colocar todas aquelas emoções para fora de si de alguma forma, ele fechou os olhos e se concentrou apenas na dor que sentia.

     -Oi. -Luana apareceu na sala. -Leandro mandou eu vim aqui.

     -Cadê ele? -Rafael perguntou sem abrir os olhos.

     -Vai saber, acho que foi resolver alguma treta da Vila. -Rafael respirou fundo em silêncio. -Eu preciso que você tire a blusa.

     -A blusa? -Sem perceber um sorriso malicioso surgiu em seus lábios. -Se eu soubesse que levando uma surra uma garota me pediria para tirar a blusa eu teria deixado eles me baterem mais cedo.

     -Para de ser ridículo, preciso que tire a blusa para eu ver seus ferimentos.

     Rafael finalmente abriu os olhos se divertindo com a situação. Luana o encarava e por mais que tentasse parecer séria, vestígios de um sorriso se formando em seus lábios a condenava.

     Rafael tirou a blusa e os olhos acinzentados da garota percorreram por todo o seu tórax.

     -Com você me olhando dessa forma eu vou acabar me apaixonando.

     Luana revirou os olhos e colocou um pano molhado de álcool em cima de uma ferida, no mesmo instante um grito escapou dos lábios do rapaz.

     -Por que você fez isso? -Ele ofegou com lágrimas no canto de seus olhos.

     -Preciso limpar seus machucados para poder colocar um curativo.

     -Eu sei disso, mas poderia ter feito com mais amor.

     -Fica quieto.

     Rafael mordeu os lábios, fechou os olhos e cobriu o rosto com um dos braços.

      -Agora, eu preciso ver o seu rosto. -Luana falou depois do que pareceu uma eternidade.

     -Eu não quero... -Ele começou a contestar, mas Luana calmamente puxou o braço do rapaz para baixo.

     Lentamente Rafael abriu os olhos e encarou Luana, a intensidade do olhar da garota o deixou sem fôlego.
Luana levou a mão hesitante até o rosto do rapaz e começou a passar os dedos levemente pelos machucados.

     Sem pensar muito bem no que estava fazendo, Rafael puxou a garota para si e a beijou, paravam momentaneamente para recuperar o fôlego, mas era como se os dois por mais que se beijassem, o desejo não era saciado.

     O rapaz só se deu por si quando Luana dormiu pesadamente sobre seu peito.

     Vários amigos de Rafael haviam contado que depois de terem a primeira vez com uma garota, tudo ao seu redor mudou.

     Claro que Rafael não podia negar que aquilo havia sido bom, mas ainda assim, mesmo com uma garota totalmente entregue a ele, o jovem não conseguia se sentir completo.

Feito de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora