Um telefonema para Júlio.

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"Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas."
(Mateus 6.33)


     -Cara, quanto tempo! –Júlio diz quando atende o celular.

     -Nem faz tanto tempo assim, Jú... Quer dizer, Pastor Júlio. –Rafael se corrigiu sorrindo.

     -Ah, por favor, Rafa! Não precisa me chamar de Pastor! Somos amigos!

     -É que...

     -Para com isso! –Ele riu. –Soube que você foi levantado a Obreiro, junto com a Tânia!

     -Você deveria ter vindo à minha consagração.

     -Olha, eu queria tanto ir. –Júlio falou e parecia sincero. –Mas são tantas coisas!

     -Eu imagino... Ser Pastor não deve ser nada fácil!

     -Não é brincadeira quando Deus te quer usar, mas é maravilhoso! –Rafael riu com a animação de seu amigo. –Você tem certeza que não quer ser Pastor, Rafael?

     Aquilo era um assunto complicado para o rapaz, será mesmo que ele largaria não só a faculdade de medicina, mas tudo que ele tinha apenas para viver em função de servir a Deus?

     -Creio que sim... –Rafael respondeu incerto. –Mas e como você está? E o namoro com a Amanda? –O rapaz resolveu trocar de assunto.

     -Nossa, cara! Ela é perfeita! Nosso noivado foi liberado! Os Pastores disseram que nosso relacionamento é realmente uma coisa de Deus e quanto mais rápido a gente se casar, mais rápido poderemos ir juntos fazer a Obra em outra cidade. Eu estou tão feliz! Eu gosto da Amanda, mas nada que venha acima de mim ou de Deus.

     -Já sabem quando vão casar?

     -Ainda não, mas assim que tudo for confirmado direitinho, eu te aviso! Você não pode faltar por nada!

     -E não vou! –Rafael sorriu. –Mas... Júlio, posso te perguntar alguma coisa?

     -Pois não?

     -E a Teresa?

     -O que tem ela?

     -Você não sente mais nada por ela?

     Uma risada baixinha de Júlio chegou pelo telefone:

     -Não, Rafa. Pode ficar sossegado, assim que eu me afastei dela foi como se toda aquela paixão sumisse. –Rafael soltou um longo suspiro que nem sabia que estava segurando, Júlio sorriu ainda mais. –Vou ficar incrivelmente feliz quando souber que vocês dois estão juntos.

     -Nós dois? –As bochechas de Rafael esquentaram.

     -Rafael, eu não sou trouxa. Eu sei que a Teresa é uma mulher bonita, e meu coração ficara incrivelmente mais aliviado se eu souber que ela está com um rapaz que eu confio, do que com qualquer um por ai.

     Rafael queria dizer que não era nada daquilo que Júlio estava pensando, mas as palavras saíram sem culpa nenhuma:

     -Obrigado, Júlio.

     -Deus te abençoe, meu irmão.

Feito de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora