Amigos de verdade.

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"Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes."
(1 Coríntios 15.33)


Rafael tinha tudo o que um jovem na idade dele poderia querer ter. Estudava em uma das melhores faculdades de medicina, tinha dinheiro, usava as melhores roupas, tinha respeito e poder na Vila, todas as meninas caiam praticamente aos seus pés e ele não precisava fazer nenhum esforço.

Todos queriam ser como Rafael, mas às vezes, quando o rapaz estava sozinho, ele sentia vontade de ser qualquer outra pessoa, menos ele. Todos pareciam ser mais felizes, mais completos e mais verdadeiros.

Rafael era só um rapaz esculpido na pedra, suas emoções estavam trancadas a sete chaves dentro de si. Era uma bagunça tão grande dentro dele que até mesmo Rafael tinha medo de se olhar.

-E aí, Rafael? O que vai fazer nessa sexta? -Vitor perguntou enquanto o acompanhava pelos corredores da escola.

-Soube que vai ter um fluxo top lá na quatorze, bora encostar lá? -André sorriu.

-Dá pra você levar a Aline.

-Aline? -Rafael franziu as sobrancelhas.

-Isso.

-Cara, esquece a Aline. -Rafael balançou a cabeça.

-Já tá em outra? -Vitor perguntou.

-Então a Aline tá liberada? -O sorriso de Julio aumentou.

-Mais do que liberada. -Rafael deu de ombros.

-Já ta com outra mina na mira, não é mano?

Rafael sorriu e no mesmo instante Kelly apareceu no corredor ao lado de suas amigas. Ele e Kelly sempre estudaram juntos, sempre se cumprimentavam, mas nunca haviam formado uma amizade de verdade. Desde adolescente, Rafael sempre a havia achado bonita, mas poucas vezes havia criado coragem para falar com ela.

-Eu acho que você deveria falar com ela. -Vitor o cutucou.

Rafael engoliu em seco, mas rapidamente colocou o medo de lado. Todos os rapazes queriam ser como ele, e todas as garotas imploravam por um pingo de sua atenção... Se Kelly o rejeitasse, ela que estaria perdendo, não ele.

-E aí, Ké! -Ele caminhou até ela e a cumprimentou dando um beijo na bochecha. No mesmo instante pele tão clara de Kelly ficou totalmente corada.

-Oi, Rafael. -Ela sorriu timidamente e suas amigas começaram a rir silenciosamente.

-Você está linda, sabia? -O sorriso dela aumentou e a confiança de Rafael também. -Vai fazer alguma coisa hoje a noite?

-Ainda não sei... Por quê? -Os olhos azuis dela faíscaram.

-Acho que preciso de ajuda no exercício do professor Pablo, e eu sei que você se dá bem em todas as matérias...

-Quase todas. -Ela sorriu. -Falou o cara que conseguiu a maior nota na prova da Maristela.

Rafael sorriu ainda mais:

-Te vejo a noite então?

-Pode apostar que sim. -Ela o beijou na bochecha e saiu andando com suas amigas soltando risadinhas.

-Sabia que você ia conseguir. -André chegou e passou o braço pelos ombros do rapaz.

-É nenhuma menina resiste a você, cachorro! -Vitor deu um soco de leve em seu braço. -Anda, vamos pegar umas bebidas para comemorar e depois você vai ao ataque!

-Eu não bebo. -Rafael falou.

-Ah, para de ser careta Rafael Oliveira! Só um golinho não faz mal pra ninguém!

Rafael não queria beber, mas o sorriso de Vitor que dizia que ia ficar tudo bem o convenceu.

Feito de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora