Novo dono da Vila.

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"E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas!"
(Lucas 18.24)


     Mesmo com o corpo exausto, quando Rafael deitava em sua cama, não sentia vontade nenhuma de dormir. Todas às vezes que fechava os olhos seus pensamentos o atormentavam. A dor da perda de sua mãe, Ronald acabando com a inocência de sua irmã, Kelly que ele ainda não teve coragem nenhuma de olhar em seu rosto e Eduardo.

     Rafael até havia tentado algumas vezes dormir, mas sempre acordava estupefato com milhares de pesadelos. Por isso, começava a evitar o máximo a cama, seus dias eram tranquilos, ninguém desconfiava que quando chegava a noite ele se sentia péssimo, sozinho e com um vazio terrível dentro de si.

     O rapaz havia pensado em se matar. Era um pensamento extremo, mas havia sido uma das únicas formas fáceis e rápidas dele conseguir ter paz, mas quando mirava a arma para sua cabeça e tentava puxar o gatilho toda a sua coragem ia embora e ele simplesmente começava a chorar.

     Era doloroso, mas aquela começou a ser a rotina de Rafael.

     -Rafael! –A voz de Sérgio chegou até os seus ouvidos quando o rapaz estava deitado em seu sofá olhando para o teto sem saber mais o que fazer com a sua própria vida. –Rafael! –E várias batidas pesadas contra a porta de sua casa.

     Ele pensou em não ir atender, pensou em ficar deitado e fingir que não estava, mas as batidas eram tão desesperadas que a curiosidade se acendeu no peito do rapaz.

     -O que hou... –Rafael começou a perguntar com uma expressão brava em seu rosto quando abriu a porta, mas assim que olhou para o estado de Sérgio o rapaz se calou e deu passagem para que o homem entrasse. –Sérgio, o que houve com o seu braço?

     Sérgio respirava pesadamente. O homem olhou para o seu braço como se somente agora percebesse que ele estava sangrando.

     -Acho que levei um tiro de raspão.

     -Misericórdia! Nós temos que limpar isso aí!

     -Olha, Rafael! Esqueça o meu machucado tenho notícias piores.

     -Mas Sérgio se isso ai infeccionar vai dar um problema tão grande...

     -Rafael, escuta! –Sérgio segurou o rapaz pelos ombros. –Leandro está morto!

     -O quê? –Rafael arregalou os olhos.

     -Leandro foi morto.

     -Você só pode estar brincando! –Ele se livrou dos braços do homem.

     -Não, cara. Eu o vi na minha frente todo estourado dando seu último suspiro.

     -Mas como isso aconteceu?

     -Armaram uma armadilha para cima dele, o Bruno também está morto.

     -Vocês sabem quem foi que fez isso?

     Sérgio balançou a cabeça:

     -Eu tenho as minhas dúvidas de que foi alguém do nosso meio, mas ainda não é certeza.

     Rafael engoliu em seco.

     -E agora? –Ele sussurrou.

     -E agora que você é o novo dono do bagulho inteiro.

     -Como é?

     -Antes de Leandro morrer ele me fez prometer que você ficaria no controle.

     -Mas Sérgio... –Rafael tentou argumentar, mas não conseguiu encontrar a sua voz.

     Leandro havia sido traído e agora estava morto, e Rafael ia sucedê-lo.

     O rapaz sentiu um gosto metálico em sua boca, onde ele havia se metido?

Feito de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora