Em uma das portas dos quartos que abri, ia fechando de novo mas vi uma figura ao lado de uma janela sentada em uma cadeira olhando a paisagem lá fora. Eu fechei a porta atrás de mim e me aproximei bem devagar suspirando aliviado por ter encontrado-a, feliz por está sozinho com ela.
— Libby — chamei baixo tocando seu ombro, ela se virou e me abraçou me deixando surpreso. Não percebi que ela estava chorando, antes de chegar aqui ela estava chorando? Isso me fazia sentir tão culpado por tudo isso. Como vou me desculpar por ter feito isso com ela?
— Me desculpa — falei baixo no seu ouvido passando minha mão no seu cabelo ruivo macio. Ela ficou em silêncio fazendo um barulhinho fino de choro me deixando agoniado, não sei se ficava aqui e esperava ela se acalmar, ou se saísse daqui agora porque com certeza vão descobrir um intruso no castelo.
— Temos que ir... — disse me afastando dela passando a mão na sua bochecha vermelha por causa do choro, ela sacudiu a cabeça concordando e depois me abraçou de novo. Coloquei meu braço na sua cintura e a levei para fora do quarto olhando para os lados vendo se alguém estava no corredor.
Um guarda passava ao nosso lado desconfiado nos olhando, eu fiquei tenso abaixando a cabeça e puxando Libby para o outro lado. Claro que depois ele me chamou e perguntou quem eu era e oque estava fazendo com ela, respondi da forma mais educada que pude. Como ele não acreditou, tive que apagá-lo. Joguei seu corpo dentro do quarto e tranquei a porta por fora. Ela me olhava assustada e eu fiz uma careta pegando seu braço com força e a puxando para o salão.
Passamos correndo pelos soldados lá fora indo em direção as pessoas pela rua da vila. Nos misturamos e deixamos eles lá atrás. Ouvi um barulho estranho e quando olhei para o lado, vi Ebert nos chamando com sua pata apontando para uma trilha que tinha atrás de uma casa. Puxei Libby para lá colocando ela na minha frente, mandei Ebert levá-la de volta para nosso castelo.
Eu tinha algo a resolver com o empregado da princesa.
Voltei a rua e deixei que os guardas me pegassem, eles me levaram de volta ao castelo e eu pedi que, por favor, me deixassem falar com aquele empregado.
Eles me jogaram dentro do salão outra vez e eu limpei meus braços das mãos sujas desses mal educados. Encarei uma sombra pálida parada ao pé da escada como um fantasma, fiz uma cara de nojo com vontade arrancar aquele sorriso da cara desse idiota. Mas tive que ser educado, iria conversar com ele na calma.
— Deixem os membros do nosso reino em paz! Sua princesa não tem direitos de roubarem pessoas inocentes das nossas terras — falei me aproximando dele bravo apontando um dedo na cara imunda dele ainda com aquele sorriso me dando nos nervos.
— Eu confesso que não sei oque exatamente se passa na cabeça da princesa, mas não se esqueça que não é culpa nossa, elas se odeiam... Eu não posso fazer nada, apenas dou as ordens aos nossos soldados — eu fiquei em silêncio pensando nisso, olhei para chão e lembrei das guerras que tínhamos no passado, a maioria por causa da princesa retardada que não parava de nos importunar mandando os soldados de gelo roubar nossa humilde vila. Ela não ter tanta riqueza como nós temos não é culpa nossa.
— Isso tem que parar, quando reagimos e ganharmos outra vez, ela perderá mais do que a última vez, tomara que ela ainda pense em manter sua dignidade, roubar oque é nosso já é demais — com isso eu me virei e fui embora me sentindo um pouco melhor em relação ao meu castigo, ainda vou ser mandando pro calabouço, mas minha lealdade à minha princesa me fez vir até aqui e dizer isso a ele. Eu posso ser castigado em paz agora. Só não quero outra guerra.— . —
Depois de ter recebido bronca da princesa pelo oque eu fiz sem a consultar, eu fiquei mais confuso quando não fui castigado de nenhuma forma. Claro que não insistir para ser castigado, descansei um pouco da viagem que fiz até aqui. Tomei um banho quente e vestir roupas limpas. Quando acabei, fui ao quarto de Libby ver como ela estava. Entrei sem fazer barulho e me ajoelhei ao pé da sua cama observando ela dormir. Coloquei os braços a beira da cama e toquei sua bochecha sorrindo me sentindo bobo mais uma vez. É tão frágil, como conseguiu sobreviver tantos anos na floresta sozinha? Ela tem muita sorte, agora tem um guarda costas para cuidar dela para sempre... Se ela me aceitar, é claro.
— Oi... — ela acordou e parecia feliz em me ver, sorri me encantando com seu sorriso mais uma vez me sentindo bobo. Queria ter coragem de dizer oque eu realmente sinto por ela. Eu tenho medo de que ela não retribua, um lobo e uma raposa, claro que tem várias chances de não dar certo.
— Como você está? — perguntei fazendo a voz mais carinhosa que conseguia observando ela se sentar coçando os olhos ainda com sono. Percebi uma coisa enrolada em seu joelho e logo vi que ela tinha se machucado.
— Se machucou? — me sentei do seu lado tocando no seu joelho com cuidado dando uma conferida no seu rosto para saber se tudo bem eu poder tocar nela.
— Não foi nada... — mentiu muito mal abaixando seu rosto que ficou levemente rosado, rápido retirei minha mão e fiquei a encarando tentando ler sua expressão envergonhada. Ela me escondia alguma coisa.
— Tem algo que queira me dizer? — perguntei tentando deixa-la confortável, mas apenas piorei tudo, ela negou com a cabeça abraçando seus joelhos ficando mais vermelha ainda. Que coisa... Eu tenho que ser mais confiante, como vou fazer ela me contar qualquer coisa?
— Aquilo que... Você fez comigo na casa de chá... — ela começou a dizer suspirando no final tentando encontrar coragem para terminar, eu tentei não olhar muito para seu rosto para ela não ficar tão envergonhada.
— Ebert disse que... É só quando gostamos mesmo de uma pessoa — suas palavras me fizeram congelar na sua cama mantendo os olhos grudados no seu lençol enquanto começava a imaginar várias coisas que aquele idiota podia ter dito a ela contaminando sua mente. Eu queria ter explicado sobre aquilo antes... Como ele pôde se meter assim?
— Ele me disse quando eu fiz nele — agora ela abaixou a cabeça nos braços escondendo seu rosto de mim. Eu apertei o lençol nas minhas mãos sentindo uma vontade imensa de libertar meu lobo e deixá-lo correr atrás daquele rato imundo. Não estava com raiva dela porque ela é inocente nisso tudo, ainda é nova e não sabe nossos costumes. Mas ele deve ter se aproveitado disso.
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A raposa Solitária.
FantasyLibby, uma raposa que cresceu sem os pais ou qualquer outro membro da sua família para cuidar dela. Teve o desprazer de assistir sua família sendo levada por caçadores, aprendeu a viver sozinha na floresta cuidando de si mesma. Anos depois se tornou...