Capítulo 15 - Grupo raposas.

309 44 0
                                    

Anon não ajudava, ele atrapalhava muito com suas conversas sem sentindo e sua necessidade de fazer um comentário a cada cinco minutos. Eu ignorava suas tentativas de puxar conversa, em vez de dá atenção a ele, eu me concentrava em ver algum movimento na floresta. Mandei todos pararem, tinha visto algo branco se mover bem a nossa frente um pouco para esquerda atrás de uma árvore grossa. Preparei uma flecha no arco e esperei aquilo andar um pouco mais para frente, depois disparei o atingindo nas costas ouvindo seu gemido de confirmação de que eu tinha realmente o acertado.
Corremos pra lá e ficamos encarando o garoto novo se contorcer no chão de dor. Anon e Heline o ajudaram a tirar a flecha, depois deixamos ele no chão para dizer de qual equipe pertence. Heline disse que seria descontados pontos de todos nós por ter ferido o garoto. Eu rolei os olhos e não liguei muito para isso, o importante era que tínhamos conseguido alguém.
Mas quando voltamos ao campo, já tinha uma equipe vitoriosa descansando na pequena cabana olhando para nós quando chegamos e nos apresentamos. Eu olhei para cada membro daquela equipe que tinha chegado primeiro, Manske disse que não deveria ser tão competitiva, mas não dava pra acreditar que um monte de bichinhos fracos como eles tinham conseguido antes de nós.
Perguntei ao treinador se eu podia ser trocada de equipe, pedi que ele me colocasse em uma mais avançada. Não era por achar que meus colegas são inferiores a mim, era por causa de Anon que me atrapalhava e atrapalha Heline também, eu percebi que ela tem potencial também. Mas infelizmente não era possível me pôr em outra equipe, ele me disse que vamos manter os mesmos trios até o final do nosso treinamento. Ou seja, vou ter que aturar Anon por três meses. Mas pelo lado bom, hoje conta um dia a menos.
Fui gemendo para meu quarto já não suportando mais esse lugar, eu sei que estou aqui por uma causa boa, mas é que parece tão cansativo. Eu não deveria me desanimar, não quero me desgastar, não queria ser uma perdedora. Então com esses pensamentos, eu sair do quarto amarrando meu cabelo dessa vez em um rabo de cavalo baixo. Fui para o campo vazio agora e peguei novamente aquele arco.
Entrei na floresta e em cima de uma pedra, procurei um alvo, e escolhi uma casca de árvore que estava manchada com uma cor mais clara que o tronco da árvore. Atirei uma flecha ali rosnando quando não tinha conseguido acertar em cheio.
Fui até lá e recolhi a flecha, preparei de novo e me virei de costas, imaginei um inimigo e atirei para algum lugar. A flecha pegou em cheio um galho de árvore que caiu no chão quando a flecha o penetrou. Recolhi a flecha, limpei sua lâmina e preparei outra vez. Me virei para direita e quase ia soltando uma na cabeça de uma garota que surgiu na minha frente.
— Quem é você!? — perguntei assustada abaixando meu arco rápido tentando disfarçar o susto que tinha levado. A garota de cabelos negros e curtos e pele clara me olhou meio irritada e depois levantou uma sobrancelha.
— Meu nome é Aimée... Vi você entrando pra cá sozinha, eu vim dizer que ninguém deve entrar na floresta sozinho. E além do mais, eu costumo treinar aqui, peço que vá embora agora — ela cruzou os braços fazendo uma cara de deboche e ao mesmo tempo orgulho do que ela mesmo disse como se tivesse feito algum efeito em mim.
Suspirei passando do seu lado e preparei o arco mais uma vez, atirei uma flecha com força demais em um árvore fazendo sua lâmina penetrar no tronco mais do que deveria. Olhei pra ela ficando irritada mas não disse nada, era como raposas costumam arrumar brigar. Mas pelo visto, ela não era uma, parecia mais um corvo, ou um abutre.
— Eu não quero ter que ir falar com o treinador sobre você está violando as regras — disse ela ficando irritada também formando duas ruguinhas na sua testa.
— Você é chata — fiz uma careta e me virei caminhando deixando ela atrás sozinha. Fiquei com um pouco de medo quando ela me seguiu mas eu não queria companhia agora, então apontei meu arco para ela fazendo-a parar onde estava agora parecendo assustada.
— Estamos aqui para competir, eu quero treinar sozinha pra melhorar ainda mais, mas não quero ninguém me enchendo. Então vá embora, e eu não ligo se falar isso pro treinador — falei brava abaixando meu arco e agora seguindo para a direita, deixei a flecha que usei para ameacá-la na minha bolsa atrás das costas e continuei andando olhando pelos cantos dos olhos ela se afastar voltando para o campo. Manske com certeza não iria gostar de saber que eu andei ameaçando meus colegas. Mas ele não está aqui agora.
Atirei outra flecha em uma fruta amarelada numa árvore com raiva, a fruta ficou atravessada na flecha escorregando até cair no chão. Eu a peguei e lambi seu suco, gostei do sabor, então eu comi olhando para o campo começando a se encher de pessoas. Percebi uma coisa muito interessante, todos ali eram raposas. Tanto garotas como garotos, eles parecem reunidos para fazerem alguma coisa.
Eu me aproximei de lá curiosa, me sentia atraída em chegar perto de uma raposa. Eu nunca mais vi uma além de Ebert. Cheguei a tocar em uma garota sem querer mas depois pedi desculpas. Fiquei atrás deles esperando que terminassem de conversar, claro que fui ignorada, mas no final, me deram um cordão estranho com uma pedrinha laranja de pingente. Eles foram para floresta preparados com armas e tudo mais. Eu seguir me sentindo em bando pela primeira vez. Fui igual uma filhote atrás deles saltitante, feliz e curiosa querendo saber pra onde iriam.
— Qual é seu nome e me diga que grupo está — perguntou um garoto ruivo aparecendo do meu lado com um papel nas suas mãos em cima de uma plaquinha de madeira. Ele me olhava sério e eu sentir minhas orelhas caindo de medo.
— Sou Libby... Não sou de nenhum grupo — disse fraco quase me encolhendo com medo dele. Seus dedos se movimentaram rápido sobre aquela plaquinha escrevendo algo no papel, depois ele sorriu de repente e eu fiquei confusa.
— Ótimo, bem vinda ao grupo das raposas, Libby — ele disse alegre passando sua mão na minha cabeça bagunçando meu rabo de cavalo. Depois foi embora passando na frente do grupo guiando o pessoal. Eu fiquei opaca aqui sem entender nada mas ao mesmo tempo feliz me sentindo aceita pela minha própria espécie, era algo tão bom que eu nem sabia se era realidade ou não.

A raposa Solitária. Onde histórias criam vida. Descubra agora