Capítulo 33 - Você não me reconheceu.

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>Libby narrando.

Minha cabeça doía muito quando acordei em um quarto simples em uma cama dura. Eu lembro de ter vindo para este Reino por algum motivo. Só não sei como vim parar aqui neste quarto.
ー Tem alguém aí?
Pergunto caminhando até a pequena janela da minha porta meio tonta e fraca. Coloquei meu rosto naquela pequena abertura e chamei outra vez alguém.
ー Ah que bom que acordou.
Diz um homem tigre aparecendo bem na minha frente me assustando.
ー Desculpe se a assustei.
Ele diz abrindo a porta e guardando a chave na sua roupa me olhando sorrindo. Me sinto intimidada então abaixo a cabeça.
ー Pode me dizer o que estou fazendo aqui?
ー Você teve um acidente, bateu a cabeça muito forte e ficou em coma por dois dias.
Fico espantada ainda olhando pra ele.
ー Bom... Você não deve se lembrar mas trabalha aqui. E eu tenho ordens de mandar você ir agora para o jardim.
ー Ah... Tudo bem...
Pisco uma vez para focar no que ele disse mas ainda estava confusa. Não lembrava de ter vindo aqui pra trabalhar em um jardim.
Mas o acompanhei mesmo assim e pelo caminho ele me contava  que aqui é um lugar legal e todos os funcionários são tratados de maneira igual.
ー Ali é o jardim.
ー Não, espera, o que eu devo fazer?
Ele me ignorou e foi embora como se tivesse sem paciência para me explicar meu trabalho. Eu fiquei sem entender nada olhando para as outras pessoas no jardim, elas estavam no meio dos arbustos parecendo colher alguma coisa. Todas eram raposas ou lobos com cabelos e pelos alaranjados.
Eu fui me aproximando de um raposa que parecia familiar pra mim, ele estava com uma pequena cesta de metal colocando várias sementes estranhas que colhia dos arbustos.
Fiquei ao seu lado de cabeça baixa tentando iniciar uma conversa.
ー Oi.
Digo olhando pra ele tímida.
Sua reação foi mexer as orelhas e me olhar sério.
ー Sou... Ebert ー estende a mão pra mim manchada com um tipo de suco avermelhado das sementes.
ー Libby.
Falei automaticamente pegando sua mão e sorrindo. Depois passo a outra mão na minha testa sentindo uma dor aguda na cabeça.
ー Também está com dor?
ー Sim.
— Você se lembra de como veio parar aqui?
Balanço a cabeça negando e depois começando a pegar aquelas sementes junto com ele. Sentia que ele era alguém familiar, e que não ia me fazer mal.

>Manske narrando.


— Já disse que quero falar com...
O tigre não me deixa terminar batendo a ponta da lança na minha cara. Eu caio no chão gemendo de dor desistindo de tentar dialogar com esses merdas.
— Peguem ele, vai servi pra alguma coisa aqui.
Sou levantado do chão com violência e eles me levam em direção a entrada do castelo. Mas dobramos e fomos para os fundos.
Andamos por um pequeno caminho de pedras pontudas e eu estava descalço. Havia perdido meus calçados por ter vindo na minha forma de lobo.
Chegamos em uma área aberta parecida com um jardim ou uma plantação. Haviam pessoas trabalhando e quando cheguei mais perto percebi que eram só raposas. Todas em meio aos arbustos colhendo algo. Mas meus olhos focaram em uma moça que carregava uma cesta cheia de sementes, ela era uma raposa também.
Só que quando eu cheguei mais perto passando ao lado daquela plantação, eu reconheci Libby assim que ela se virou pra mim e me encarou diretamente.
Ofeguei surpreso parando no mesmo lugar para encarar ela mais uma vez pra ter certeza. Mas ela se virou novamente e voltou aos arbustos.
— Libby!
Grito e me solto dos tigres passando por cima de uma carroça de madeira derrubando algumas cestas cheias de sementes. Continuo correndo com os tigres atrás de mim e vou na direção dela que olhou quando me ouviu.
Paro bem na sua frente e fico sem conseguir dizer nada. Ela estava bem na minha frente, eu senti tanta a falta dela, e agora que chegou esse momento eu não sei o que fazer.
Mas simplesmente eu a beijei sem esperar sua reação.
Tudo tinha ficado em silêncio por alguns segundos. Ela não correspondia mas eu achei que só estava surpresa.
Então eu me afastei e acariciei seu rosto me sentindo renovado de novo. Mas ela estava muito estranha, seus olhos sem brilho algum e sem foco, sem expressão ou reação. Como se ela estivesse desligada.
— Me solta seu pervertido!
Do nada ela gritou me assustando e voltou ao seu normal chutando minha coxa esquerda com tanta força que achei que tivesse quebrado.
Nesse momento os tigres chegaram e amarraram alguma coisa no meu pescoço enquanto eu estava em choque com a reação dela. Nem tentei reagir quando me pegaram e me levavam pra longe dali. Eu só fiquei olhando pra ela lá atrás com o olhar de ódio pra mim. Isso penetrou meu peito e no mesmo instante eu liguei os pontos.
Os olhos dela estavam diferentes. Estava trabalhando naquele jardim como se fosse só mais uma operária qualquer daqui. E tudo isso me fazia pensar somente no fato de terem apagado sua memória.

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⏰ Última atualização: Feb 02, 2018 ⏰

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