Capítulo 32 - Não fui forte o suficiente.

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Dias depois do ataque...

>Manske narrando.

Partir em uma viagem para o reino dos tigres onde fiquei sabendo que capturaram Libby e Ebert. Ainda me sentia idiota por ter mandando Libby fugir naquele dia do ataque, eu sabia que eu a perderia no meio de tudo aquilo se a mandasse embora, mas ela precisava se salvar.

Muito cansado eu encontrei no meio da floresta já de noite, uma pequena vila humilde de coiotes, eram pessoas estranhas, eu não pude reconhecer se eram lobos ou coiotes. Mas me ajudaram e eu fui acolhido por uma família que me ofereceu a sua casa pra mim passar a noite.
A casa deles era muito pequena, e as luzes eram apenas velas espalhadas pelas paredes e em todos os cantos.
ー Você está a caminho do Reino dos Tigres?
Perguntou senhor Silver me guiando pelo corredor estreito. Sua filha mais velha nos seguia curiosa.
ー Eu vim do reino das fadas, estavam atacando lá e levaram meus amigos. Quero ir salvá-los.
ー Isso é muito arriscado, eu espero que você tenha sorte.
Ele abriu a porta dando um pequeno empurrão e depois nós entramos. E eu fiquei surpreso pois o quarto era bem maior do que eu pensava, quase duas vezes maior do que a cozinha deles por onde passamos.
ー Fique a vontade, se precisar de alguma coisa, pode chamar.
ー Muito obrigado, senhor Silver.
ー Vamos, Bela.
Ele saiu deixando a porta aberta para sua filha ir com ele, mas ela não foi e ele pareceu não ter percebido isso.
Fico encarando ela parado no meio do quarto, ela está sorrindo pra mim e não parece notar que eu estava incomodado com ela.
ー Você é um lobo bonito, gostei das suas orelhas ー ela se aproxima de mim e tenta tocar uma das minhas orelhas.
Mas desvio e paro atrás dela mudando minha expressão.
ー Desculpe mas só quero descansar, amanhã saio cedo para não incomodar vocês por muito tempo.
Uso todas as palavras com educação sem alterar o tom de voz. Ela continua sorrindo com as mãos juntas na frente do quadril e isso estava me dando medo.
ー Posso perguntar quem você vai resgatar do Reino dos tigres?
ー Minha namorada e meu melhor amigo, junto com vários outros prisioneiros se eu conseguir.
ー Não acha um pouco arriscado pra um lobo só?
ー Eu tenho um plano, mas não quero ser herói indo até lá e arriscando minha vida. Conheço o rei daquele reino, sei o que ele gosta de fazer com todos os seus súditos. E pretendo falar com ele antes de agir.
ー Ah...
Ela balançou a cabeça e andou pra perto de mim de novo me obrigando a ir para o outro lado da cama que nos separava agora.
ー Você é inteligente. Se precisar de ajuda, posso ir com você?
Olhei pra ela de cima abaixo e me perguntei como alguém magra, pequena e não tão inteligente poderia me ajudar naquele reino.
ー Desculpe mas não. Eu prefiro ir sozinho, e voltar de lá com meus amigos vivos.
ー Mas qual é seu plano?
Ela pergunta passando a mão na cabeça e se sentando de lado na cama.
Noto apenas que ela estava curiosa, então tento ser rápido para ela ir embora de uma vez.
ー Vou me oferecer para ser prisioneiro também só para entrar no castelo. Depois procuro meus amigos e penso em outro plano para fugirmos de lá.
ー Espero que consiga, mas sabe que a fama dos tigres é prender as pessoas lá dentro e apagar a memória delas com tratamentos de choque?
...
ー Como assim...?
ー Rei Herzog não tem piedade das suas vítimas, ele só quer que eles sejam seus escravos.
ー Como sabe de tudo isso?
ー Somos uma vila humilde, não sofremos ataques deles por sermos considerados inúteis e fracos. Mas somos inteligentes.
Não presto atenção no que ela estava dizendo, só consigo pensar em Libby e Ebert. Principalmente em Libby...
Se ela perder a memória? Se ela ser obrigada e ser escrava daquele nojento? E se eu não chegar a tempo dele mandar os dois para uma sala com uma cadeira elétrica...?
ー Bom... Boa noite, eu durmo aqui do lado, pode me chamar se quiser alguma coisa.
Me sento na cama e cubro a cabeça com as duas mãos não conseguindo pensar em mais nada além da cena dela naquela cadeira sendo eletrocutada.
Isso é uma tortura... Eu preciso descansar mas minha vontade é sair correndo daqui.
Devia ter sido mais forte... Eu jurei a mim mesmo não deixar nada de mal acontecer com ela. E se isso acontecer, nunca vou me perdoar e vou ser obrigado a viver com essa culpa pra sempre.

>Libby narrando.


Acordo me sentindo muito dolorida na região da barriga e pernas. Sinto o chão gelado na minha bochecha e minhas mãos estavam molhadas.
Me sento devagar com as pernas encolhidas tomando cuidado com elas, meus pulsos estavam presos com correntes e eu estava dentro de uma cela. E não estava sozinha.
ー Libby.
Ouso a voz de Ebert e olho para o canto mais escuro da cela onde a luz da pequena janela não chegava. Ele estava muito machucado, sua blusa rasgada e sua calça foi transformada em uma bermuda.
Eu corri pra perto dele e o levantei do chão o encostando na parede.
ー Desculpa...
ー Não, não, tudo bem... Não foi culpa sua ー pego sua mão e me sento ao seu lado olhando pra ele.
ー Eu não conseguir te defender. Me desculpa...
ー Ebert, está tudo bem... Vamos ficar bem.
Digo tentando acalmá-lo me encostando em seu ombro. Fico segurando sua mão e noto que ele estava quase chorando.
Escutava um chiado na sua garganta.
ー Não chora.
Peço triste tocando sua bochecha e limpando suas lágrimas que escorriam.
ー Tá na hora!
Alguém invade nossa cela e grita nos assustando.
Era um tigre que sorria animado andando na nossa direção com as chaves das correntes.
ー O que vão fazer com a gente?
Perguntou Ebert bravo enquanto o tigre me soltava e me segurava pelo braço para soltar ele também.
ー Vamos transformar vocês em raposas comportadas e obedientes.


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