Capítulo 13 - Preocupações.

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Um ano depois....

Eu posso dizer que desenvolvi bastante depois do treinamento. Eu agora já tenho várias conquistas, passei de nível mais rápido do que os meus antigos colegas. Estou no nível dezesseis e Manske está no vinte e um, mas estamos no mesmo grupo por proximidade. Eu me dediquei muito para chegar até aqui e ficar no mesmo grupo que ele está hoje. Somos a melhor dupla e até nossos treinadores sabem disso, por isso sempre nos deixam juntos nas atividades.
— Sua pontaria melhorou — elogiou ele carregando o cervo filhote que eu havia matado com o arco e flecha. A atividade de hoje era tentar matar algum animal com armas diferentes, trocamos de equipamentos com as outras duplas, mas claro que quando eu me tornei mais avançada, era boa com quase todas as armas que tínhamos. Eu treinava sozinha com facas, arcos, lanças e até com estilingue. Não foi fácil conseguir acertar um cervo a dezessete metros de distância escondida atrás de uma árvore.
— Você não conseguiria se eu não estivesse aqui — brinquei passando por ele e lhe dando um beijo rápido. Coloquei o arco nas minhas costas e retirei a flecha do cervo que ele carregava guardando ela de volta para reutilizar.
— Acha que conseguiram melhor resultado que nós dois? — perguntei preocupada olhando pra ele, seu olhar foi meio brincalhão, com certeza criticando minha competividade. De novo ele vai começar com isso?
— Dá pra parar de se preocupar com o resultado dos outros? Você já tem pontos demais na frente de todos eles... Menos de mim — se cabou erguendo o nariz e sorrindo me deixando irritada. Eu ainda passo dele... E vou esfregar na sua cara do mesmo modo que ele faz comigo.
— Você ainda vai se arrepender de se achar tanto por causa de trezentos pontos idiotas — falei irritada olhando para o caminho pensativa sobre meus pontos. Eu tinha que conseguir pelos menos cinquenta nesse desafio de caça.
— Sabe que... Nós vamos ter que passar uns dias separados né...? — olhei pra ele e vi seu rosto triste pela primeira vez em meses. Recentemente fomos escolhidos para uma maratona que iria ter para medir nossas habilidades em outro lugar que ainda não sabemos. Cada um de nós fomos mandados para reinos distantes, é muito importante aceitarmos essa viagem. Podemos trazer benefícios para nosso reino se vencermos algum desafio de lá.
— São só três meses, Manske — falei tentando não parecer tão triste também. Mas não conseguir, acabei deixando um clima horrível sobre nós.
— Como você vai se virar sozinha? — perguntou ele ainda triste.
— Eu sei me cuidar... Não precisa se preocupar, e além do mais, eles vão fazer tudo por nós. Vamos ficar em hotéis, vamos ser tratados como reis — falei sorrindo tentando animá-lo. Mas claro que não deu certo. Então eu parei e fiquei na sua frente encarando seu rosto sério sem nenhuma mudança.
— Não fica triste por causa disso, nós vamos nos ver de novo em três meses, e essa viagem só é daqui a uma semana... Temos bastante tempo — segurei seu braço e fiquei esperando ele me responder algo mais ou menos.
— Depois passe no meu quarto pra terminarmos essa conversa, tá bom? — levantei seu queixo e fiquei olhando em seus olhos azuis sorrindo. Ele finalmente retribuiu e eu o puxei para que chegássemos logo e vermos se alguém conseguiu mais sucesso que a gente.

— . —

Já estava arrumando minha mala escolhendo roupas não tão chamativas. Eu devo me preocupar em não ser tão vulgar? Manske não iria gostar se eu andasse por aí com saias curtas e blusa com alças finas. Então eu dispachei as minhas blusinhas e saias e escolhi calças compridas e blusas com mangas. Assim está melhor. Quero que ele veja essa mala cheia de roupas que cobrem tudo para ele não sentir preocupado.
Escutei alguém batendo na porta.
— Pode entrar — disse alto e depois comecei a dobrar mais roupas ali dentro da mala querendo que ele chegasse e visse isto. Sentir seus braços me envolvendo por trás e seu queixo no meu ombro. Sorri deixando minha blusa na mala e depois virando o rosto de lado encarando o seu.
— Como você tá? — perguntei gentilmente passando as mãos nas suas na minha barriga. Fiquei esperando ele responder, mas começou a formar uma expressão zangada e eu fiquei confusa.
— Essa aqui não — disse bravo retirando suas mãos de mim e pegando uma blusa vermelha minha com botões. Eu fiquei mais confusa ainda tentando ver oque tinha naquela blusa que o deixou irritado.
— Oque tem de errado com ela? — peguei a blusa e estendi na minha frente tentando ver. Mas não conseguia, não parece vulgar pra mim.
— Acho que você deve ir com algo que não seja tão fácil de tirar — ele cruzou os braços ainda bravo, mas eu apenas rir dele e guardei a blusa "vulgar" de volta no guarda roupas. Depois tirei de lá um vestidinho branco com flores vermelhas e me virei pra ele pedindo sua crítica.
— Nem pensar — falou pegando o vestido de mim e jogando no guarda roupas. Eu bufei e tentei outra coisa, outra blusa com a gola de inverno e mangas compridas, o tecido dela era grosso demais, por causa do calor, eu não usava muito. Ele entortou a boca e me olhou com as sobrancelhas levantadas.
— Eu aprovo, mas você não... Certo? — balancei a cabeça sorrindo jogando de volta desistindo. Fechei a mala e sentei na minha cama olhando pra ele que logo se juntou a mim me abraçando de lado.
— Então você está preocupado no caso de eu encontrar alguém por lá que seja mais especial que você? — olhei para seu rosto levantando minha mão para tocar seu cabelo que já estava cobrindo seus olhos, ele estava precisando de um corte.
— Não sei... Eu confio em você, mas não gosto de imaginar você sozinha desprotegida em um lugar que nunca esteve antes — abaixei minha mão e me sentei atrás dele abraçando suas costas pensando sobre isso. Ele acabou de me deixar preocupada também. Estamos falando de mim... Mas e ele?
— Sabe... Eu também estou preocupada — confessei fazendo ele se virar de frente pra mim com um sorriso se formando bem devagar nos seus lábios finos.
— Tudo bem então... Vamos jurar um ao outro que não vamos olhar pra nenhum outro alguém enquanto estivermos longe um do outro — ele levantou seu mindinho e sorriu infantilmente pra mim. Eu rolei os olhos e juntei meu mindinho no dele apertando. Depois dei um beijo nele já sentindo saudade disso como se eu já estivesse em uma das fantasias que iria fazer quando estiver na viagem.
— Eu vou pensar em você todos os dias — cochichou ele no meu ouvido e eu beijei seu pescoço de olhos fechados aproveitando cada momento como se fosse o último.
Deixei que ele me jogasse para trás acelerando nosso beijo que eu tomava controle. O abracei pelo pescoço deixando minhas pernas livres embaixo das suas que se entrelaçaram nelas bem devagar. Peguei em um lugar que o fazia gemer e rir no seu ouvido me divertindo. Sentir suas mãos na minha barriga descendo devagar mas ele foi interrompido por alguém que bateu na porta chamando por mim.
— Raposinha, tenho que levar a sua autorização da sua viagem, já sabemos para qual reino você irá — reconheci a voz de Nagel do outro lado da porta. Manske não me deixou responder, eu abafei meu gemido quando ele me tocou me deixando agoniada. Conseguir empurrá-lo e fiquei sobre seu corpo pedindo que ele parasse e fizesse silêncio.
— Eu já aceitei isso, Nagel! — gritei de volta exagerando no volume da minha voz porque Manske apertava minha coxa com força demais.
— Preciso da sua assinatura — ele disse parecendo cansado, eu abaixei os olhos e encarei Manske com raiva tirando suas mãos de mim e vestindo minha pobre saia esticada no chão. Fui até a porta e abri dando um sorriso educado a ele que me estendia uma prancheta com um papel. Eu assinei só meu primeiro nome, pois não tinha outro mesmo, e depois disse tchau fechando a porta e trancando.
— Que vergonha, com certeza ele ouviu — falei brava me sentando na cadeira da minha penteadeira e tentando arrumar meu cabelo com uma escova.
— Já pediram autorização — choramingou ele se sentando na cama com os olhos no chão.
— Só daqui a sete dias, Manske... Não fica preocupado — repeti entediada.
— Pra mim parece que já é amanhã — ele disse fazendo drama me olhando de um jeito que cortou meu coração. Oque eu posso fazer pra ele parar de se torturar com isso? Eu não quero ficar me lembrando para não ficar triste, mas ele não ajuda.
— Pode parar de ficar se torturando? Por mim... Tenta não se lembrar porque vai ser pior. Vamos aproveitar nossos últimos momentos — me sentei do seu lado com uma mão no seu rosto fazendo carinho no seu cabelo, mas ele me olhou de um jeito estranho com certeza entendendo errado oque eu havia dito. Dei um tapa no seu ombro e me levantei dali deixando ele rindo.

A raposa Solitária. Onde histórias criam vida. Descubra agora