>Manske narrando.
O dia do nosso sofrimento havia começado, fomos obrigados a subir um morro usando mochilas pesadas só para aumentar a dificuldade. Nosso treinador ia na frente usando botas e uma capa de chuva para se proteger da tempestade que estava caindo, na minha visão, era uma tempestade. Mas era só uma chuvinha chata para formar a lama embaixo dos nossos pés, o primeiro castigo era mais ou menos assim. Subir um morro descalço, usando uma mochila pesada, tendo que aguentar um idiota toda hora me provocando jogando lama em mim me chamando pra quebrar alguma parte do seu corpo.
Eu não queria revidar, queria acabar de subir esse morro de uma vez e poder terminar essas duas semanas de castigo. Pensei em Libby, a única pessoa nesse mundo que conseguia me acalmar apenas por começar a pensar nela. Ignorei o idiota me jogando lama, ignorei o treinador me apressando e gritando com a gente. Ignorei tudo, foquei apenas em continuar colocando um pé na frente do outro afundando os dedos na lama com vontade.
Recebemos a notícia recentemente que iríamos ser escolhidos mais cedo, eu não estava nem aí pra isso, sei que deveria me preocupar para conseguir uma pontuação melhor e levar benefícios ao meu reino e pra mim mesmo. Mas não estava interessado em ganhar esse campeonato. Só queria voltar a ver minha raposinha, eu torcia para que tenha acontecido o mesmo no lugar que ela está...
Acabei escorregando e caindo de joelhos no chão colocando minhas mãos na lama grudenta. Eu sorri pra mim mesmo porque percebi que não poderia pensar nela enquanto fazia minhas atividades, ela me desconcentra mesmo não estando aqui.
Mas depois voltei a realidade quando notei que aquele imbecil estava relinchando como um asno, já basta meu ódio por está fazendo algo que não gosto e que acho injusto. Não aguentei assistir ele ali rindo de mim, tive que jogar uma bola de lama na sua cara fazendo ele engolir metade do que eu havia jogado nele.
O treinador brigou comigo e isso já estava ficando irritante demais, ser culpado por tudo que ele me obriga a fazer já é demais pra mim.
Mas ele acabou nos dizendo que era melhor nós voltarmos para que a diretora pense em um castigo mais pesado para nós dois. Foi oque ele disse. Mas eu acredito que vamos ser liberados depois disso, eu esperava que nunca mais seja obrigado a fazer atividades junto com esse idiota.>Libby narrando.
Eu tive que inventar que estava com dores fortes demais no corpo para não fazer minhas atividades. Não aguentava mais esticar os braços para lançar uma lança ou atirar uma flecha, até mesmo me mexer demais para lutas com bastões. Warren me disse que não poderiam me ver pelos corredores, se não iriam me pegar para os treinos. Mas não conseguia ficar parada no meu quarto, só que tinha medo de sair.
Então resolvi tomar um banho. Só para passar meu tempo, fiquei alguns minutos de cabeça baixa deixando que a água retirasse a sujeira do meu corpo sozinha. Peguei o sabonete passando bem devagar nos meus braços, barriga e pernas. Eu sei que tenho que esforçar nessas últimas semanas, mas está sendo difícil demais acompanhar o treino avançado. Eu devia ter aceitado ficar no meu reino, devia ter ficado com Manske, devia ter pensando sobre aceitar aquela viagem duas vezes.
Comecei a sentir um arrependimento profundo no meu peito, eu me tocava e sentia meus músculos doendo e tinha vontade de pedir para sair agora. Toquei minhas pernas mas me espantei quando percebi uma coisa de diferente, abrir os olhos e vi minhas mãos em forma de patas escuras e assustadoras pra mim. Fiquei tão confusa e espantada com isso que acabei caindo no chão do banheiro depois de ter escorregando na lajota.
Fiquei sentada ali não conseguindo mais levantar porque não tinha mas controles das minhas pernas que estavam ficando cada vez mais estranhas. Fiquei em uma posição de lado colocando as duas mãos no chão apertando os olhos sentindo muita dor no corpo inteiro.
Eu comecei a sentir meus pelos molhados e minha cauda pesada por está encharcada com a água do chuveiro ainda jorrando em cima de mim. Tentei levantar e fui tateando a parede até conseguir fechar o chuveiro.
Sair do banheiro molhando meu tapete e o piso, peguei uma toalha e me enrolei sentando na minha cama e tentando entender oque tinha sido aquilo. Meu corpo havia parado de doer, estranhamente eu me sentia recuperada, viva de novo, ou pelo menos com mais energia do que estava. Parecia eu tinha me descontrolado lá dentro e ficado confusa com qual forma ficar.
Me olhei no espelho rápido vendo que as minhas manchas roxas havia desaparecido também, me aproximei do espelho e toquei meu rosto dizendo pra mim mesma me acalmar em pensamento. Ainda não tenho controle disso e não faço ideia de como me previnir para não acontecer de novo.
Decidir ficar no meu quarto o resto do dia pensando nisso, tinha medo de sentir alguma coisa em exagero, não ter controle dos meus sentimentos. Eu pensei bastante e concluir que aconteceu no banheiro porque estava arrependida de ter aceitado a viagem. Me sentia mal por isso, por isso não percebi e acabei quase me transformando. Não deixava de ser empolgante, mas também não podia ficar ansiosa ou feliz demais por isso.
Já estava ficando paranóica à medida que eu ia ficando inquieta dentro do quarto batendo cabeça com isso, eu estava feliz e ao mesmo tempo assustada. Meu coração estava acelerado mais que o normal, tentei acalmar minha respiração e voltei a sentar na cama. Mas parei e percebi que estava de toalha ainda.
Troquei de roupa e decidir vestir aquele meu vestido de bolinhas que havia costurado o decote. Depois voltei a sentar na minha cama inquieta mais uma vez.
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A raposa Solitária.
FantasyLibby, uma raposa que cresceu sem os pais ou qualquer outro membro da sua família para cuidar dela. Teve o desprazer de assistir sua família sendo levada por caçadores, aprendeu a viver sozinha na floresta cuidando de si mesma. Anos depois se tornou...