Capítulo 12 - Treinamento.

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Depois que eu confessei aquilo para Manske, ele me deu um beijo na testa e disse que voltaria mais tarde. Eu fiquei confusa mas tentei acreditar que agora estava tudo bem, eu não tenho mais nada a esconder dele. Com os pensamentos tranquilos agora, eu fui até a janela e me sentei na cadeira que eu tinha colocado perto dela para admirar o jardim. Aquela nuvem branca não estava mais nas montanhas, abaixei os olhos e notei duas figuras lá embaixo. Era Manske brigando com Ebert que estava tentando se defender, Manske o segurava pela blusa e dizia alguma coisa alto e com uma expressão irritada, eu fiquei olhando os dois já adivinhando o porquê daquilo.
Me sentir péssima por aquilo, não queria que Ebert ficasse com raiva de mim por isso. É culpa minha Manske está irritado com ele, não devia ter contado nada. Será que devo ir lá e tentar explicar oque realmente eu disse a Manske para Ebert?
Suspirei e me levantei, mas assim que sair pela porta. Alguém me barrou com um braço e depois eu fui levantado o rosto bem devagar quase com medo da pessoa que havia me barrado. Mas era Nagel com um sorriso gentil e amigável como sempre.
— Oi, Nagel — cumprimentei educadamente me virando na sua direção.
— Parabéns mais uma vez, você agora fará parte do nosso grupo para iniciantes — ele dizia isso tudo de uma maneira bem estranha, como se fosse um robô saudando um jogador.
— Hum... Oque? — perguntei confusa me afastando um pouco dele insegura.
— Ah, não é nada demais, você vai apenas aprender sobre oque você é e domar algumas habilidades da sua espécie — ele colocou um braço sobre meu ombro e começou a me puxar para algum lugar pelo corredor. Eu fiquei pensando sobre isso e achei interessante, pensei nos dois que com certeza ainda devem está brigando agora.
— Eu vou... Treinar? — eu olhei pra ele tímida tentando entender oque exatamente ele queria comigo assim de repente me convidando para isso.
— Sim... Vou falar de uma vez... Estamos quase em guerra e... — ele parou passando a outra mão na nuca olhando para o chão como se tivesse com medo de me dizer isso. — Nós queremos preparar vocês... Vai ser bom caso sofrermos algum ataque — ele sorriu no final ainda tentando me mostrar que não era nada demais. Mas eu entendi isso muito mal. Estamos em guerra e precisamos preparar os habitantes do reino.

— . —

Fomos ao quintal do castelo, uma área bem grande e cheia de árvores de todo os tipos. Perto de um pequeno lago estava um grupinho de sete pessoas todas encolhidas e com medo. Nagel me empurrou para lá e eu fiquei na frente de todos, eles ficaram me olhando curiosos e eu os olhei da mesma forma também. Eram três lobos já com orelhas e caudas aparecendo, todos da cor cinza e todos eram magros e altos. As quatros garotas eram baixas e muito novas, uma estava atrás de outra com medo de mim e a outra me olhava com superioridade já me intimidando. Eu quero sair daqui.
— Estão vendo isso aqui? — alguém disse alto atrás de mim me fazendo encolher assim como os outros. Era um homem adulto de cabelos grisalhos e muito bem vestido, ele segurava na sua mão direita erguida para cima, uma toalha branca, suja e pequena.
— Encontre isto e matem, quem encontrar primeiro tem vantagem na próxima fase, quem ficar por último tá fora — ele falou tudo isso como se tivesse falando com animais. Depois jogou aquela toalha no chão e foi embora nos deixando sozinho. Todos foram cheirar aquela toalha rasgando pedaços levando consigo para dentro da floresta. Sobrou um único pedacinho para mim, então eu fiz oque todos fizeram. Sentir o cheiro comum que estava naquela toalha e meti em meu bolso indo em alguma direção da floresta completamente perdida depois de alguns minutos andando sozinha.
Comecei a tentar encontrar aquele cheiro fraco que estava na toalha, eu não fazia ideia do porquê dessa atividade. Não sei porque Nagel me fez participar disso. Ele deve ter percebido que eu não sou boa em quase tudo, não é fácil encontrar um cheiro no meio da floresta.
— Sai da minha frente! — gritou uma voz feminina e quando me virei para olhar, eu fui atingida na barriga por um pedaço de pau que ela segurava. Eu fiquei abaixada mas não cair no chão, fiquei olhando pra ela com um pouco de raiva e medo.
— Eu vou encontrar primeiro — rosnou ela apontando aquele pau pra mim como se eu tivesse feito algo que estivesse a atrapalhando.
— Por acaso estou te impedindo ou te atrapalhando? — perguntei me pondo em uma posição normal me afastando um pouco dela de olho no pedaço de pau que ela segurava com firmeza. Eu precisava de uma arma, ou algo para me proteger.
— Nas regras não incluíam matar os adversários — me abaixei quando ela tentou me acertar de novo no mesmo lugar. Fiquei atrás dela tentando desviar mas acabei sendo atingida de novo. Cair no chão com a mão no braço sentindo muita dor. Ela ria lá atrás se divertindo me deixando com raiva.
— Morra!! — gritou levantando o pedaço de pau para cima e depois jogando ele na minha direção, eu não sabia direito oque me deu para ter segurado aquilo com minha mão direita. Ela quase foi quebrada, mas eu conseguir segurar e chutar seu peito para que ela se afastasse de mim. Me levantei rápido e com o seu bastão eu acertei suas pernas fazendo-a cair. Depois disso eu corri jogando o pau no mato e indo em direção a um morro.
— Que maluca... — sussurrei pra mim mesma sacudindo minha cabeça esquecendo que eu não tinha mais orelhas ou pelos. Por dois segundos fiquei triste, mas assim que cheguei ao morro, de longe eu vi um homem já idoso correndo em zigue-zague de dois lobos que estavam atrás dele. Eu observei aquela cena esperando o momento certo para sair correndo também, esperei até que eles estivessem perto de mim. Então desci do morro o mais rápido que pude indo na direção do homem que corria exatamente na minha frente sem saber.
Esbarrei nele e me coloquei sobre seu corpo o protegendo dos lobos que rosnavam pra mim, retribuir as ameaças e me mantive firme ali sem medo deles.
— Muito bem — disse o mesmo homem que nos entregou aquela toalha surgindo atrás de mim. Eu me afastei do idoso e me juntei aos lobos que não rosnavam mais, estavam apenas me olhando com caras feias, e eu fiz a mesma careta também me exibindo porque tinha ganhado essa merda.
— Caçadora iniciante, parabéns — falou ele pegando uma faca do seu cinto e jogando-a pra mim. Claro que não peguei, ela caiu no chão perto dos meus pés e eu a ajuntei percebendo que era uma pequena adaga com uma bainha de proteção. Eu sorri pra mim mesma sentindo como era bom ganhar alguma coisa por um sacrifico. O pobre idoso foi levado por soldados e com certeza iria ser executado. Tentei não pensar nisso enquanto voltava para o castelo cansada.

A raposa Solitária. Onde histórias criam vida. Descubra agora