Acordo na minha toca sentindo o cheiro de galhos molhados vindo do lado de fora. Coloco meu focinho no pequeno raio de sol que me dava bom dia e depois balanço a cabeça com o vento morno e aconchegante que bateu em meu rosto. Eu fico ali por mais alguns segundos encolhida como uma bola ainda com frio mesmo em um dia quente como esse.
Antes que dormisse de novo com a preguiça, eu levantei e sair da minha pequena toca na árvore me virando na direção do rio estreito que estava silencioso. Me estiquei erguendo minha cauda e abaixando minha cabeça até ficar entre minhas patas dianteiras. Começo o dia perseguindo uma borboleta rosa que voava baixo, eu não era uma raposa tão grande como a maioria, ou talvez eu seja do tamanho normal da maioria... Eu nunca vou saber até ver uma raposa adulta normal por aqui.
Dei bom dia a minha amiga preferida, uma flor Lírio do campo, minha companheira, ela está sempre sorrindo pra mim e ela sabe que eu venho aqui todos os dias falar com ela e elogiar suas pétalas grandes e arredondadas. A minha outra amiga era uma Copo de leite, seu nome combina muito bem com ela apesar de ser bem mais parecida com um Lírio branco. A orquídea lilás sempre alegre e animada e um pequeno gira sol ainda bebê. E a Rosa, a flor mais mal encarada do meu pequeno jardim, ela já feriu meu focinho quando eu estava tentando ajudá-la espantando uma lagarta das suas pétalas.
Virei a cara para ela e continuei meu caminho saltitante pensando no que comeria de café da manhã. Os bichos estão animados também, principalmente os pássaros azuis nas copas das árvores baixinhas e floridas. O chão era coberto por vários botões de flores que caíram com o vento da noite de ontem, eu passava meu focinho por eles me deliciando com a fragrância deliciosa que eles tinham.
Mas já era hora de caçar alguma coisa, eu ouvi um barulho estranho vindo de perto do Pinheiro mais bonito que tinha no meu território. Eu me aproximo com as orelhas curvadas para trás tentando fazer o mínimo de barulho que conseguia.
Oque eu vi eu achei anormal, mais anormal do que os esquilos se beijando que vi ontem numa árvore. Tinha dois lobos brancos meio acinzentados colhendo pinhas, um estava com um tipo de mochila cheia de pinhas, e o outro colocava elas lá dentro com a boca. Meu Pinheiro estava pedindo socorro e eu fiquei irritada e ao mesmo tempo chocada com a audácia desses lobos idiotas. Pulei de onde eu estava e parei perto deles bagunçando a terra com as minhas patas. Cravei as unhas no chão e lati tentando chamar atenção dos idiotas audaciosos.
— Oque vocês fazem em meu território? — perguntei irritada batendo as patas no chão chicoteando a cauda no ar eriçando meus pelos pronta pra atacar. Mas os dois imbecis nem pareciam ter notado que eu estava tentando expulsá-los.
— Fica calma, raposinha... Só queremos pinhas — o lobo maior respondeu pegando outra pinha de um galho do Pinheiro e a arrancando de lá colocando no lobo que estava fazendo papel de burro de carga.
— É meu território e esse é meu Pinheiro! — aumentei o nível de agressividade na minha voz e avancei um passo mostrando meus dentes para eles que não demostraram nenhuma reação que eu esperava.
— Melhor nós irmos, nossa ama não pediu tantas pinhas, já é o suficiente — o lobo menor disse olhando para a quantidade de pinhas que eles tinham colhido. Eu fiquei esperando que eles se retirassem logo. Mas só ficaram me olhando e isso já estava ficando irritante.
— Vão logo, e peçam para sua ama deixar meu território em paz — falei ainda irritada, mas eles só riram de mim como se eu tivesse falado algo engraçado. Fiquei esperando eles acabarem com uma cara entediada.
— Não levamos recados, raposinha, e mesmo que fizéssemos isso, ela não iria levar a sério seu pedido... Ela faz oque quer e não vai obedecer uma raposa idiota como você que pensa que é a dona da floresta Moroe — o lobo maior veio se aproximando de mim ameaçadoramente, mas eu não recuei, me mantive firme e continuei com meus pelos eriçados tentando intimida-lo. Ele rosnou me empurrando e eu cair sentada com o susto, eles riram e eu abaixei as orelhas me sentindo pequena e fraca. Depois disso, eles foram embora me deixando pensativa sobre oque tinha acabado de acontecer.
Sempre é assim, eu não consigo intimidar meus inimigos. Mas talvez eu consiga da próxima vez, eu só preciso ir rosnando logo sem avisar feito uma idiota. Não é assim que raposas defendem seu território, Libby. Aprenda a ser mais agressiva e fria quando for falar com um lobo. Eu vou tentar ser mais ignorante.
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A raposa Solitária.
FantasíaLibby, uma raposa que cresceu sem os pais ou qualquer outro membro da sua família para cuidar dela. Teve o desprazer de assistir sua família sendo levada por caçadores, aprendeu a viver sozinha na floresta cuidando de si mesma. Anos depois se tornou...