Assim que chegamos a estação, começamos uma longa caminhada pela cidade grande. Tínhamos um guia que ia nos apresentando todos os pontos turísticos, eu observava desinteressada e quando paramos em frente a um grande monumento, eu fiquei entediada escutando todas as coisas chatas que ele dizia sobre aquilo.
Comecei a vasculhar minha mochila e encontrei o envelope azul que Manske me deu. Eu sorri imaginando oque ele tinha escrito ali, mas era só um pequeno verso e um desenho embaixo coberto por um pedacinho de papel que ele tinha colado ali. A legenda dizia que o coração desenhado embaixo daquele papel só ia ser completado quando eu voltasse, o coração estava pintado de vermelho pela metade.
Sorri mais uma vez olhando pra cima tentando não chorar, depois começamos a andar de novo aguentando todas as baboseiras que aquele homem dizia adorando a sua cidade. A única coisa que achei interessante, foi o lugar que iríamos ficar. Parecia um colégio grande para jovens como nós. Quando entramos, vimos dos dois lados uma área cheia de objetos e coisas grandes de treinamento, tinha muita gente de todos os tipos treinando no momento. Tinha até um lago, duas pessoas estavam tentando se equilibrar em troncos na água enquanto um professor atirava flechas de verdade na direção deles. Com movimentos incríveis ele conseguiam desviar me deixando com inveja. Meu potencial não é tão bom assim... Não sei oque estou fazendo aqui.
— Os quartos de vocês têm tudo que vão precisar durante esses meses, os matérias de treino vão ser entregues no campo de batalha às três horas em ponto, vocês têm trinta minutos para se estalarem em seus quartos. Depois direto pra lá — disse um treinador que se apresentou pra todos nós, ele apontava para uma pequena cabana de madeira parecida com a casa de chá que tinha no castelo. Depois nós seguimos para nossos quartos, fui contando as portas que tinham no corredor. Meu quarto era B1-27, mas já tinha alguém ali, reconheci o rapaz do trem. Ele tentava abrir a porta e eu tive que me meter ali para dizer que não era seu quarto. Tenho certeza que ele cometeu um engano.
— Com licença, moço, este é o meu quarto — falei usando toda a educação que tinha e sorri para ele quando me olhou confuso. Depois checou o número que tinha pendurado na sua chave e olhou para o número na minha porta.
— Oh... Me desculpe, eu confundi — ele sorriu desajeitado e depois foi para B1-28 ao lado. Eu fiquei ali parada observando ele entrar no seu quarto. Só depois percebi que estava parecendo uma tonta.
Entro no meu quarto e me impressiono com a simplicidade. Mas era perfeito, uma cama, um armário, uma mesa com um computador que com certeza nunca vou usar por não saber, uma cômoda. E claro, ao fundo uma portinha que era o pequeno banheiro simples e apertado.
Coloquei a chave sobre a mesa do computador, a mala perto da cama, e minha mochila com minhas coisinhas sobre a cama. Me sentei ali passando a mão no lençol verde escuro e macio, suspirei olhando para o relógio no armário e vi que ainda tinha dez minutos para estar no campo.
Então, para passar o tempo, eu desarrumei minha mala e coloquei todas as roupas dentro do armário. Minhas coisinhas ficaram no compartimento de cima onde tinha remédios e coisas de primeiros socorros. Troquei de roupa colocando uma bermuda não tão curta e uma blusa laranja que combinava comigo. Ter cauda e orelhas as vezes me deixava sentindo falta do que eu era, ainda não dominei minha transformação, mas estava perto de isso acontecer.
Penteio meu cabelo e os deixo soltos, mexo na minha mochila de novo e retiro de lá o envelope azul, dou um beijo nele e coloco guardado na gaveta do computador. Encaro aquela tela escura e vejo que a caixa embaixo da mesa estava com uma luzinha acessa. Eu tinha curiosidade de mexer nesse aparelho, mas já estava atrasada.
Sair do quarto passando a mão no meu cabelo, e por andar distraída, eu esbarro em alguém e logo peço desculpas.
— Tudo bem... Eu que ando distraído as vezes — disse o moço que confundiu seu quarto com o meu. Olho pra ele meio tímida e volto a andar na mesma velocidade caminhando direto para o campo passando primeiro por um gramado macio. Admiro a paisagem do lugar e suspiro feliz jurando a mim mesma que ia dá tudo de mim para conseguir vencer esse desafio.
— Muito bem... Vamos dividir vocês em trios, pra começar teremos o básico. Uma caçada a outra equipe adversária pela floresta, capturem um membro da equipe rival e o tragam para cá, se você for pego, seu trio está fora — eu olhei para os lados vendo se mais alguém ali estava assustado ou nervoso como eu estava, engoli em seco e voltei a encarar o treinador ditando todas as regras. Eu só levei em consideração a que dizia que não poderia matar o adversário ou feri-lo gravemente.
— Trinta segundos para decidirem seus trios — fiquei paralisada e o único que se aproximou de mim foi aquele moço, eu o chamava assim porque ele era mesmo mais velho do que eu.
— Está sozinha? — perguntou ele me fazendo sentir uma solitária, balancei a cabeça concordando e depois abaixei os olhos tímida.
— Essa aqui é Heline Madson, ela é de Moroe também... Só não gosta de estranhos — ele puxou de trás de si uma menina pequena e fina que estava segurando seu braço com insegurança e um pouco de medo. Ela era loira e não tinha o cabelo tão comprido, sorri pra ela tentando ser gentil e fiquei feliz quando ela retribuiu mais tímida que eu.
— Sou Anon Schade... Você é de Moroe também, certo? — olhei pra ele ainda me sentindo tímida demais para responder, mas tinha que passar uma boa impressão, ser educada em primeiro lugar.
— Sim, sou de Moroe e meu nome é Libby — estendi a mão sorrido ele a apertou com firmeza. Depois olhamos para o treinador e ele autorizou o começo da caçada. Os outros começaram a correr para as mesas cheias de todos os tipos de armas pegando quase tudo. Ficamos com oque ninguém quis, mas eu tive sorte de encontrar um pequeno arco e flechas que derrubaram no chão.
— É boa com o arco? — perguntou Anon apertando um cinto com um faca na sua cintura.
— Treinei com todos os tipos de armas, mas sou melhor com o arco — falei arrumando as flechas nas minhas costas e o arco deixei na minha mão esquerda. Foi uma das primeiras coisas que aprendi. Nunca guardar o arco nas costas.
— Então vamos lá — falou ele empolgado indo na frente deixando nós duas para trás. Eu não gostei disso. Então passei na frente e me preparei com o arco agora na mão direita, entrei na floresta olhando para todos os lados já caçando alguém.
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A raposa Solitária.
Viễn tưởngLibby, uma raposa que cresceu sem os pais ou qualquer outro membro da sua família para cuidar dela. Teve o desprazer de assistir sua família sendo levada por caçadores, aprendeu a viver sozinha na floresta cuidando de si mesma. Anos depois se tornou...