Capítulo 3 - Onde está o problema?

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Chegando à garagem do meu prédio, espantei da cabeça aquelas lembranças que estavam me fazendo ter mais raiva ainda do Hugo.

Se havíamos continuado juntos depois daquele terrível período, uma simples crise não poderia nos separar agora. Apesar de todas as brigas e da vontade de sumir de vez em quando, eu ainda amava meu marido. Ele sempre foi meu melhor amigo, aquela pessoa com quem eu podia contar para me divertir, para desabafar, para rir e para chorar.

Subi o elevador determinada a ter uma conversa franca com o Hugo, para tentarmos superar as diferenças que estavam atrapalhando a nossa vida conjugal nos últimos meses e voltarmos a ter harmonia em nosso lar.

Ao entrar em casa, ele estava sentado no sofá com o notebook no colo e a televisão ligada. Ainda estava com a roupa do trabalho, e as meias e os sapatos estavam espalhados pela sala. Nem se deu ao trabalho de virar o pescoço em minha direção.

Minha vontade era de gritar com ele, porque eu já tinha pedido centenas de vezes para ele guardar os sapatos quando entrasse em casa e, pelo menos, trocar de roupa antes de ir para o vício do computador.

Mas, como eu estava determinada a resolver nossos problemas naquela noite, respirei fundo, pensei nas lembranças boas que tinham passado pela minha mente enquanto voltava para casa e falei carinhosamente com ele.

– Oi, Guinho, tudo bem? Eu gostaria de conversar com você.

– Tô terminando um relatório do meu trabalho, mas pode falar – ele continuou sem olhar para mim.

– Você não entendeu. Eu quero conversar com você.

– Quem não entendeu foi você. Eu falei que você pode começar a falar!

Caramba, será que os homens não entendem que é necessário parar de fazer qualquer outra coisa quando queremos conversar com eles?

– Vou tomar um banho primeiro. Depois a gente conversa!

Por um momento, perdi completamente a vontade de tentar uma reaproximação, depois daquela "calorosa" recepção do meu marido. Mas, enquanto tomava banho, fiquei ensaiando na cabeça como deveria conduzir o papo.

Saí do banheiro, fiz um rabo de cavalo no cabelo e vesti um pijama largo, para não tirar a atenção do Hugo da conversa que eu queria ter (apesar de não estarmos bem afetivamente, o apetite dele por sexo não tinha diminuído nem um pouquinho – e eu acabava não resistindo, porque o corpo dele continuava gostoso como sempre) e, depois de me perfumar suavemente, fui tentar novamente chamá-lo para uma conversa.

Ele continuava no sofá, na mesma posição, mas agora com uma lata de cerveja na mão.

– Guinho, você pode me olhar um segundo?

– Que pijama é esse?

– Não importa o que eu tô vestindo. Eu gostaria de conversar com você, mas sem notebook, televisão ou cerveja interferindo.

– Ai, lá vem você de novo com esse papo de DR...

– Pode chamar como quiser, mas você não pode negar que estamos precisando ajustar os ponteiros do nosso casamento.

– NÓS estamos precisando? VOCÊ está precisando, né? Já procurou um terapeuta?

Essa declaração foi demais para continuar mantendo meu equilíbrio.

– Ah, você acha mesmo que só EU preciso de um terapeuta? Pois hoje mesmo conheci um no restaurante, por sinal, bastante interessante! Vou telefonar para ele e marcar um encontro amanhã mesmo!

– Que história é essa de terapeuta interessante, Cristiane? Como assim conheceu um terapeuta no restaurante?

Senti que Hugo ficou com ciúmes, do jeitinho que eu queria. Quem sabe assim ele parava com aquela história de que eu preciso me tratar?

– Ué, se eu vou ter que ir sozinha ao terapeuta, preciso encontrar alguma coisa que me motive a ir, não é mesmo? E nada melhor que o próprio terapeuta ser interessante!

– Ah, para de bobagem, Cristiane! Eu já te dei o cartão da terapeuta da minha mãe, e é com ela que você vai se tratar!

– E eu já falei que não vou me consultar com ela de jeito nenhum! Imagina se vou correr o risco da sua mãe ficar sabendo de tudo que acontece comigo! Ela vai adorar arranjar assunto para fofocar com as amigas! Sem chances!

– Não começa a ofender a minha mãe não! Afinal, o que é que você queria conversar?

– Ah, é só falar na sua mãe, que você já quer mudar de assunto, né? Não tem mais clima nenhum pra conversarmos! Pode voltar pro seu vício aí, que eu vou ler um livro no quarto.

Nos últimos meses era sempre assim que nossas tentativas de conversa terminavam. Discussões, ofensas e, no final, cada um ia para seu lado.

Na hora de dormir, todo dia o Hugo tentava uma "reconciliação", mas eu sabia que o interesse dele era simplesmente descarregar suas frustrações no sexo. Quando eu cedia, até percebia que ele ficava mais relaxado depois, mas para mim não era tão simples assim. Eu continuava pensando, mesmo durante o sexo, na discussão que havíamos tido, e não conseguia aproveitar nada. Muitas vezes eu fingia que chegava ao orgasmo só para acabar logo e tentar dormir.

Porém, naquela noite, ele não me procurou. Nem dormir ao meu lado ele foi. A insônia que eu sempre tinha se acentuou, e fiquei acordada a noite inteira, somente pensando no rumo que meu casamento estava tomando e tentando descobrir em que momento exato a crise havia sido desencadeada.

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E aí, gostaram do capítulo? 

Por que será que nenhum homem gosta de DR?

Será que o Hugo está certo e Cristiane deveria procurar uma terapia?

A sua opinião é muito importante pra mim! Deixem seus comentários, por favor. 😁

Novos capítulos toda quarta e sábado!
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