Capítulo 12 - O pedido de separação

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Girei a maçaneta da minha casa às 21h. Meu trabalho tinha sido bastante produtivo depois do almoço, o que fez minha esperança de entregar o projeto antes do dia 20 se renovar.

Embora estivesse aliviada pelo trabalho, senti um peso sobre mim antes de entrar em casa, pois sabia que ia ver a mesma cena dos últimos dias. Mas eu já havia decidido o que fazer, e tinha que ser naquela noite!

Não tinha ninguém na sala. A cozinha estava escura. Ouvi uma risadinha que parecia vir do quarto da Priscila. Logo aquele peso que eu estava sentindo passou. Ouvir as gargalhadas da minha filha me faz um bem enorme!

Imaginei que minha mãe tivesse levado a Priscila para a minha casa e estivesse lá aproveitando a netinha por mais tempo. Isso atrapalharia um pouco a conversa que eu tinha que ter com o Hugo, mas eu daria um jeito. Estava decidida a resolver a minha vida de uma vez por todas!

Surpreendi-me quando cheguei ao quarto da minha filha e vi que era o Hugo que estava sentado no chão brincando com ela.

Ele deve ter percebido o meu espanto:

– Que cara é essa, Cris? Parece que tá vendo um estranho junto com a nossa filha...

"Depois de tudo que vem acontecendo em nossa vida, você realmente parece um estranho se divertindo desse jeito com a Priscila." – pensei, mas consegui guardar meu pensamento apenas para mim. Uma briga naquele momento atrapalharia meus planos.

Fui correndo para a sala, revirei minha bolsa em busca do meu caderninho e fiz uma anotação.

Hugo veio atrás de mim, sem entender nada.

– Cris, você pode me explicar o que está acontecendo? Primeiro você faz uma cara de quem não me reconheceu, e depois sai correndo pra sala sem dizer nada?

– Eu vou te explicar, mas só depois que a Priscila dormir. Nossa conversa não pode ter interrupções.

– Xiii, lá vem DR...

Não sei se foi apenas curiosidade, mas o Hugo tratou de colocar a Pri na cama rapidinho. Até contou uma historinha pra ela, o que era coisa rara. Aproveitei para tomar um banho relaxante e escolher bem as palavras que eu falaria para o Hugo naquele momento decisivo.

Vesti uma camisola de algodão, me perfumei suavemente, saí do banheiro e encontrei Hugo sentado no sofá da sala, bebendo uma taça de vinho. Outra taça com vinho pela metade descansava sobre a mesa de centro. Peguei-a, bebi um gole, sentei ao seu lado, respirei fundo e comecei a conversa.

– Guinho, o que tenho pra te dizer é bem difícil. Já ensaiei várias vezes na minha cabeça, depois de refletir muito sobre tudo que tá acontecendo entre nós nos últimos meses.

Hugo se remexeu no sofá e mexeu na gola da blusa de malha que estava usando. Senti seu desconforto com minhas palavras. Continuei.

– Você acha que só eu tenho problemas e que eu devia fazer terapia. Eu rejeitei essa ideia desde o início, mas encontrei outra opção, que foi o curso que comecei na terça-feira. Fiquei empolgada com a primeira aula e queria ter contado tudo que aconteceu lá pra você assim que cheguei em casa depois do curso, mas o que encontrei foi um cara irresponsável dormindo em casa, que não conseguiu dar conta de ficar com a própria filha sozinho.

– Peraí, Cris! Também não precisa me xingar! Eu precisava terminar um documento pro meu trabalho! Você quer que eu receba uma promoção ou não?

– Não vamos tocar nesse assunto agora. O fato é que eu achava que podia contar com você pra fazer esse curso sozinha, e já no primeiro dia você provou que não é capaz de me apoiar.

Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora