Capítulo 21 - Novos interesses

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Naquele dia não consegui me concentrar no trabalho. Eram milhares de pensamentos misturados passando pela minha cabeça: pensamentos tristes, pensamentos esperançosos, pensamentos reflexivos, pensamentos duvidosos, tudo ao mesmo tempo.

Só percebi que era hora de almoçar quando meus colegas de trabalho me chamaram para ir a algum restaurante com eles. Eu não estava com nenhuma fome, além de vontade zero de participar de um almoço descontraído com eles, então recusei o convite e continuei na minha mesa, perdida em meus pensamentos.

Quando vi o escritório vazio, por todos já terem saído para almoçar, me forcei a ir para a rua procurar alguma coisa para comer. Caminhei sem destino, olhando pelos vidros dos restaurantes se havia algum com pouca gente. Quando avistei um restaurante com várias mesas para duas pessoas vazias, entrei.

E assim que entrei, congelei. Lá no fundo, depois do buffet com as comidas, havia um casal almoçando e conversando animadamente – pelo menos a mulher parecia animada. Ela tinha cabelos pretos longos e lisos, e consegui perceber o brilho deles mesmo a cinco metros de distância. Usava um batom vermelho, que destacava seus lábios grossos. Seus olhos pareciam dois faróis azuis acesos. Ela era exuberante.

A mulher gesticulava bastante e tocava, o tempo todo, na lateral do braço do homem que estava com ela. Ele não parecia tão animado quanto ela, mas prestava muita atenção a tudo que a moça falava. Também não tinha o mesmo brilho nos olhos que ela; pelo contrário, de sua face saltavam olheiras profundas.

Quando aquela mulher que parecia uma atriz de Hollywood pousou sua mão em cima da mão dele, tive ímpeto de sair correndo até lá e empurrar o rosto de cada um em seus pratos!

Mas corri na direção contrária. Saí tão rápido do restaurante, que esbarrei na moça que ficava na porta e derrubei todas as comandas que estavam em sua mão. Saí correndo por aquela rua de paralelepípedos, querendo encontrar um buraco para me esconder.

Mas o único buraco que me apareceu foi um que estava no chão e me fez virar o pé. Quando eu estava prestes a levar o maior tombo da minha vida, senti um braço forte e musculoso me segurando com firmeza.

Eu estava tão atormentada e, agora, envergonhada, que agradeci de cabeça baixa ao homem que me salvou de me machucar feio. Equilibrei-me, peguei minha bolsa, que tinha caído no chão, ajeitei minha blusa e, quando já estava começando a andar depressa novamente, ouvi:

– Cristiane?

Ao olhar para o rosto do homem que havia acabado de me segurar, percebi quem ele era: Guilherme. Fiquei superenvergonhada por ele ter me visto naquela situação. Primeiro, ele me salva de levar um tombo, depois me vê toda atrapalhada, descabelada, com o rosto queimando de raiva. E, para finalizar, eu nem lhe agradeço direito e me retiro sem olhar para seu rosto. Definitivamente, eu não devia ter me levantado da cama naquele dia!

– Ai, meu Deus! Desculpa, Guilherme, me desculpa!

– Calma, Cristiane, fica calma, vem cá. – Ele passou um braço por trás das minhas costas e colocou uma mão em cada cotovelo meu, me amparando e me deixando mais envergonhada ainda. E propôs:

– Vamos entrar naquele restaurante, pra você lavar seu rosto e se acalmar? Você já almoçou?

Quando vi que ele estava apontando para o restaurante de onde eu tinha saído correndo, dei um berro:

– Não! Naquele restaurante não!

Guilherme se assustou e ergueu os dois braços, como se estivesse se defendendo de alguma coisa.

– Tudo bem, tudo bem... Mas posso te levar a outro restaurante, então?

Eu sentia que meu rosto ia explodir a qualquer momento. Minhas bochechas estavam queimando – de raiva e de vergonha ao mesmo tempo. Eu não tinha outra alternativa a não ser aceitar o convite de Guilherme.

Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora