Capítulo 27 - O pedido de perdão

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Passaram-se mais duas semanas sem nenhuma melhora no quadro da Pri. Eu já tinha perdido a conta de quantas orações por dia eu fazia desde que minha filha se internou naquele hospital. Eu só podia me apegar a Deus naquele momento. Nem minha mãe era mais capaz de me alegrar.

Embora a mágoa que eu estava sentindo pelo Hugo não diminuísse, confesso que ele estava me surpreendendo com suas atitudes. Aquilo que eu achava que era só "fogo de palha" para me impressionar e conseguir meu perdão continuou: todos os dias ele me dava um leve beijo para me acordar, preparava um café da manhã que parecia de hotel, enfeitava a mesa com flores e lavava a louça depois que terminávamos.

Além disso, notei outras atitudes diferentes nele. Ele começou a pedir minha opinião com relação às roupas que vestia – e eu dava de ombros, demonstrando que eu não me importava com aquilo, mas ele não desistia.

Mais surpreendentemente ainda, ele passou a pedir minha opinião com relação a alguns gastos que ele pretendia fazer – algo que nunca fez antes, já que sempre falou que ele era o único que tratava o dinheiro com seriedade naquela casa, e eu gastava demais com supérfluos. Ele realmente passou por cima do próprio orgulho para ter essa atitude.

Outra novidade foi que, além de continuar me pedindo perdão todos os dias – e eu negar –, Hugo passou a dizer que tinha muita gratidão por eu permitir que ele continuasse morando junto comigo e por todas as alegrias que eu sempre dei a ele.

Prestes a completar um mês em que a Priscila estava internada, numa sexta-feira, meu celular tocou:

– Olá, Cristiane, tudo bem? É Amanda, esposa do Carlos Queiroz.

"Ai, só me faltava essa. Agora vou ter que explicar pra 'tia' por que estou faltando às aulas." – pensei, mas tentei disfarçar minha falta de vontade de dar explicações.

– Ah, oi, Amanda, tudo bem?

– Comigo está tudo bem, mas eu soube que você tá passando por uma fase difícil. Gostaria de prestar nossa solidariedade e dizer que eu e Carlos estamos à disposição pra ajudar no que for necessário.

– Ah, obrigada pela gentileza. Mas... como vocês souberam?

– O Hugo, seu marido, esteve em nosso escritório. Ele tá bastante mudado, não?

– Tá? Não percebi não... – eu ainda guardava muita mágoa e raiva dele no meu coração.

– Ele parece uma pessoa diferente daquela que veio assistir àquela aula do curso quando você não pôde vir. Pediu as folhas das últimas aulas, nos contou que já leu e releu a apostila várias vezes e tá tentando aplicar os ensinamentos em casa, com você. E eu senti sinceridade nas palavras dele, viu?

Fiquei desconcertada. Não sabia se sentia raiva do Hugo, por estar tentando manipular a Amanda e o Carlos, ou se devia acreditar naquilo tudo e dar um crédito a ele. Amanda continuou:

– Bem, mas não vou tomar mais o seu tempo. Volto a dizer que eu e Carlos estamos à disposição pra qualquer ajuda que for necessária. Espero, de coração, que sua filhinha se recupere logo e que vocês três tenham, finalmente, a alegria familiar que merecem!

– Obrigada, Amanda. Agradeça ao Carlos também, por favor.

– Nosso curso vai terminar na próxima terça e faremos um coquetel de encerramento. Gostaria muito que você pudesse comparecer.

– Ah, obrigada. Mas eu só poderia ir se um milagre acontecesse...

No dia seguinte, depois de acordar, senti um aroma diferente, suave, quando me encaminhava para a sala para tomar o café da manhã. Em vez de apenas um jarro com flores em cima da mesa da sala, havia flores por toda a casa. Parecia que o Hugo tinha comprado a floricultura inteira!

Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora