Capítulo 22 - "Quero te encontrar de novo"

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Acordei sobressaltada na terça-feira com o alarme do meu celular. Só então percebi que adormeci sem nem tirar a toalha da minha cabeça. Meu cabelo ainda tinha algumas partes úmidas. Tive que lavá-lo de novo, para não ficar com cheiro de mofo – eca!

Depois do banho, preparei meu café da manhã, com uma sensação estranha de ter a casa só para mim. Não tinha barulho de criança, não tinha roupa do Hugo espalhada pela casa...

Enquanto tomava café, fui me atualizar nas redes sociais. Vi que o WhatsApp tinha 5 mensagens, sendo uma do Hugo. Fiquei olhando para a tela do celular sem saber ao certo se eu queria mesmo ler a mensagem dele.

Apesar de ter adormecido com a cabeça cheia de pensamentos confusos, eu dormi bem e me sentia renovada. Não queria correr o risco de estragar meu início de dia com alguma mensagem desaforada do Hugo.

Ao mesmo tempo, eu tinha uma pontinha de esperança de que ele poderia estar arrependido e pedindo para voltar para casa. Quando imaginei isso, percebi que o amor que sentia por ele não iria cessar de uma hora para a outra mesmo.

Mas imediatamente me lembrei da cena do Hugo almoçando com outra mulher no restaurante, no dia anterior. Senti a raiva crescendo dentro de mim e toquei no nome dele, disposta a escrever todos os desaforos que ele merecia ler.

"Cris, precisamos conversar. Posso passar aí amanhã à noite?" – dizia a mensagem, escrita na segunda-feira à noite.

Por que os homens precisam ser tão secos assim? "Precisamos conversar"... Conversar sobre o quê? Ele devia estar querendo só buscar o restante das coisas dele, isso sim. Mas, com a raiva que eu estava dele, naquele momento, eu não ia facilitar sua vida!

"Tenho um compromisso toda terça à noite, esqueceu?" – respondi.

Só depois que toquei em "enviar" é que fui me dar conta de que o compromisso que eu tinha toda terça era o curso – e que eu tinha decidido que não ia mais participar. E o Hugo ia me achar uma louca de continuar indo ao curso estando separada dele.

Mas eu não estava nem um pouco a fim de dar satisfações para ele. Se quisesse me achar louca, que achasse. O que eu queria era só atrapalhar os planos dele de ir buscar suas coisas na minha casa.

As outras mensagens vinham de um grupo que Selma e Vitória haviam criado e me incluído. Elas falavam que queriam saber como eu estava. Enquanto Vitória perguntava se eu e Hugo estávamos bem, Selma perguntava se eu já tinha dado um "chega pra lá" nele.

"O Hugo foi embora de casa no domingo, meninas. Acho que ainda não caiu a ficha. Não sei ainda se fico feliz ou triste com isso. E hj ainda tenho que decidir se continuo ou não naquele curso de casais." – escrevi.

A resposta da Selma veio logo em seguida: "Tá em dúvida pq, menina? Em vez de ir pro curso, vamos sair hj à noite pra comemorar sua liberdade!"

Liberdade. Aquela palavra me soou estranha. Será que eu queria mesmo essa tal liberdade? Eu nunca tinha pensado nisso, afinal, antes dessa crise dos 7 anos, eu nunca tinha pensado na possibilidade de voltar a viver sozinha. Se bem que eu não viveria sozinha, já que teria a Priscila comigo pelo menos até ela se casar.

E se eu teria minha filha comigo o tempo todo, eu não teria essa liberdade de fazer o que quisesse na hora em que eu bem entendesse – que era a liberdade a que Selma estava se referindo.

"Se eu não for pro curso, eu vou é voltar pra casa pra ficar com a minha filha, Selma..." – respondi, com um pouco de melancolia – não sei se por constatar que eu não estava completamente livre ou se eu preferia continuar presa ao Hugo.

Vitória apareceu na conversa: "Ai, Selma, não confunde mais a Krika! Essa separação tá muito recente ainda. Quem sabe o Hugo só saiu de casa por alguns dias, pra conseguir refletir sobre o casamento, e logo logo vai estar de volta?"

"Ele me mandou uma mensagem pedindo pra vir aqui em casa hj à noite, pois precisamos conversar. Mas ele deve estar querendo só pegar o restante das coisas dele e ir embora de vez, isso sim!" – escrevi, e completei: "Bom, meninas, obrigada pela preocupação e atenção de vcs, mas agora preciso ir trabalhar. Depois eu conto o que resolvi. Bjs!"

Desliguei as notificações do aplicativo e fui terminar de me arrumar para ir trabalhar.

Meu dia de trabalho foi preocupante. Aquele meu projeto tinha terminado e ainda não havia aparecido nenhum outro para eu coordenar. Meu gerente disse que estava dependendo da resposta de dois clientes para dar início aos novos projetos em que ele me alocaria. O detalhe era que, se nenhum dos dois clientes fechasse, meu gerente não teria outros projetos para me alocar e, consequentemente, eu estava correndo o risco de ser demitida.

Eu devia estar passando por algum período de inferno astral! Era muita coisa ruim acontecendo ao mesmo tempo! Quando será que eu teria algum motivo para sorrir novamente, meu Deus?

Almocei sozinha, para pensar o que fazer da minha vida. Mas uma hora era pouco para decidir uma vida inteira pela frente. Continuei confusa com meus pensamentos.

Voltando para o trabalho após o almoço, encontrei um motivo para dar um sorriso: esbarrei com Guilherme em meio àquela multidão que andava acelerada no Centro da Cidade.

– Cristiane? Nossa, será que agora só vamos nos encontrar nos esbarrando ou caindo por aí? – Guilherme falou isso e começou a rir.

Não resisti àquele sorriso lindo e sorri de volta.

– Ai, me desculpa, Guilherme! Sou uma estabanada mesmo! Tava tão distraída com meus pensamentos, que nem te vi!

– Ah, deixa disso, sem problemas! E aí, já decidiu se vamos nos encontrar hoje à noite?

Fiquei encantada com a forma como ele perguntou se eu iria ao curso. Imediatamente fiquei com vontade de passar mais tempo perto do Guilherme.

– Eu não tinha me decidido até agora, mas acabei de resolver que quero te encontrar de novo sim!

Aquelas palavras saíram da minha boca de repente, sem que eu conseguisse pensar no que estava falando. As bochechas de Guilherme coraram levemente. Acho que pensou que eu estava passando uma cantada nele. E acho que eu estava mesmo! Que vergonha! Tentei remediar, mas acho que piorei ainda mais a minha situação.

– Quer dizer, pensei bem no motivo que você deu pra continuar fazendo o curso e acho que eu devo tentar fazer o mesmo. Vai ser bom me preparar junto com você pra um possível relacionamento novo. Quem sabe nós não conseguimos voltar a ser felizes mais cedo do que imaginamos, né?

Agora o rosto do Guilherme estava vermelho. E o meu devia estar também, porque me senti extremamente envergonhada pelo que eu tinha acabado de falar. Como eu estava me atrapalhando cada vez mais, resolvi cortar o papo.

– Bom, mais tarde a gente se vê, né? Tchau!

Saí andando rápido, sem nem olhar para trás. Eu não acreditava nas palavras que tinham saído da minha boca naquele momento. O que tinha dado em mim?

Ao chegar à minha mesa de trabalho, olhei meu WhatsApp. O Hugo tinha me mandado algumas mensagens:

"Você vai ao curso hoje? Puxa, eu queria conversar com vc... Acho que agi de cabeça quente no domingo. Tô sentindo sua falta..."

"Por favor, me dá mais uma chance. Vamos conversar hj à noite."

"Cris, me responda, por favor! Já te liguei algumas vezes e você tb não me atende..."

Só então percebi que meu celular estava no modo silencioso e eu não tinha percebido que havia ligações perdidas.

Fiquei perdida. Eu realmente não sabia o que fazer, o que sentir, o que responder.

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O que você faria, se estivesse no lugar da Cristiane? Me conta nos comentários!

Novos capítulos toda quarta e sábado!

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