Capítulo 1 - Crise dos 7 anos

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Como já tinha virado costume nos últimos meses, antes de sair para trabalhar eu e Hugo tivemos uma discussão. Ele bateu a porta de casa esbravejando, enquanto eu ia para o banheiro me limpar e trocar de roupa.

Eu já estava cansada daquela situação. Ao invés de começar o dia com aquela sensação de renovação, de mais uma oportunidade para ser feliz, o Hugo sempre dava um jeito de me irritar logo cedo.

Cheguei de mau humor no trabalho, mas logo lembrei que ia almoçar com a Vitória e me animei um pouco, já que poderia desabafar com ela. A manhã ficou curta com a pilha de trabalho que eu tinha para fazer e a ansiedade de conversar com Vitória, e no horário marcado nos encontramos no restaurante de sempre. O local era silencioso e aconchegante – próprio para conversarmos com privacidade e descontração.

– Ai, Vitória, você não sabe o que o grosso do Hugo fez dessa vez! Acredita que ele levantou da mesa com tanta brutalidade, que minha xícara de café virou e derramou tudo em cima de mim?

– Caramba, que ogro, Krika! Por que ele fez isso?

– Só porque viu a bolsa nova que comprei ontem! Ficou falando que já tenho milhares de bolsas e que eu fico gastando dinheiro que nem tenho com bobagens!

– Ai, esses homens não conseguem nos compreender mesmo...

– E o pior você não sabe! Ele ficou falando que EU preciso me tratar!

Nessa hora me exaltei, e o restaurante inteiro olhou para mim. Senti meu rosto queimando, com uma mistura de vergonha e raiva. Que droga, o Hugo não só conseguiu fazer meu dia começar ruim, como também me fez perder o controle na frente de um monte de desconhecidos!

Enquanto eu continuava a contar para Vitória sobre nossas últimas discussões, reparei que o homem da mesa ao lado, que tinha sido o primeiro a me olhar quando falei mais alto, continuava prestando atenção em nosso papo. Tive vontade de ir lá tirar satisfações, mas definitivamente não seria um bom momento para isso.

Vitória precisou sair antes de mim do restaurante, pois teria uma reunião no trabalho, e eu continuei lá, terminando de comer minha sobremesa.

Quando eu estava prestes a levantar, o homem da mesa ao lado começou a caminhar em minha direção, olhando para mim.

"Ah, não, só me faltava essa. Será que ele tá vindo me dar lição de moral por eu ter gritado num local público?" – pensei. "Hum, ou será que ele ficou interessado em mim?"

Apesar de ter sentido uma sensação boa ao imaginar que outro homem poderia se sentir atraído por mim, não estava com cabeça para isso naquele momento, então virei para pegar minha bolsa e ir embora.

Mas antes que eu conseguisse me levantar, o homem apareceu de pé ao meu lado. Com a proximidade, pude sentir o perfume suave e agradável que ele usava.

– Boa tarde. Desculpa a minha intromissão, mas eu não pude evitar ouvir o papo entre você e sua amiga.

– Mas que ousadia! – não consegui ficar calada diante daquela declaração.

– Peço desculpas novamente, mas eu percebi que o relacionamento com seu marido não anda muito bem, e eu acho que posso te ajudar. Toma, fica com isso e, quando quiser, é só me ligar.

Sem saber o que pensar ou como agir, acabei aceitando o cartão que ele me ofereceu enquanto me lançava um olhar que não consegui identificar se era de interesse ou de piedade.

Olhei para o cartão:

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Quer ser feliz para sempre? Separe-se!

Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora