Capítulo 2 - Desconfianças e acusações

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Desde que eu e Hugo completamos três anos de casados, eu já tinha aflorado meu desejo de ser mãe, mas ele achava que ainda tínhamos que aproveitar mais tempo juntos, sem uma criança para atrapalhar.

Isso sempre era motivo de discussão, pois eu não aceitava que ele se referisse assim a uma criança que seria fruto do nosso amor. Como é que um filho desejado por nós poderia atrapalhar?

O problema era que só eu tinha esse desejo. Ele já havia tido um outro relacionamento que terminou logo depois que eles tiveram um filho, e isso o deixou traumatizado.

Como eu tinha medo de que ele reagisse da mesma forma comigo quando tivéssemos nosso bebê, eu acabava adiando mais e mais esse assunto.

Mas, conforme o tempo passava, minha vontade de ser mãe só aumentava, ainda mais quando eu via casais passeando com seus bebês na rua. Eu ficava só imaginando nós dois indo à praça perto de nossa casa todo fim de semana, passeando com nosso bebê no colo, levando-o para tomar sol e brincar com os amiguinhos que faria por ali.

Já não conversávamos sobre o assunto havia alguns meses quando completamos cinco anos de casados.

A comemoração foi em grande estilo, na suíte presidencial de um dos motéis mais caros da cidade. Fiz uma surpresa para o Hugo: contratei uma empresa que enfeitava o quarto todo com o tema escolhido e pedi para colocarem vários balões em forma de coração em todos os ambientes da suíte, além de algumas fadinhas penduradas pelo quarto.

Também distribuíram pétalas de rosas vermelhas em cima da cama e sobre a água da piscina privativa. Uma garrafa de champanhe nos esperava em cima de uma mesa redonda de vidro, com uma caixa de bombons finos ao lado. Um aroma suave de baunilha enchia a suíte com um clima romântico, e uma faixa linda de "Parabéns pelos 5 anos de casamento!" nos recebia.

Quando chegamos lá e Hugo viu cada detalhe, as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto. Foi a primeira vez em que o vi chorar – e já comecei a me sentir poderosa naquele momento, por conseguir aflorar em meu marido aquela emoção tão forte.

Ouso dizer que aquele foi o dia mais especial de nosso casamento, pois nos entregamos de corpo e alma ao nosso amor, com uma paixão avassaladora – tão avassaladora, que sequer nos lembramos de usar preservativos. Sim, no plural, pois fizemos amor várias vezes naquela suíte, aproveitando cada lugarzinho dela.

Naquele dia me senti a mulher mais importante do mundo! Consegui arrancar não só lágrimas de meu marido, mas também juras de amor eterno e libertação da neura que ele tinha sempre que fazíamos amor: como eu não tomava anticoncepcional, ele não começava nenhuma relação antes de colocar o preservativo. Dizia que não podíamos correr o risco de engravidar tão cedo. Mas, naquele dia, não ouvi a palavra "camisinha" sair nenhuma vez de sua boca.

Bem, depois eu descobri que ele não tinha se libertado mesmo daquela atitude, que voltou a acontecer quando retornamos à nossa rotina normal. Mas eu me prendi no fato de que ele estava em processo de libertação, já que nem sequer lembrou que não usamos preservativos no dia da nossa comemoração.

Só fui reparar que minha menstruação estava atrasada duas semanas depois do dia em que deveria ter vindo. Logo me lembrei da nossa comemoração de cinco anos e uma satisfação enorme tomou conta de mim. Eu tinha certeza de que estava grávida, e nosso bebê tinha sido fruto do maior amor que já tínhamos vivido em nosso relacionamento.

Pensei em fazer outra surpresa para o Hugo, certa de que teríamos outra noite tão espetacular quanto aquela. Quando saí do trabalho, passei em uma farmácia e comprei um teste de gravidez e um pacotinho de fraldas.

Dirigi ansiosa para casa, pensando em como dar aquela notícia tão maravilhosa para meu marido. Sabia que ele sempre tinha sido contra a ideia de termos um bebê, mas agora já estávamos casados há cinco anos, já tínhamos aproveitado muito juntos, com viagens, jantares românticos em restaurantes chiques, muitas saídas com amigos. Provavelmente ele já estava preparado para ser papai.

Dei sorte quando abri a porta de casa e vi que Hugo ainda não tinha chegado do trabalho. Eu ainda teria o tempo necessário para fazer a surpresa.

Corri para o banheiro e fiz o teste. Os minutos que precisei esperar para ter o resultado pareciam uma eternidade. Mas, enfim, tive a constatação: eu realmente estava grávida!

Depois de chorar muito de emoção e felicidade, abri o pacote de fraldas, peguei uma caneta de CD e escrevi na frente de uma fraldinha: "Esta é a primeira de muitas fraldas que você ainda vai ver na sua frente. Já te amo muito, papai!".

Na parte traseira da fralda, escrevi: "Nossa comemoração de 5 anos ficará gravada para sempre em nossos corações! Obrigada por me dar o melhor presente que uma mulher poderia ganhar! Sua eterna Cris".

No caminho para casa, eu havia comprado também uma garrafa de espumante sem álcool, que coloquei junto a duas taças e à fraldinha em cima da mesa da sala.

Tomei um banho, passei o perfume preferido de Hugo e vesti uma roupa sensual, imaginando que a noite seria maravilhosa – e sem a necessidade da neura do preservativo – após o Hugo receber a melhor notícia da nossa vida.

Quando ouvi o barulho da chave na porta, fiquei parada na frente da mesa, escondendo a surpresa, e abri um sorrisão para Hugo.

Ele me lançou um olhar de desejo penetrante ao me ver com aquela roupa e começou a me agarrar e beijar, enquanto já tirava a própria roupa.

– Calma, garotão... Tenho uma surpresinha pra você antes de irmos pro quarto! – tentei contê-lo.

– Você me mostra lá no quarto. Vamos logo, que tô louco por você!

Saí da frente da mesa, e ele viu a garrafa de espumante, mas não reparou na fraldinha.

– Ah, Cris, a gente brinda depois. Agora eu só quero ter você em minhas mãos, roçando no meu corpo! – ele insistiu.

– Tem outra coisinha do lado do espumante, você não viu? – abri um sorriso ansioso por ver a expressão do rosto do meu marido quando ele visse a fraldinha.

Meu sorriso foi se desfazendo aos poucos ao perceber que Hugo ficou estático, sem expressão. Ficou paralisado, enquanto seus olhos se mexiam de um lado para o outro rapidamente, lendo e relendo aquela frase diversas vezes.

Aquele silêncio do Hugo estava me deixando confusa, sem saber se ele estava paralisado de emoção, de alegria, de tristeza, de surpresa ou de qualquer outro sentimento.

– E então, gostou da surpresa, Guinho? – arrisquei um novo sorriso.

– Se gostei da surpresa? Como você tem coragem de me perguntar isso? Que surpresa é essa? Como assim "papai"? Como você pode estar grávida se a primeira coisa que eu sempre faço é colocar a camisinha?

Antes que eu pudesse refrescar sua memória, falando sobre o dia da comemoração de cinco anos, ele foi para o quarto esbravejando.

– Se você tá grávida, é de outro homem! Desde quando você tá me traindo? Quem é ele? O seu chefe? Bem que eu sempre disse que aquele cafajeste vivia dando em cima de você!

– Calma, Guinho, deixa eu explicar...

– Explicar o quê? Desde quando traição tem alguma explicação?

– Eu não te traí, Hugo!

– Hugo? Tá vendo só? Nem me lembro quando foi a última vez que você me chamou pelo nome! Tem outro na área, né?

– Você tá louco, Guinho! Quem tem motivos pra desconfiar de você sou eu, já que você vive almoçando com aquela sua coleguinha de trabalho! Eu não te traí, e esse bebê é seu!

– Eu sempre disse que não queria bebê nenhum pra atrapalhar o nosso casamento! Ele não é meu!

Hugo saiu batendo firme os pés no chão, foi para o banheiro e bateu a porta, se trancando. Não tive forças para ir atrás e me joguei na cama, me acabando de chorar e vendo meu mundo desmoronar.

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