Na segunda-feira, liguei para Vitória assim que cheguei ao trabalho e convidei-a para almoçar. Precisava conversar com uma amiga sobre tudo que havia acontecido no final de semana.
Vitória já tinha outro compromisso, então liguei para Carmem, uma amiga da época da escola. Eu não me encontrava com ela tanto quanto com Vitória, mas também gostava muito de sua companhia. Carmem tinha uma família exemplar e parecia viver em um conto de fadas. Acho que nunca a vi reclamando de uma coisa sequer com relação ao marido.
Às vezes eu achava que Carmem contava algumas mentirinhas só para manter a fama de família perfeita. Mas, se eram mentiras, ela era ótima atriz, pois passava uma confiança incrível quando falava de seu relacionamento, além de um brilho nos olhos que nunca vi em outra mulher.
Fomos ao restaurante que Carmem sugeriu. Eu nem estava me importando com o local ou o sabor da comida. Na verdade, nem com fome eu estava. Só queria mesmo desabafar e pedir a opinião de uma amiga sobre fazer ou não o tal curso do Carlos e da Amanda.
Pegamos nossa comida e nos sentamos em uma mesa para duas pessoas. Eu não queria correr o risco de algum desconhecido sentar conosco.
– E então, Krika, você me disse pelo telefone que estava precisando de uma opinião importante. Fiquei feliz por me chamar para essa missão! – Carmem iniciou o papo.
Carmem tinha um senso de humor que me agradava. Não era daquele tipo que faz piada com tudo e com todos, e sabia identificar o momento certo para fazer uma pessoa rir.
– É, acho que podemos até dar um nome pra essa missão. Que tal "Missão resolva-se ou separe-se"? – respondi, rindo.
– Hum, já vi que você e o Hugo não estão muito bem, né?
– Pois é, as coisas estão só piorando entre nós. Te falei outro dia que estava passando pela famosa crise dos 7 anos, lembra?
Carmem terminou de mastigar a comida que estava na boca, pousou o garfo e a faca no prato e olhou bem nos meus olhos.
– Lembro, mas você também deve lembrar que eu falei que essa história é lenda, né? Casais podem se desentender a qualquer momento do casamento, assim como têm condições de superar essas crises juntos, se acreditarem que vale a pena lutar pelo amor que os uniu.
– É, Carmem, pra você, que tirou a sorte grande com um marido perfeito, é fácil falar.
Assim que acabei de falar, senti que não tinha escolhido bem as palavras. Antes que Carmem pudesse rebater, continuei.
– Ou melhor, eu sei que isso não é uma questão de sorte, você também já me falou isso. Mas é tão difícil pensar assim quando eu vejo que o Hugo é um ogro que não me entende...
Carmem não falou nada. Ficou me olhando, aguardando que eu continuasse. Esta era outra qualidade dela: sabia ouvir um desabafo dando o espaço necessário para a pessoa falar tudo que precisasse.
– Mas deixa eu te contar logo o que aconteceu na última semana, pra você me dar sua opinião.
Contei a Carmem sobre o dia em que Carlos Queiroz me deu o cartão, sobre as últimas brigas com o Hugo e o encontro com Carlos e Amanda no sábado.
– Eu até pensei em você enquanto almoçava com eles no clube. Eles pareciam ter uma família tão feliz quanto a sua! – continuei.
– Ah, que bom, Krika! E então, você já telefonou pra ele, marcando um dia para conhecer melhor o curso?
– Não sei se devo mesmo levar isso adiante. O Hugo vive dizendo que eu tenho que fazer terapia, mas eu acho que não preciso de nada disso. Nós dois é que temos que sentar e conversar como dois adultos, pra resolver nossos problemas sozinhos.
– E o Carlos e a Amanda são terapeutas?
– É aí que está minha desconfiança. Eles têm outro tipo de formação nada a ver com psicologia, e hoje trabalham apenas como educadores conjugais. Disseram que a experiência pessoal de 15 anos de casamento e o aconselhamento de outros casais por tantos anos fizeram com que eles tivessem condições de criar esse curso. Mas como é que eu vou confiar em pessoas que nem tiveram uma formação adequada pra isso?
Carmem pensou por alguns segundos, antes de me responder lançando outra pergunta.
– Krika, você confiaria em um pediatra que não tem filhos ou em um endocrinologista obeso?
A princípio, não entendi o que aquela pergunta tinha a ver com o assunto, mas depois compreendi aonde Carmem queria chegar.
Assim que cheguei de volta ao trabalho, peguei o cartão e telefonei para Carlos.
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E aí, gostaram do capítulo?O que vocês acham? É necessário ser formado em psicologia pra ajudar casais a melhorarem o relacionamento?
A sua opinião é muito importante pra mim! Deixem seus comentários, por favor. 😁
Novos capítulos toda quarta e sábado!
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Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)
Roman d'amourCristiane e Hugo estão passando pela famosa crise dos 7 anos e, embora tenham conseguido superar outra crise há dois anos (quando Cristiane ficou grávida de Priscila), dessa vez a única solução que eles veem é a separação. Para Hugo, o problema todo...