Capítulo 23 - Morrer muda tudo

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Quando entrei na sala de aula, meus olhos logo se cruzaram com os do Guilherme, que deu um sorriso encantador, acenou para mim e fez um gesto para eu me sentar ao seu lado.

Baixei os olhos, envergonhada. Rapidamente pensei que poderia ser melhor sentar ao lado dele, pois se eu ficasse de frente, como das outras vezes, não ia conseguir me concentrar na aula, pois ficaria admirando sua beleza.

– Achei que você ia acabar não vindo, sabia? – Guilherme comentou logo depois que me sentei ao seu lado.

– Eu quase não vim mesmo. O Hugo pediu muito pra conversar comigo ainda hoje. Parece que tá arrependido de ter ido embora...

– Você não parece feliz com essa notícia.

– Ai, Guilherme, sinceramente, eu não sei o que tô sentindo. Não sei se devo continuar tentando viver bem ao lado de alguém que acha que só eu tenho problemas que têm que ser resolvidos.

– Mas se ele tá arrependido, você pode tirar proveito dessa situação...

– Como assim?

– Se você estiver disposta a tentar mais uma vez, você pode estabelecer as suas condições pro Hugo voltar pra você. Uma delas pode ser que ele tem que admitir seus próprios erros e também correr atrás de melhorar as atitudes dele.

– Parece uma boa ideia. Posso dizer que só vou aceitar que ele volte se ele vier fazer o curso junto comigo!

– Hum, não sei se essa seria uma boa estratégia, Cristiane. Se ele fizer o curso forçado, o resultado pode não ser favorável a você.

Logo depois os professores entraram na sala e deram início à aula. Somente o casal de noivos não havia ido naquele dia. A aula foi sobre como resolver problemas sem brigar, como a Amanda tinha me falado no dia anterior. Comecei a ouvir o que eles tinham a dizer com bastante descrença, pois eu não me lembrava de nenhuma vez em que eu e Hugo tivéssemos resolvido algum problema sem acabarmos brigando.

Carlos perguntou aos alunos quanto tempo de diálogo diário cada um tinha com seu cônjuge. Todos estranharam aquela pergunta, pois ninguém conseguia conversar todo santo dia com o marido ou a esposa.

Eu nem lembrava qual tinha sido a última vez em que havia tido algo que pudesse ser chamado de diálogo com o Hugo. Nos últimos tempos era só discussão atrás de discussão.

Depois que todos deram suas respostas – a maioria disse que só conversava algum tempo com o cônjuge nos finais de semana, mas mesmo assim, bem pouco –, eu comentei que os únicos que responderiam diferente seriam Leandro e Caroline, o casal de noivos.

Carlos e Amanda se olharam com uma expressão de tristeza, e Carlos informou para a turma:

– Aconteceu algo muito triste com eles, pessoal. Na verdade, algo trágico.

Todos se remexeram na cadeira e aguardaram que Carlos continuasse. Fiquei apreensiva.

– A Caroline nos enviou um e-mail contando que, no domingo passado, após uns primos do Leandro terem se hospedado na casa dele, o Leandro foi levá-los de volta pra casa, em Petrópolis. Em certa altura da serra, eles viram um carro batido, com um início de incêndio. O Leandro parou o carro a uma distância segura e foi ver se podia ajudar de alguma forma. Os primos dele viram que ele começou a tentar tirar o motorista de dentro do carro batido, e eles trataram de tirar o extintor do carro do Leandro, pra apagar o início de incêndio do outro carro. Enquanto eles estavam de cabeça baixa pegando o extintor, ouviram um barulho alto e se levantaram pra ver o que tinha acontecido. Um caminhão que descia a serra em alta velocidade acertou o carro que estava batido – e pegou o Leandro em cheio...

Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora