Durante o resto da semana, fiquei refletindo se deveria fazer o curso ou não. Se fizesse, teria que ir sozinha, já que o Hugo estava irredutível. Eu estava em dúvida se isso daria algum resultado.
Além disso, se eu me matriculasse, teria que ficar mais tempo ainda longe da Priscila, além de ter que contar com o Hugo para ficar sozinho com ela nos dias de curso.
No final das contas, resolvi fazer minha matrícula. Afinal, eu e Hugo não estávamos conseguindo nos resolver sozinhos, e eu não gostava da ideia de fazer terapia sozinha. O curso, eu teria que fazer sozinha também, mas pelo menos me sentiria mais normal no meio de outros casais com problemas semelhantes aos nossos.
Eu sabia que teria um desafio enorme pela frente: o de passar para o Hugo tudo que eu iria aprender no curso e convencê-lo a fazer, ao menos, os exercícios junto comigo. Mas estava disposta a tentar, pois achava que nosso casamento ainda tinha jeito e podia ter um final feliz, como eu sempre sonhei.
Optei por entrar em uma turma que teria aulas toda terça-feira à noite. O Hugo não gostou nada da ideia, ainda insistiu para eu fazer terapia em vez de me matricular nesse curso, mas bati o pé e ele teve que aceitar ficar com nossa filha nos dias de curso. De todo modo, deixei minha mãe avisada, para ela ficar com a Pri quando o Hugo não pudesse.
Quando contei para a minha mãe que entraria nesse curso, ela me deu um grande apoio. Falou que já tinha percebido que meu relacionamento com Hugo não ia muito bem, mas não quis comentar nada para não se meter em nossa vida. Fiquei aliviada por poder desabafar com ela se fosse necessário.
No primeiro dia de aula, fiquei um pouco tensa, sem saber muito bem o que encontraria pela frente. Será que haveria outras mulheres sozinhas ou todos os outros alunos seriam casais? Será que o Hugo pegaria a Priscila no horário certo? Será que daria o jantar dela direitinho? Será que brincaria com ela ou a deixaria largada num canto para ficar trabalhando em casa?
Depois de ligar para a minha mãe e me certificar de que o Hugo já tinha buscado a Priscila, entrei na sala de aula.
Logo senti aquele suave aroma de jasmim, que me levou a um estado de relaxamento. As cadeiras estavam dispostas em formato de U, como no dia em que fui conhecer o curso.
Vi três casais e duas mulheres já sentados na sala. Cumprimentei-os e sentei ao lado de uma das mulheres, observando tudo à minha volta.
Uma das mulheres que estavam sozinhas parecia bem mais nova que o restante do grupo. Fiquei tentando imaginar por que ela estaria ali. Seria um daqueles casos de casais que começaram a namorar aos 12 ou 13 anos e se casaram cedo, imaturos, gerando um casamento cheio de brigas?
Logo depois chegou um rapaz que também aparentava ser bem novo e se sentou ao lado da moça, dando um leve beijo em sua boca. Quando os dois entrelaçaram suas mãos, reparei que usavam uma aliança na mão direita. Fiquei, então, curiosa para saber como eles tinham conhecido o curso e por que haviam resolvido se matricular, se nem casados eram ainda.
O rapaz olhou para mim e, envergonhada, voltei meus olhos para o material que estava à minha frente. Havia um estojo com lápis, borracha, apontador e caneta, além de um fichário.
Como eu estava curiosa com relação ao conteúdo do curso e, principalmente, ao seu título, abri o fichário no intuito de descobrir, afinal, o porquê daquele "separe-se".
Fiquei ainda mais curiosa. O fichário só tinha duas folhas: a capa, com o título do curso e o nome de Carlos e Amanda, e uma página explicando que a apostila seria formada no decorrer do curso, com as folhas que seriam distribuídas a cada aula.
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Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)
RomanceCristiane e Hugo estão passando pela famosa crise dos 7 anos e, embora tenham conseguido superar outra crise há dois anos (quando Cristiane ficou grávida de Priscila), dessa vez a única solução que eles veem é a separação. Para Hugo, o problema todo...