Capítulo 5 - Uma ponta de esperança

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Após relembrar algumas passagens de nossa vida, não consegui chegar a uma causa para essa crise atual. Seria a falta de sexo? Seriam as birras da Priscila? Seria a aproximação de Hugo com Miguel? Ou seria o dinheiro?

Será que realmente precisávamos pedir uma ajuda profissional para melhorar nosso relacionamento? Ou será que não tinha mais jeito e devíamos nos separar?

Uma estranha coceira na minha canela desviou minha atenção, bem em cima da minha tatuagem. Lembrei que já tinha sentido coceira naquele mesmo local outras vezes, mas não dei muita bola e acabei embarcando no sono.

Após dormir no máximo durante três horas, acordei com uma terrível dor de cabeça. Levantei-me ainda zonza e fui direto ao quarto da Priscila. Quando não a vi na caminha, fiquei assustada, mas logo lembrei que ela havia dormido na casa da minha mãe.

Apesar da forte dor que estava sentindo, abri um sorriso ao pensar na felicidade que a Pri fica quando dorme na casa da avó – que faz tudo para agradar a netinha e se sente totalmente satisfeita com isso.

Meu sorriso não durou muito, pois essa lembrança trouxe outra: a do Hugo reclamando que minha mãe faz todas as vontades da Priscila, e é ela que está estragando nossa filha, tornando-a mimada e birrenta.

Lembrei-me, então, que minha dor de cabeça se devia ao fato de eu ter passado a noite inteira ruminando pensamentos sobre nosso casamento em vez de dormir, e fui procurar Hugo para ironicamente agradecer-lhe pela ótima noite que tive.

Não o encontrei dormindo no sofá da sala, como imaginava. Procurei-o por todos os cômodos e não o encontrei. Lembrei, então, que era dia de Hugo sair para passear com Miguel.

Embora eu soubesse que o ideal seria deitar para descansar mais um pouco, estava com muita raiva para conseguir dormir.

Fui ao banheiro, lavei o rosto, passei a escova no cabelo – somente para baixar os fios mais rebeldes –, tomei um comprimido para dor de cabeça e fui preparar meu café da manhã.

Enquanto tomava meu café sozinha, sentada à mesa da sala, fiquei tentando imaginar o que faria com a Pri em mais um sábado sozinha com ela, sem Hugo para nos acompanhar. Pensei em ir à pracinha, a alguma peça de teatro infantil, ao parquinho de algum shopping, mas nenhuma opção me agradava.

Cheguei à conclusão de que eu queria mesmo era ficar sozinha, refletindo sobre tudo que estava acontecendo nos últimos tempos e tentando chegar a algum caminho para sair daquele buraco, que se tornava cada vez mais profundo.

Senti-me muito culpada por pensar em ficar longe da Priscila naquele dia. Afinal, nós já ficávamos distantes a semana inteira, sobrando pouco tempo para brincarmos juntas. Se eu não aproveitasse o sábado para ficar com ela, certamente ela ficaria triste.

Telefonei para minha mãe.

– Oi, mãe, tudo bem? Como a Pri está?

– Estamos ótimas, brincando muito juntas. E você, como está? Aproveitou pra passear com o Hugo ontem à noite?

– Não, não deu...

– Hum, ele precisou trabalhar até mais tarde, né? Bom, pelo menos conseguiu dormir até tarde, sem a Priscila aí pra te acordar cedo?

– Também não...

– Sua voz tá tão desanimada, filha. O que houve?

– Nada não, mãe, deixa pra lá. Daqui a pouco passo aí para buscar a Pri, tá bom?

– Você sabe que não consegue me enganar, filha. Eu te conheço muito mais do que você imagina. Você não está bem.

Tive que me segurar para não cair no choro. Minha mãe realmente me conhecia muito bem, e sempre percebia quando algo me incomodava. Porém, eu não queria conversar com ela sobre meus problemas com o Hugo.

Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora