Capítulo 4 - Ameaça de aborto

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Tive uma gravidez muito complicada, a começar pela acusação de traição que recebi do Hugo logo no dia em que dei a notícia para ele.

Naquele dia, depois de me acabar de chorar na cama depois da acusação, tive uma noite de sonhos conturbados, e de manhã fui acordada pelo Hugo com uma expressão de pavor que eu nunca tinha visto em seu rosto.

Sentei com um pulo, assustada.

– O que houve?

– Só agora li o que você escreveu atrás da fralda e lembrei que não usamos camisinha naquele dia...

Comecei a entender que a expressão em seu rosto não era de pavor, mas sim de culpa. Ele continuou:

– Desculpa por eu ter pensado que você tinha me traído. Eu não tinha esse direito!

A expressão de culpa deu lugar à vergonha. Mas eu fiquei tão feliz por perceber que ele estava aceitando a ideia de aumentar a nossa família, que me esqueci da noite anterior na mesma hora.

– Tudo bem, meu amor. Já nem lembro mais o que você falou pra mim ontem! O que importa é que agora eu sei que você gostou da notícia e nós podemos começar a...

– Peraí, uma coisa não tem nada a ver com a outra! Eu tô me sentindo culpado por ter falado aquelas bobagens pra você ontem sim, e peço desculpas mais uma vez, mas isso não quer dizer que tô feliz por você estar grávida!

Meu mundo caiu novamente.

– Você não está?

– Cris, não se faça de tonta! Eu sempre falei que não queria uma criança pra atrapalhar o nosso relacionamento. Isso não mudou!

– Mas a gente já não falava sobre isso há tanto tempo... Pensei que você já tinha superado essa fase.

– Ah, então foi tudo premeditado, né? Você planejou aquela comemoração toda já imaginando que eu ia ficar desarmado e ia me esquecer da camisinha!

– Não, Guinho, eu não armei nada! E fiquei tão envolvida com toda aquela emoção que estávamos sentindo, que não me lembrei da camisinha também...

Comecei a sentir uma cólica forte e soltei um gemido, dobrando meu corpo para a frente.

– Ah, Cristiane, para de fazer cena só pra eu ficar com peninha de você!

– Ai, Guinho, me ajuda, não é cena, eu acho que vou perder nosso bebê, me ajuda!

– Se perder, ótimo! Eu já disse que não quero bebê nenhum!

– Se você não me ajudar, você vai perder não só o bebê, mas a mim também! Corre!

Acho que o Hugo só percebeu a gravidade da situação quando viu sangue escorrendo pelas minhas pernas e ficou com medo de me perder. Correu comigo para o hospital, onde rapidamente fui atendida.

Hugo ficou ao meu lado o tempo todo, com uma expressão de preocupação constante, enchendo os médicos de perguntas.

A minha maior preocupação era se eu ia perder o bebê, aquele pedacinho de mim que eu já queria e amava tanto. Mas, ao mesmo tempo, me preocupava com a aceitação do Hugo. Se a gestação continuasse, como ficaria o nosso casamento?

Interrompendo meus pensamentos e preocupações, o médico declarou, enquanto me examinava:

– Sra. Cristiane, o que a senhora teve foi uma ameaça de aborto. Sorte que seu marido te trouxe rapidamente para o hospital. Se demorasse muito, as chances de o bebê sobreviver diminuiriam bastante.

Quer ser feliz para sempre? Separe-se! (COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora