3. Paixonite

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.° 。 *✧𝑪𝑨𝑹𝑻𝑬𝑹✧* 。°.

Se você não gosta de lugares movimentados, recomendo que não venha para Daytona Beach no verão.

A confusão de turistas, adolescentes, vendedores ambulantes, carros e tudo mais que se possa imaginar mais parecia uma pintura do Romero Britto: uma confusão de cores e formas por todos os lados.

Eu mesma, muito apreciadora de arte.

Hazel e eu andávamos pelo Boarwalk, um grande calçadão onde se encontram lojinhas de souvenirs, lanchonetes, sorveterias e um parque de diversões, o Joyland Amusement Center, onde sua roda gigante e montanha-russa eram visíveis de longas distâncias.

O que também chamava muita atenção era o grande píer que ocupava toda a extensão de areia até o mar. Uma versão bem humilde comparado ao de Santa Mônica, claro.

Mas como eu sou péssima na parte da descrição, vamos voltar a uma Isabella derretendo de calor e se xingando mentalmente por não ter um mísero dólar para comprar um sorvetinho.

Durante todo o percurso, Hazel e eu conversamos bastante. Contei a ela que tinha recém chegado na cidade mas que tinha nascido ali, e descobri que ela havia se mudado para Daytona um pouco depois que fui para New York. Ela era uma ótima ouvinte e extremamente divertida. Era fácil esquecer que éramos basicamente desconhecidas.

Que tal uma mágica? – Um cara, que mirou num mágico mas acertou em um pinguim, brotou na minha frente, com a cartola quase enfiada na minha cara e um sorriso sinistro no rosto.

Eu tento ao máximo não ignorar os artistas e as apresentações de rua, já que há grandes chances de eu ser um deles em um futuro próximo, mas mágico? Sério? Umas miçangas seriam bem mais lucrativas.

— Legal! – Falei mais ironicamente o possível. – Que tal você me fazer desaparecer daqui, hum? Me leva pra Hogwarts.

— Cinco dólares – o cara pinguim falou tão seriamente que se eu tivesse cinco dólares, com certeza tentaria. O que teria a perder? Já to na merda mesmo.

— Não, obrigado – Hazel segurou meu braço e me deu um puxão, o que me fez fechar a cara e murmurar um "ai". Minha chance de ir para Hogwarts jogada no lixo. – Uma coisa muito importante que precisa saber: nunca fale com esse povo louco que fica aqui ou no píer.

— Como não? Eles são minha inspiração de vida! Ou eu nunca te contei que meu sonho de princesa é ser mágica? Imagina quantas coisas eu poderia fazer... – abri os braços dramaticamente, mas meus movimentos foram cessados por uma Levesque que só sabia dar risada das coisas que eu pronunciava.

— Não, você nunca me falou Hermione. Talvez porque você ficou o caminho todo só falando do quanto estava com calor – Hazel fez uma careta e eu dei um leve empurrão nela.

— Ei! Eu vim pra essa vida para reclamar, então fique avisada que terá que me aguentar, ou nossa amizade que mal começou acaba aqui – empinei o nariz e cruzei os braços. Com certeza eu sou muito madura.

— Amizade? Meu Deus, eu só estou fazendo uma caridade e você já me considera como amiga?

Tudo bem, talvez, mas só talvez, eu seja um pouco carente e me apegue muito fácil às pessoas. Mas isso fica entre nós. Quer dizer, eu costumo considerar qualquer pessoa minha amiga quando estou extremamente bêbada, mas esse não era o caso.

— É assim que os assassinos começam, certo? Ficando próximos das vítimas – ergui uma das sobrancelhas e dei um sorrisinho presunçoso.

— Ah é? – Ela imitou minha expressão. – E como é que você mata suas vítimas?

Daytona Beach ✧ H.S Onde histórias criam vida. Descubra agora