Daytona Beach ✧ H.S

22. Isabellasexual

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Quando Piper acidentalmente extendeu o tempo da monitoria com a desculpa que ainda tínhamos muita coisa para ver, eu soube exatamente o porquê de Harry gostar dela.

— Acredite, participar das primeiras aulas e ter que ouvir a dor de cotovelo dos professores depois de um verão frustante não está na minha lista de coisas favoritas da vida, e acredito que na sua também não – ela se explicou depois que pegamos os horários e a senha do meu armário na direção. – A vantagem da monitoria é essa, você sempre vai ter uma desculpa para não pegar essas aulas chatas.

Piper conseguia juntar a responsabilidade e a irresponsabilidade na mesma frase, o que a deixava ainda mais incrível. Era como se ela tivesse a dose certa de tudo, o que não a tornava nem certinha demais, nem o sinônimo de irresponsável. Além disso, ela conseguia ser uma ótima companhia, me falando sobre a escola e sobre as pessoas, quase como um manual de sobrevivência ao colegial de Daytona Beach.

Meu armário ficava no corredor do refeitório e em uma distância bastante aceitável dos banheiros, o que já era uma grande conquista. Meu horário de aulas não era o melhor do universo, mas aparentemente iria ser considerável se não levassemos em consideração o futebol depois do almoço nas terças e quintas.

Devo deixar bem claro que odeio futebol e qualquer outro esporte, ainda mais quando Isabella Carter foi eleita pela NASA a pessoa com a pior coordenação motora da galáxia. O que aconteceu foi que eu precisava escolher um tipo de esporte para minhas atividades extracurriculares, e, depois de quase quinze minutos encarando a lista com os disponíveis, a mulher da secretaria aparentemente perdeu a paciência e colocou futebol no meu horário até que eu decidisse qual eu iria escolher. Livre e espontânea pressão.

De qualquer forma, Piper ficou de me mostrar todas as atividades extracurriculares dentre as que eu escolhi, tipo fotografia e culinária – me desculpe se sou muito previsível, mas a vida tem dessas. A mulher da secretaria disse que eu precisava escolher algo que acrescentasse ao curso ou aos critérios da faculdade na qual eu faria minha aplicação, o que adiantou em exatas zero coisas. Por esse motivo, vou escolher o que menos necessitar esforços físicos e psicológicos. Essa é minha meta.

Segundo Piper, nossa primeira parada seria na área externa da escola, mais especificamente nas piscinas. Em NY as mesmas ficavam em lugares cobertos e aquecidos, mas, aparentemente, o calor insuportável da Flórida durava basicamente o ano inteiro, o que significa sol, sol, e mais sol.

Já que tocamos no assunto significado, outro fato que supus foram as pessoas que poderiam estar frequentando o local escolhido a dedo pela loira. Se eu tivesse sorte, não encontraria nenhum rosto familiar e sairia feliz, ainda com a certeza de que aquela com não seria uma opção para as minhas atividades extracurriculares.

A área externa era um tanto quanto comum. Duas grandes piscinas eram o ponto focal de tudo aquilo, sendo cercadas por arquibancadas e alguns postos de salva-vidas. Em uma das laterais, um senhor rechonchudo e de estatura média tinha um apito entre os dentes, ordenando coisas enquanto gritava para os alunos que nadavam. Sua roupa vermelha e a bermuda que deixava suas pernas curtas a mostra lhe davam a aparência de um anão de jardim.

— Aquele é o Sr. D, o treinador de natação, e, nos dias que ele tá afim, surfe – Piper comentou como se lesse meus pensamentos. – Por mais que não pareça – completou.

Realmente ele não tinha aparência de um professor de qualquer coisa que não fosse arte em madeira. Na minha cabeça ele iria ser um cara super musculoso, com os ombros largos e com uma estatura no mínimo média. Um típico cara de meia idade que consegue atrair a atenção dos jovens.