5. Clishesão

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.° 。 *✧𝑪𝑨𝑹𝑻𝑬𝑹✧* 。°

Admiro a garota guerreira que sou por ter acordado cedo dois dias seguidos, mesmo que seja férias de verão.

Não que isso fosse uma opção minha, porque, se fosse o caso, eu ainda estaria em meio aos meus sonhos que envolviam um musical da Broadway que falava sobre motoqueiros e surfistas extremamente gostosos, mas muito burros.

É claro que Emily Carter não podia ver sua bela filha dormindo tranquilamente sem ter que atormentá-la com algo, dessa vez com a desculpa de que o jardim não ia se arrumar sozinho.

Contratar um jardineiro ninguém quer né.

Uma das coisas que eu mais gostava de NY era o fato de que não havia espaço para jardins naquela cidade, o que me poupava do trabalho de ter que limpá-lo, mas não é o que acontece aqui pelo visto. Quem precisa de espaço verde quando se tem muito CO2?

Depois de mais ou menos uns cinco gritos não correspondidos, minha mãe, gentil igual coice de mula, puxou meu cobertor e me empurrou da cama, resultando em uma Isabella indo de cara no chão.

— Você cinco minutos para me encontrar lá embaixo – dito isso, a ouvi sair do quarto e encostar a porta enquanto eu ainda estava jogada no chão, murmurando em descontentamento.

A minha mente trabalhava à procura de todos os xingamentos que eu sabia, reclamando em sussurros e chutando os cobertores para o lado.

Que saco nossa, não posso nem dormir mais, que merda, nosso Deus, quero morrer, não aguento mais essa vida, pau no cu, queria só dormir mais um pouco, não posso fazer mais nada nessa casa, tudo é eu... você conhece alguém mais maduro do que Isabella Carter? Aposto que não.

Quinze minutos depois – só um pouquinho atrasada – eu já estava na cozinha tomando uma bela caneca de café com leite, vulgo melhor bebida criada pelo homem depois da catuaba selvagem. Mentira, nem bebo.

— Parece que a Bela Adormecida acordou – Sra. Carter apareceu, com um grande saco preto e suas piadas sem graça.

Deve ser coisa de família.

— Quem é? – Apontei para o saco em sua mão.

— Quem é o que? – Emily franziu o cenho pra mim.

— A pessoa que você matou e colocou dentro desse saco — falei tranquilamente como uma assassina qualquer enquanto bebia meu café formalmente.

— Se continuar com suas gracinhas vai ser você – ela me fuzilou com o olhar e pegou a xícara da minha mão, recebendo um "ei " como resposta. – Leva lá para fora antes que o caminhão de lixo passe.

— Porque você não leva?

— Porque você não lava suas roupas? – Jogo sujo Emily, jogo sujo.

Enquanto minha bela mãe erguia as sobrancelhas, frisando sua ordem, bati o pé no chão e peguei o saco de lixo, indo em direção a porta da frente enquanto reclamava, vulgo a única coisa que eu sei fazer nessa minha vida.

Saí para o gramado e me aproximei da grande lixeira que ficava na calçada, colocando o saco preto dentro da mesma e ponderando me jogar ali, já que lugar de lixo é no lixo.

Ninguém supera meu amor próprio.

De qualquer forma, colocar o lixo para fora é muito fácil, então você deve estar se perguntando o porquê de eu estar contando isso, já que parece um tanto quanto inútil, mas acredite, não foi.

Daytona Beach ✧ H.S Onde histórias criam vida. Descubra agora