45. All I want for Christmas is you

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.° 。 *✧𝑪𝑨𝑹𝑻𝑬𝑹✧* 。°.

Ah, o natal!

Assim que All I want for Christmas Is You começava a tocar nas rádios, era oficialmente iniciado as festas de fim de ano do lado ocidental do globo.

O natal era sem dúvidas o feriado perfeito: a junção de um acontecimento religioso ofuscado pelo consumismo, o pecado da gula e a falsa sensação de confraternização.

Não existia nada que brilhava mais os olhos daquele mundo capitalista! Isso explicava perfeitamente o fato do grande símbolo dessa festividade ser uma figura idealizada por uma das maiores corporações multinacionais de bebiba do mundo ao invés de ser Jesus Cristo. O Papai Noel com certeza é mais influente do que o filho de Deus.

Entretanto, mesmo que - como exemplificado acima - existam inúmeros motivos para que o natal seja o feriado perfeito, existia algo que diminuía a minha expectativa de vida e fazia minha mãe cogitar o divórcio pelo décimo ano seguido: Charlie Carter vestido de Papai Noel.

Sinceramente, me impressionava a disposição do meu pai para fazer isso todo o Natal com a desculpa de que minha prima pequena adorava, mesmo com ela chorando todas as vezes que ele surgia com uma barba branca embolada e um sino que fazia um som insuportável.

Tudo bem que era engraçado ver a expressão de ânimo de Ringo Starr ser substituída por desespero quando o choro de criança começava a ecoar pela sala e os adultos corriam para tentar controlar a situação. Pelo menos quando eu era mais nova confesso que gostava de toda aquela encenação até descobrir que tudo era uma farsa e aprender a não confiar em seres humanos.

Quer dizer, eu não aprendi muito bem essa lição.

De qualquer forma, enquanto todo o caos acontecia, a matriarca original da família - vulgo minha avó - dava risada da situação e me provava mais uma vez por a+b que ela era meu ser favorito do mundo.

Sem dúvidas eu e Jocelyn Carter éramos a mesma pessoa em períodos diferentes da vida. Eu era completamente grata à biologa e ao DNA, assim eu pude herdar todos as melhores e piores características da minha maravilhosa avó. Infelizmente o mesmo não aconteceu com meu pai.

Tenho certeza que um dia ele ainda vai superar isso. Talvez quando ele parar de assustar criancinhas indefesas ou perceber que seu senso de humor não é tão bom quanto pensa (tá aí uma coisa que eu puxei dele).

Do outro lado da sala, Emily Carter bebia uma taça de vinho enquanto provavelmente se perguntava o porquê de ter se casado com um homem que se veste de Papail Noel de Chernobyl na véspera de natal. Ela estava impecável com o vestido mais caro da loja de departamentos próxima e seus cílios postiços que batiam nas sobrancelhas em uma curva perfeita. Felizmente minha desculpa de estar deprimida demais para me arrumar a impediu de colocar um daqueles em mim.

Infelizmente daquela vez a minha desculpa era real, o que pode ser considerado algo deprimente ainda mais no contexto véspera de natal. Claro que eu já estava melhor visto o estado de calamidade que me encontrava a uma semana atrás, mas eu pelo menos agora eu só chorava no máximo uma vez a cada dois dias, o que já é um grande avanço.

Voltar para New York, longe de toda a confusão, me preocupando apenas com decorações de natal, incrivelmente serviu como uma terapia. Era bom sair sozinha por um lugar familiar mas que eu não iria encontrar com Zaki ou qualquer outra pessoa de Daytona na esquina.

Além disso, meu celular acabou falecendo em uma poça de água nos primeiros dias em que eu havia chegado, limitando minha comunicação com qualquer ser que não fosse meus pais ou minha avó.

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