"Zayn, larga o meu telemóvel." - resmungo e tento tirar o mesmo da sua mão.
"Não. Estou a ver as tuas fotos." - afasta o telemóvel, continuando concentrado no ecrã.
Suspiro e cruzo os braços. Ele podia dar-me atenção. Depois do beijo, fiou apenas sentado ao meu lado. Pegou no meu telemóvel e está à horas a brincar com ele. Não sei o que lhe dizer e muito menos sei o que fazer ou até mesmo sentir.
"Cabrão." - um sussurro escapa-se dos seus lábios, fazendo-me olha-o imediatamente.
"Que foi?"
Ele vira o telemóvel para mim e eu logo leio algumas mensagens que o Liam me mandou. São apenas algumas ameaças.
"Bebé desculpa." - as suas mãos agarram a minha face e logo sinto os seus polegares acariciarem as minhas bochechas.
"Não me terás assim tão facilmente. Primeiro porque acredites ou não, a Denise está metida nisto até ao pescoço e eu não quero que nenhuma tragédia aconteça e segundo, vais ter que reconquistar a minha confiança." - deixo um beijo simples no seu nariz.
"Eu acho que a melhor forma de conquistar a tua confiança é contar-te a verdade sobre tudo o que tenho feitos nos últimos tempos."
"Sim, eu também acho."
Em menos de um segundo o meu corpo já se encontra entre as suas pernas. Sorrio e encosto a minha cabeça no seu ombro.
"Eu sei que provavelmente será a tua maior desilusão, e lamento imenso por isso, mas agora já é tarde demais para voltar atrás."
"Diz."
"Eu voltei consumir. Não como antes, era raramente."
Sinto um aperto tomar conta do meu coração e mordo o lábio para que as lágrimas não escorram pela minha face.
"Não fiques assim por favor." - passo as mãos ao longo dos meus braços, fazendo um misto de emoções tomar conta do meu corpo.
"Eu andei estes anos todos sempre a lutar por ti e parece que não valeu de nada, sabes o quão frustrante é eu saber que meti a minha vida em risco para nada?"
"Eu prometo que nunca mais volto a consumir."
"Promessas leva-as o vento." - descolo os nossos corpos, ouvindo um suspiro escapar dos seus lábios.
Ele não podia ter voltado a consumir. Não podia voltar a meter a sua saúde em perigo. Não me podia meter nesta situação novamente.
"Vais mesmo ficar assim comigo?"
"Mete-te no meu lugar." - viro o meu corpo para o dele, encarando-o.
"Já te pedi desculpa." - sussurra, baixando de seguida o seu olhar.
E neste momento, por muito que tente ser dura com ele, só consigo ver no seu olhar, no seu corpo o menino perdido, que encontrei no primeiro dia em que o encontrei. Enrosco os meus braços em torno do seu pescoço e resmungo comigo mesma, por estar a cair, novamente na sua teia.
"Mais, conta-me mais coisas." - passo a ponta dos meus dedos ao longo dos seus braços, sentindo intensamente os riscos feitos sobre a sua pele.
"Eu andei com várias mulheres e obriguei uma delas a abortar." - um murro embate, fortemente, contra o meu estomago.
Baixo o olhar. Eu sei que ele não estava comigo, mas ele obrigou uma pessoa a abortar. Ele andou com não sei quantas mulheres, enquanto tinha a Denise em casa. Enquanto devia estar a tomar conta dos seus filhos. Passo a mão pelo meu cabelo e tento fingir que nada disto abriu vários buracos nos cacos estilhaçados no meu coração.
"Tu foste um monstro na realidade."
"Olha fodasse, para, para de me criticar. Eu sou um ser humano. Eu erro como toda a gente. Para com essa merda. Não é assim que me vais ter de volta, de certeza absoluta." - grita, fazendo-me estremecer.
"Sai daqui Zayn." - sussurro e afasto-me dele, tentando levantar-me.
"Tu estás mesmo a fazer-me isto?"
"Não. Tu é que não me podes estar a fazer isto e se achas que eu te vou desculpar estás muito enganado, sim, porque se aqui alguém tem que voltar a conquistar o outro, essa pessoa és tu. Agora sai daqui." - aponto para a porta e fechos os olhos com força.
Haverá sempre alguém que te irá magoar vezes e vezes sem conta. E tu irás sempre perdoar. Porque o amor que sentes pelo outro, é muito mais do que um milhão de erros.
Para si. Amo-a.