"O teu Zayn vai morrer!" - ouço a sua gargalhada e tento desprender-me das correntes que cobrem o meu corpo.
"Os teus filhos vão morrer" - outra gargalhada soa atrás de mim, fazendo o meu corpo estremecer ainda mais.
"E a tua melhor amiga, os seus gêmeos e eu seu loiro também vão morrer." - sinto os meus cabelos serem puxados com força e, de seguida, a sua língua percorre todo o meu pescoço.
Fecho os olho e, mais uma vez, tento debater-me contra o seu toque.
"E depois, depois vamos ser só eu e tu. Na nossa casa, na nossa cama. Vou foder-te tanto!" - olho-o e este logo rasga a minha camisola.
Pov Zayn
Assim que sinto a minha menina remexer-se na cama agarro-a mais.
"Amor, acorda sou eu." - sussurro no seu ouvido, mas os seus movimentos intensificam-se cada vez mais.
"NÃO!" - solta um grito e sinto todo o seu corpo libertar a raiva que à tanto sente.
Os seus olhos abrem-se e o seu pequeno corpo fica sentado e completamente encolhido sobre a cama. As suas mãos têm agora, somente, a função de cobrir o seu rosto, enquanto este se encharca de lágrimas. Sem pensar duas vez aperto-a contra mim.
Assusta-me que os últimos três meses tenham sido passados assim. Desde que o Thomas morreu que, todos os dias, um atrás do outro, esta sequência se confirma. Pesadelos, lágrimas, silêncio e, essencialmente, sofrimento. Às vezes pergunto-me do que me passou pela cabeça para ter tentado atacar o Liam quando sabia que a vida do meu filho estava nas mãos daquela criatura. Às vezes pergunto que como é que são permitidas haver tantas injustiças? O meu filho, o nosso filho morreu num guerra iniciada pelos pais, não seria mais justo se no lugar dele tivesse ido eu? Eu que causei isto tudo.
A mulher da minha vida encontra-se, agora, como já muitas outras vezes, sobre os meus braços a sofrer, por um erro que entrou na sua vida e, esse erro sou eu. Eu que sempre fiz tudo errado na vida, eu que tantas vezes fui injusto com ela, eu que durante tanto tempo fugi do sentimento que nunca me deixou desprender dela. Eu que sem ela não sabia viver, ainda assim a fiz sofrer sem pensar duas vezes. Ainda assim ela não desistiu de mim e, ainda assim, sabendo do quão não merecedor dela sou, não a consigo deixar ir, porque viver sem ela é viver sem oxigénio.
"Ele ia levar-vos de mim." - ouço a sua voz quebrada e sinto o seu corpo balançar-se para a frente e para trás.
"Não amor, eu não vou deixar que eles façam mal a mais ninguém." - beijo a sua testa várias vezes e, tento limpar as suas lágrimas.
"Nunca me vais deixar, pois não?"
"Não amor, eu não vou. A partir de agora, a parte do momento que a nossa estrelinha virou a nossa luz eu prometi que tudo ia mudar, mas eu preciso de ti amor, eu preciso que voltes a ser a minha menina. Tu és a minha força e eu sinto-me cair a cada vez que tu cais amor." - admito, por fim.
"Desculpa amor, desculpa." - a sua face volta a inundar-se de lágrimas. - "Eu sei que não tenho sido a melhor mãe do mundo. Eu sei que não tenho sido a melhor namorada do mundo. Eu sei que não tenho sido a melhor amiga do mundo, mas com o Thomas foi parte de mim e todos os dias me pergunto como posso reaver esse pedaço de mim, como posso, pelo menos construi-lo de novo. Todas as manhas quando vou perto do Noah tento ser o melhor que posso, mas sei que ele sabe que eu não estou bem. Todas as manhãs em que te acordo e todas noites em que nos deitamos tento dar o melhor de mim para que tudo fique como antes, mas eu não consigo, porque sei que contigo, por muito que queira, a mascara não cabe em mim. Desculpa."
"Não digas isso. Tu aceitas-te o Noah como se ele fosse teu filho. Tu aceitas-te o Noah sabendo que foi a mãe dele quem matou o nosso filho. Apesar de mãe sozinha, tu lutas-te e nunca deixas-te que nada faltasse ao nosso menino. Quando foste raptada pelo Liam, lá bem no inicio de toda esta história, nunca desistis-te de nada e eu amo-te, eu amo-te tanto que eu só quero ter-te perto de mim, tal como depois de todo o mal que te fiz tu nunca desististe de mim. Vamos juntos ultrapassar tudo amor. Tu não tens que recuperar o pedaço que se foi de ti, só tens que saber que ele foi e conseguir viver sem ele. Não tens que o reconstruir a ele, só precisas de voltar à vida que estás a deixar escapar."
Sinto os seus pequenos braços sufocarem o meu corpo e sorrio. Não podia ter escolhido melhor para a minha vida.