Zayn, cala-te!

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POV Zayn

"Tu não vais sair à rua sozinha!" - sussurro junto dos seus lábios, mas ela logo os separa.

"Eu não sou nenhuma criança. O objetivo deles é condicionarem a nossa vida, eu não vou deixar que isso aconteça." - mexe no meu cabelo, enquanto prende o seu olhar no meu.

"Mamã, papá, não discutam." - ouço o Thomas e logo o puxo para mim com cuidado.

Sento-me no sofá e deito o meu filho sobre o meu peito. Respiro fundo e fecho os olhos com força. Não me quero chatear com ela, mas desde que soube que estamos a ser perseguidos que tento ao máximo protege-la, não só a ela como aos nossos filhos. 

"Tenho fome, será que pelo menos posso ir sozinha há cozinha?" - olha-me, revirando os olhos de seguida. 

"Olha faz a merda que quiseres. Queres ir sair?" - levanto-me e abro-lhe a porta - "Vai, vai, mas não me fodas mais a cabeça. Nunca estás bem com nada do que faço, nem com nada do que te digo, se me preocupo é porque me preocupo, se sou este é porque sou este, se sou aquele é porque sou aquele. Estou cansado, cansado! Se faço isto é porque só eu sei a dor, o sentimento de culpa que todos os dias carrego comigo, só eu sei o que é sentir que a minha vida, que são vocês, estão em perigo 24 sobre 24 horas, por minha culpa. Não sabes nada! Tu não sabes. Queres ir? Vai, mas os meus filhos não saiem daqui"

Vejo pequenas lágrimas apoderarem-se dos seus olhos, mas ela logo as engole e caminha até à cozinha. Sei que talvez não tenha sido correto ao gritar com ela, mas porra, estou cansado de ser o errado, de ser aquele que tem que ouvir sempre que errou. Só estou a tentar proteger as pessoas que amo, para que nada lhes aconteça, para que não me sinta mais culpado, porque dói, dói saber que tudo isto aconteceu por minha culpa. Dói saber que a qualquer momento posso nunca mais ver a mulher da minha vida e os meus filhos. Eu até me podia entregar, mas sei que neste momento eles não me querem a mim, mas à minha mulher aos meus filhos, porque eles, sem dúvida, são o meu ponto fraco. Imaginar a minha vida sem eles é o pensamento mais doloroso que alguma vez tive.

"Nunca mais me falas assim, estás a ouvir?" - ouço a voz irritada da minha mulher e de seguida abro os olhos, vendo o seu corpo em frente ao meu.

"Vocês já têm idade para saberem resolver as vossas coisas de outra forma." - ouço, desta vez, a voz do Thomas, que se apressa a sair do meu colo e corre, de seguida, pelas escadas acima. Segundos depois ouço a porta do seu quarto bater e passo as mãos ao longo da minha cabeça.

"Tu não entendes Marie. Tu não entendes, não vale a pena."

"Tu é que não entendes Zayn. Tu não me podes obrigar a ficar presa aqui em casa, nem a mim nem aos nossos filhos e muito menos podes ter estas atitudes. Esta foi a última vez que me falaste assim, porque eu também tenho capacidades para seguir a minha vida sem ti."

"Fico mesmo feliz por saber que tens todas essas capacidades. Lamento, mas infelizmente eu não as tenho e isso faz de mim este ser fraco que está aqui à tua frente e, talvez seja isso que não está a dar certo, talvez seja eu que estou a mais na tua vida." - engulo as lágrimas que me tentam esconder as palavras -" Mas não te preocupes isto ainda hoje vai acabar, eu não vou mais ser o perseguidor, eu não vou mais tentar proteger as pessoas que amo, eu não vou mais conservar a minha vida que são vocês, eu não vou mais chatear-vos." - deixo uma lágrima escapar, mas logo a limpo. - "Cuida de ti, cuida dos nossos meninos e do Noah." - olho-a e passo a minha mão ao longo de toda a sua face. - "Lembra-os todos os dias que os amo eternamente, assim como te amo a ti. Lembrem-se que tudo o que fiz e farei é apenas para preservar a vossa felicidade que está acima de tudo e de todos."

"O que é que tu queres dizer com isso?"

"Quero dizer que estou cansado, cansado de ser sempre o mau, cansado de sentir esta culpa, cansado de tudo o que faço ou digo ser um problema para ti. Estou cansado de mim e, por isso, não quero mais incomodar a tua vida." - pego no telemóvel e na chave do carro.

"Onde é que vais?" - sinto a sua voz cada vez mais fraca.

"Vou embora, não vale a pena estarmos sempre a lutar por algo que nunca deu certo. Chega de eu tentar mudar, chega de eu lutar e nunca ser o suficiente." - limpo as lágrimas que escorrem pelo meu rosto.

"Tu não nos podes abandonar."

"Eu não vou abandonar ninguém, eu vou salvar-vos." - deixo um beijo demorado na sua testa e caminho até à porta.


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