A vida segue

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"Eu só precisava de ser feliz." - sou sincera e acabo por me deitar.

"Mas nós somos felizes."

"Podes continuar a mentir para ti mesmo, para mim não." - sussurro.

"Para com esta porcaria. Hoje quase morreste e nem isso te fez amolecer."

"Não há nada para amolecer. Vocês é que não tinham o direito de me esconder esta porcaria toda e muito menos tinham direito de me dizer tudo o que disseram. Eu estou tão cansada Zayn, tão farta disto tudo. Eu só queria ter um momento de paz, um momento de verdade, onde o meu Zayn voltasse, onde, por um segundo, eu fosse a mesma Marie que era. Eu era tão ridicula, sabes? Eu pensava que era uma infeliz." - gargalho, limpando as lágrimas -" Eu era tão feliz. Era uma miúda sem problemas, sem merdas na cabeça, sem responsabilidade e olha para mim agora, sou a porra do uma jovem velha, podre por dentro. Derrotada pelo amor que me prendeu a ti e me fez entrar nisto tudo, mas eu não me arrependo de nada e voltava a fazer tudo igual, porque sei que se voltassemos atrás no tempo e me dessem a escolher, eu sei, sei que ia voltar a socorrer-te sem pensar duas vezes, porque nós estavamos destinados, nós estamos feitos um para o outro, mas estamos a estragar tudo. Eu juro, eu juro que estou a tentar ser feliz, mas não aguento mais. É demasiado para mim." - choro mais.

"Para, para amor. Para." - sinto os seus braços enroscarem o meu corpo e deixo que as lágrimas saiam sem controlo.

Agora estou no porto mais seguro possível. Sei que este é o meu Zayn e, sei que com ele posso gritar, chorar, berrar, cantar, saltar. Sei que ele me vai sempre oferecer o melhor e o pior, sei que essas é a nossa essência.

"Eu estou aqui, okay? Eu sei que não tenho sido o melhor namorado do mundo, mas eu amote, amote tanto e custa tanto ver que fui eu que te puxei para isto tudo. Se eu pudesse eu mudava tudo. Não tinha deixado que te fizessem tanto mal, não tinha deixado que eles descobrissem que eras a coisa mais importante que tinha na vida. Se te escondi a carta era porque queria proteger-te. Sem ti não sou nada e, tu sabes disso aliás, toda a gente sabe." - sussurra, juntando de seguida os nossos lábios.

"Eu sei Zayn, mas as pessoas não são de ferro e se eu te chamo à atenção é para teu bem, assim como sei que quando me dás na cabeça é para o meu. Nós queremos construir uma vida em conjunto, então não vale de nada andarmos a esconder estas coisas um do outro e já tivemos a prova disso uma vez."

"Eu sei amor, eu sei que nisso tens toda a razão, mas só de pensar que te posso perder já dou em louco. O que seria de mim sem ti? O que seria dos nossos bebes sem ti? O que seria de todos nós sem ti? Nada amor, nada."

"Assim como não somos nada sem ti, não te posso perder."- aperto-o contra mim.

Ele tem que perceber que eu não sou mais do que ele. Ele tem que perceber que tem coisas boas e más assim como toda a gente. Tem que confiar mais em si e nas coisas maravilhosas que tem.

"Vamos ficar juntos para sempre." - sussurra, agarrando a minha face entre as suas mãos.

"Vamos amor." - beijo o seu nariz.

"Agora acho que há uma outra pessoa que gostava de falar contigo."

"Agora eu queria mesmo mesmo descansar um bocado, é que ainda me dói a cabeça." - resmungo.

"O que importa é que não foi algo mais grave, quando o homem me ligou e me disse que tiveste um acidente pensei que te tinha perdido."

"Nunca me vais perder, basta continuarmos juntos. Só dessa forma seremos fortes o suficiente, mais fortes do que qualquer outra coisa." - beijo o seus lábios e logo sinto os seus braços suportarem todo o peso do meu corpo.

Assim que chegamos ao quarto, sinto as minhas costas baterem contra a nossa cama e, de seguida, as suas mãos retiram as minhas sapatilhas com cuidado metendo, por fim, uma manta sobre o meu corpo.

"Agora vais descansar que eu vou ficar a tomar conta dos meninos, eles ficaram muito agitados ao ver-te assim."

"Mas se for necessário acorda-me, sim?"

"Sim, não te preocupes." - deposita um beijo na minha testa e de seguida outro nos meus lábios, fazendo-me adormecer em poucos minutos.


(....)

Desço, seguindo as várias vozes que me guiam até à sala. Baixo o olhar ao ver a Ellen, o Justin e os meus afilhados.

"Boa noite." - sussurro e logo sinto os braços do Thomas enroscarem as minhas pernas.

"Amor." - a Ellen corre até mim, abraçando-me de seguida.

"Ellen calma, ela agora tem que se alimentar." - ouço a voz do Zayn, mas logo lhe faço sinal para se calar.

"Desculpa, desculpa, eu não queria dizer aquilo."

"Tudo bem, tens razão, eu deixei-te, mas quero que saibas uma coisa...." - respiro fundo - "Tu sabes bem a importância que tens na minha vida, assim como sabes que nunca te iria trocar por ninguém. Ter menos tempo para ti não significa que estamos distantes, significa que estamos felizes, que formamos famílias, que no fundo são a mesma, que realizamos os nossos sonhos. Sempre me ensinaste a ser forte e, acima de tudo, a lutar pelos meus sonhos, a ir atrás daquilo que queria. Naquela altura eu era uma criança, mas eu tinha uma certeza, eu queria o Zayn e, tu melhor do que ninguém, sabes das loucuras que sou capaz de fazer quando amo alguém. E eu amava-o, eu tinha duas opções, eu arriscava ou perdia-o. Uma pessoa podia morrer e neste caso não era uma pessoa qualquer. Todos vocês me julgaram por vos ter abandonado, mas ninguém sabe nada daquilo que eu passei, ninguém sabe de quantas vezes levei porrada por tentar fugir. Ninguém de todas as vezes que aquele... aquele filho da mãe me obrigou a fazer merdas.... Eu estava tão cansada, mas eu todos os dias lutava, lutava porque julgava que estariam aqui, mas a única coisa que encontrei foi uma casa vazia, com coisas partidas, que na realidade já não me faziam falta. Tu eras a minha melhoramiga, tu conhecias-me melhor do que ninguém e sabias que se desapareci tinha que ter um motivo muito sério, mas ainda assim te foste embora. Nenhum de vocês sequer se deu ao trabalho de ir à minha procura, enquanto que eu estava ali a dar a minha vida por todos, porque a partir do momento que o Zayn entrou na minha vida, eu estava em risco, assim como todas as pessoas que amo, ou seja, tu, o Justin, todos vocês estavam em risco e eu dei tudo o que podia. Podes julgar-me por te ter deixado, porque eu deixei, mas ninguém vai nunca conseguir deixar-me com culpa nos ombros, porque eu, mais do que ninguém, lutei por vocês." - sussurro e sento-me, limpando as lágrimas de seguida.

Pego no Liam e na minha menina e consigo ouvir vários soluços dos três adultos atrás de mim. Engulo as lágrimas, porque a vida segue e eu? Eu tenho que seguir, seguir o meu caminho pelos meus filhos e pelo Noah, que mesmo não tendo nascido de mim é como um filho.

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