"Eu vou." - sussurro e olho a minha melhor amiga.
"Eu não gosto dessa ideia, mas eu não posso ser hipocrita, se fosse eu faria exatamente o mesmo."
"Fodasse, eu trouxe-te aqui para a fazeres mudar de ideias e não para a apoiares nisto, porra." - o meu namorado grita, levantando-se de seguida e passando os dedos pelos seus cabelos.
Levanto-me e caminho até ele, agarro-o por trás e beijo as suas costas.
"Amor eu prometo que não me vai acontecer nada de mal."
"Como podes ter tantas certezas?"
"Apenas confia em mim."
"Eu já perdi o nosso filho, o que achas que vai acontecer se também te perder a ti? Eu vou voltar a ser o velho Zayn."
"Amor eu prometo que não me vais perder." - agarro na sua cara entre as minhas mãos.
"E se..."
"Não há e se..." - sussurro e junto os nossos lábios.
Eu tenho medo. Eu sei que há um e se, mas eu tenho que acabar com esta guerra que se estabeleceu entre os dois polos, não posso permitir mais que mais ninguém esteja em perigo e, já ha muito que sei que neste momento o Zayn não é o que eles querem, o que eles querem sou eu. O Liam porque não fiquei com ele e a Denise porque foi traída pelo Zayn por minha culpa.
Eu sei que muita coisa pode correr mal, eu sei que posso não sair ilesa de tudo isto, mas sei que mesmo que me aconteça alguma coisa vou ser feliz, aqui ou noutro sitio por ter conseguido deixar a salvo as pessoas que mais amo. Eu prefiro perder-me, do que perde-los.
"Eu não te quero e muito menos te posso perder." - sussurra, fazendo-me sorrir.
"Tu sempre me disseste que juntos somos mais fortes, então eu só preciso do teu apoio."
"Então se juntos somos mais fortes deixa-me ir contigo. Eu fico escondido e só se for necessário é que chamo a polícia."
"Se confias em mim deixa-me ir sozinha."- olho-o nos olhos.
A única resposta que recebo são os seus braços apertarem o meu corpo contra o seu.
"Eu confio."
"Amor, mas alguém tem que estar por perto, imagina que ele te faz algum mal." - ouço agora a voz da minha melhor amiga.
"Vamos fazer assim, eu vou ter com ele e se uma hora depois eu não vier ter convosco vocês chamam a polícia." - olho-os.
"Numa hora pode acontecer muita coisa." - sussurra o meu namorado.
"Então em meia hora."
Olho-os e ambos suspiram.
"Tudo bem." - dizem ao mesmo tempo, fazendo-me gargalhar.
Pego no telemóvel e no bilhete que o Liam deixou com o Noah. Marco-o e depois de respirar fundo inúmeras vezes passo o dedo no botão verde. Chama, chama, chama e a minha respiração fica presa.
"Olá babe!" - ouço a voz do Liam e sinto os meus olhos encherem-se de lágrimas. - "Estou a ver que o miúdo te deu o recado tal como lhe mandei." - deixa uma pequena gargalhada escapar.
"O que queres Liam." - tento disfarçar a minha voz de choro.
"Quero uma coisa muito simples. Tu!"
"Tudo bem. O que queres que eu faça?"
"Primeiro vais olhar para o teu namorado e rir-te na cara dele." - manda.
Olho o meu Zayn e as lágrimas caem mais e mais. O seu polegar passa pelo meu rosto.
"Ri-te caralho." - grita, fazendo-me largar um soluço.
Engulo o choro e ainda com as lágrimas a cair solto uma gargalhada na direção do Zayn. Ao contrário do que estava à espera os seus braços enroscam o meu corpo e os seus lábios juntam-se à minha testa.
"Agora que ele já está todo magoadinho vais pegar em todo o dinheiro que vocês têm em casa." - olho o Zayn aterrorizada e meto a chamada em alta voz."O... O quê?"
"Isso que ouviste. Vais pegar em todo o dinheiro que tenham e meter uma mala qualquer." - sinto as lágrimas correrem mais.
Vejo o Zayn subir e de seguida descer com uma mala preta. Deixo o meu corpo sentar-se no sofá.
"O que mais queres?" - sussurro.
"Agora vais pegar na mala e vais sair de casa. Vens até à morada que te vou enviar a seguir, estamos combinados."
"Sim!" - sou firme e de seguida desligo a chamada.Deixo o meu corpo cair nos braços do meu homem e choro no seu peito, agarrando a sua camisola com toda a força que tenho.
(...)
Caminho com o saco na mão, enquanto as lágrimas vão correndo pela minha face. O meu único foco é o final da rua. A rua onde conheci o meu menino. A rua onde os nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. As lágrimas deixam os meus olhos baços, mas o caminho é cada vez mais certo, a esperança cada vez menos longínqua, os cheiros cada vez mais fortes e os sentidos cada vez mais intensos. Sinto a minha alma suja e o meu coração ainda que inteiro quebrado em pedaços demasiado pequenos e aguçados para que alguém os possa voltar a juntar.
Está sol, mas um sol com uma chuva e um vento que me deixam louca e que me fazem seguir este caminho. Uma chuva que ainda inexistente funciona como a anestesia da coragem de que não preciso para possivelmente entregar a minha vida pelos que mais amo.
Amar é isto.... Amar és vezes é dar mais do que aquilo que se recebe...
Assim que alcanço o fundo da rua as lembranças correm lenta e velozmente pela minha mente fazendo o sorriso recheado de lágrimas aparecer no meu rosto.
Sinto uma dor fina no meu braço. Olho para ele e a agulha da droga está lá. Foi sempre assim....