O dia da minha consulta havia chegado. Daniel já estava em casa descansando. Jack parecia o mesmo. Nada o "incomodava". Mas eu já estava ciente que era apenas uma fachada. Eu estava aguardando minha vez de ser chamada. Sentia que iria ter um ataque cardíaco antes de olhar para a médica. Tentei me acalmar, respirando fundo. Então eu fui chamada. Levantei apressada e entrei na sala fechando a porta atrás de mim. Lá estava a Psiquiatra. Ela estava sentada em uma cadeira cor de musgo e a sua frente havia uma igual. Sentei de frente para ela, era uma senhora bonita e tinha um caderno na mão.
- Bom dia - a sua voz era suave.
- Bom dia - respondi o mais devagar possível. Eu estava suando, odiava consultas.
- Carolaine?
- Carol fica melhor.
- Tudo bem - ela era não sorriu ou pareceu rude. - Eu vou fazer algumas anotações a seu respeito, tudo bem? - assenti. - Então Carol, o que te trouxe aqui?
- Eu não sei - respirei fundo, tentando não surtar.
- Não sabe. Nenhuma pista Carol?
- Eu não sei. Minha irmã disse que eu precisava de ajuda.
- E ela está certa? Você acha que precisa de ajuda? - assenti.
- Sim - ela anotava em seu caderno.
- Por que você precisa de ajuda Carol? - seu olhar me avaliava me deixando cada vez mais nervosa.
- Eu não sei...eu...eu sinto que estou perdida.
- Perdida em quê?
- Não sei...na vida...eu acho.
- Você está nervosa? - assenti.
- Muito.
- Você já teve algum acompanhamento? - assenti.
- Não há o que ficar nervosa. Eu quero que você me conte como foi sua infância até chegar no que você é hoje. Você pode fazer isso? - engoli em seco.
- Eu posso tentar. - eu contar minha vida para uma completa estranha? Seria ainda mais difícil falar da minha vida de merda. Mas eu tentei.- Meu pai era policial...- eu contei tudo que eu pude. A morte do meu pai. Eu quis muito chorar, mas eu conseguir segurar. Os assédios dos namorados de minha mãe. A minha relação conturbada com a Andréia. A morte de Pedro e todo o resto de merda até eu está aqui no poço, com um ex dentro da casa onde estou me relacionando com alguém que estou apaixonada. Tudo. Falar em voz alto me fez ver o quanto tudo era ruim. Foi difícil, mas me fez cair na real em uma coisa. Minhas decisões sempre eram erradas. No fim de tudo eu engoli em seco. Ela só escutou em silêncio, anotando em seu caderno a cada frase. Respirei fundo e parei. - E é isso.
- Como você está se sentindo agora?
- Nervosa.
- Você tem problemas reais Carol. E há também os seus problemas psicológicos. Não quer dizer que eles não sejam reais. Quero que você venha para mais sessões. Você pode se comprometer com isso? - eu não me sentia confortável.
- Você não vai passar remédios vai?
- Se for preciso... Você quer que eu passe?
- Não. Eles me deixam sonolenta.
- Carol, você demostra um sério caso de ansiedade generalizada. Seria melhor para seu bem estar. Mas podemos fazer o seguinte. Primeiro você pode tentar vir outra vez aqui? Semana que vem? Você terá que cumprir algo que eu pedir em uma semana. Claro que você não precisa fazer isso. Mas é necessário. Entende?
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Uma Garota nada Perfeita - O Recomeço
RomanceCarol quer achar a felicidade e a paz que tantos anos procura. Nessa nova aventura,Carol terá que enfrentar seus maiores medos,enfrentando seus demônios cara a cara,para achar a respostas dos seus constantes conflitos. Nessa nova aventura poderemos...