Capítulo 4

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28 de julho: a festa

A música pulsante em seus ouvidos e os flashes de luzes coloridas espalhados pela ampla sala de estar que havia sido convertida em uma pista de dança eram o suficiente para embriagar Laura, mas ela não recusou a ajuda extra vinda dos shots de tequila que tomou logo que chegou à festa. Não tinha ideia de que horas eram ou há quanto tempo havia chegado ali e, sinceramente, não se importava. A única coisa que ficava no caminho da sua diversão era a preocupação latente com a amiga, mas havia prometido confiar nela e dar o espaço que precisava.

De olhos fechados, dançava ao ritmo da música eletrônica, as batidas envolvendo seu corpo em um ritmo que não deveria ser sensual, mas tendo seu corpo envolvido entre duas mãos delicadas e sentindo seios fartos se esfregando contra suas costas, sensualidade era tudo que exalava dela naquele momento. Não tinha ideia do nome da mulher com quem ela performava o que aos olhos de Pedro parecia a tentativa bem-sucedida de provocá-lo. Já a tinha visto pelos corredores da faculdade e conversaram mais cedo, mas isso era tudo.

Ainda de olhos fechados, Laura girou seu corpo, os pés momentaneamente grudando no chão gosmento pela quantidade de cerveja derramada, e passou seus braços ao redor da mulher. Enganchou os dedos em seus cabelos finos e a puxou para si, embebedando-se do gosto doce de seus lábios delicados enquanto sentia uma mão percorrer sua cintura e descer, alcançando sua bunda por sobre a calça. Sentiu-se momentaneamente vazia quando ela descolou a boca da sua, mas sorriu em contentamento quando abriu os olhos e viu-se sendo conduzida em direção ao banheiro. Sem que nenhuma palavra fosse proferida, Laura trancou a porta, prendendo a mulher contra a madeira escura que realçava o dourado de seus cabelos. Com um movimento único, a loira puxou-a para si, prendendo Laura tão perto de seu corpo quanto era possível, e gemeu de satisfação quando sentiu a mão quente tocando seu seio por sob a blusa. Não tinha certeza como Laura havia obtido acesso com tanta facilidade, mas estava longe de reclamar. Se beneficiaria e muito de alguém que soubesse o que estava fazendo, para variar.

Estava a ponto de protestar quando Laura retirou a mão de seu bico firme mas calou-se quando a menina silenciosamente pediu passagem por debaixo de sua saia, os olhos queimando em desejo. Prontamente separou as pernas e sentiu a pele sensível do interior das suas coxas ser arranhada com a ponta das suas unhas pelo que pareceu uma eternidade torturante até que a alcançasse por sobre a calcinha de renda. Com seus dedos habilidosos e competentes, Laura torturou-a com movimentos circulares lentos até que a loira implorasse contra seu ouvido, a voz não mais do que um gemido engasgado, arrancando dela um sorriso de satisfação. Mal reparou quando a loira apoiou a mão na pia de porcelana marfim na tentativa de manter o equilíbrio e a estabilidade das pernas bambas enquanto descia e colocava-se de joelhos na sua frente, a língua ávida e pronta para sentir seu gosto. A sensação do azulejo gelado contra a planta dos seus pés após ter se livrado dos saltos torturantes era a única coisa que conectava a loira à realidade enquanto era invadida por dedos firmes e entregava-se à sevícia a qual era subjugada pelos movimentos circulares da língua experiente da outra. Não sabia o que fazer, no auge de sua inexperiência com mulheres, e só conseguia se perguntar como havia vivido tanto tempo sem ter a boca de Laura entre suas pernas. Naquele momento, tudo que conseguiu fazer foi cravar as unhas por entre os fios grossos daquela que despertava em si sentidos que até então não sabia abrigar, enquanto era incapaz de controlar o volume do gemido de êxtase que lhe escapou pela garganta quando o clímax foi alcançado.

***

Helena fingia prestar atenção no que quer que Bianca estivesse dizendo naquele momento. A garota estava insuportável desde a Calourada, em março, e ela não estava com paciência para as lamúrias e reclamações, não enquanto via Pedro bebericar a cerveja em seu copo, o olhar predatório fixo na porta do banheiro onde havia visto Laura entrar com aquela garota do segundo ano. Vira a menina com garotos nas festas da faculdade e nos encontros na Mureta depois das aulas, então não sabia como se sentir com a ideia de ela estar trancada no banheiro com outra mulher. Confusão e incerteza estavam na lista, disso não tinha dúvidas.

Obsidiana FraturadaOnde histórias criam vida. Descubra agora