Pov Dakota:
“Sou Carmem Stoel, sou sua mãe.” Aquelas palavras se repetiam em minha mente consecutivamente e rapidamente, sem espaço de tempo para pensar em mais alguma coisa ou ter outro tipo de reação, estava intacta, sentada naquele sofá branco segurando em sua lateral com uma certa força, não, isso é uma brincadeira, e de muito mal gosto, eu era nova, mas lembro perfeitamente do som ensurdecedor, e o clarão, era o carro do meu pai explodindo, não teria como, nem um super herói sobreviveria aquela explosão, a olhei, estava agindo quase que mecanicamente, ela me olhava esperando alguma palavra, alguma pergunta, ou talvez até mesmo algum xingamento, mas nada me formulava, eu estava desacreditada, porque não conseguia fazer nada, a não ser agir como uma demente.
-Isso não tem graça, nós não devemos brincar com aqueles que já estão mortos, me admiro você Amélia, sendo uma professora renomada, brincar com algo que machuca as pessoas. -Disse séria, não teria como ser de outra forma.
-Dakota olhe para mim, procure nas suas lembranças deve ter algo em mim, que remete a lembrança de sua mãe.
Seus olhos me analisavam, e os meus faziam o mesmo com ela, mas não encontravam nada, o que tenho de lembrança é tão pouco, tão desfocado, mas seu olhar sobre mim, ela me transmitia um carinho, uma segurança, algo que não sei explicar, mesmo com esse absurdo de ser minha mãe, não conseguia sentir ódio, ela me transmitia segurança, afeto, até mesmo compreensão, mas daí já sentir aquilo que eles chamam de laços de sangue eu não sentia, ou se sentia não saberia explicar, eu me recusava acreditar, estava incrédula, e ela percebia isso, senti ela se aproximar perto de mim, se agachou em minha frente e me olhou no olhos, me arrepiei quando uma voz em espanhol, em bom som, alto e firme com confiança ecoou pela sala.
-La araña propietario trepó la pared, llegó la lluvia pesada y volcó , ha pasado la lluvia y el sol ya se está levantando y el propietario de la araña sigue en aumento.
Aquela voz, aquele sotaque mexicano, aquela canção de ninar, era umas das poucas lembranças que tinha perfeitamente em meu subconsciente, minha mãe cantava essa música para mim quando estava com medo, era uma música de ninar, a da dona aranha, era minha preferida, pois os dedos passeavam por minha barriga subindo e descendo, como assim? Ela estava viva! E me surpreendi ela subia os seus dedos pela minha barriga como ainda fazia quando menina, não poderia ser, me levantei em um súbito, e corri para o quarto onde dormia com Ethan, pegando a foto de minha mãe e analisando a mulher de anos atrás com seus vinte e poucos anos, morena como eu, desci com a foto em mãos, e analisando a mulher loira em minha frente, como não percebi isso antes, mais velha, mas era o mesmo rosto, mas como mudou tanto? Senti ela puxando a foto de minhas mãos e olhando
-Estou diferente, não? Mas tinha que mudar o máximo que pude, pintei o cabelo de louro, uso lentes, mudei meu nome, Dakota eu nunca estive longe de fato, a não ser na época de minha recuperação, mas sempre te vigiei.
Foi ai que explodi.
- E me deixou viver com aquele monstro por tantos anos, ele me bateu Amélia, sabe a dor que senti ao descobrir daquele modo que ele é um assassino, corrupto? Você é tão sem moral quanto ele, pois me deixou quinze anos no escuro.
-Não, Dakota me escute- Ela não estava abatida, estava com a voz autoritária, firme, como escutava em meus sonhos ou lembranças.
- Eu descobri que seu pai tinha matado a família desse rapaz com quem você vive, e mais outras coisas, acha que foi fácil viver com um homem que me batia, que me obrigava a me deitar com ele, ele sempre te tratou como a menina dos olhos dele, e você sabe.
-PURO FINGIMENTO- Gritei
-Verdade, mas ele só te agrediu por descobrir como eu, o outro tipo de vida dele, ai se revelou e se comportou como homem que é.
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Ruthless ✓
ActionO quão pode ser perigosa uma atração? Quantos segredos uma pessoa pode ter? Dakota conhece uma realidade, mas não imagina o quão obscura sua vida pode ser. O passado no presente, que deixam reflexos no futuro. Poderá ela compreender e aceitar o q...