O começo

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Pov Narrador:

 
         Depois que Benjamin viu, que realmente sua irmã estava tranqüila e em um sono profundo, depois de meses, aquela era a primeira noite que ela realmente descansava e isso o deixava mais alíviado, ele estava andando pelo seu quarto em círculos, as palavras, ou melhor as ameaças que Thiago fez envolvendo a menina que ele amava o atormentavam, ele não poderia deixar que sua Tamires se machucasse por sua falta de caráter e fraqueza, por sua culpa, ele que errou, ele que teria que pagar, ele sabia que nesse mundo obscuro, eles não tinham pena mesmo, cobravam caro as dívidas, sem se importar se aquele preço fosse a morte de alguém querido e inocente. 
Sua boca começou a secar, ele sentia seu corpo suar, e uma tremedeira passar por todo ele, estava a mais de um dia sóbrio, seu organismo pedia pelo seu alivio, seu prazer momentâneo, ele fechou os olhos, ele prometeu a Tamires que iria tentar, e faria de tudo para cumprir, um Fontaine nunca quebrava uma promessa. 
-Respira Benjamim, calma, você consegue. 
Ele falava para si mesmo, ele não poderia ir atrás de drogas, ele não podia  fazer mais isso, fechou os olhos e lembrou do olhar de sua irmã em cima de si, ela o analisava ele tinha percebido isso, ela se cortando, ele não pode errar, mas estava difícil, a imagem da Tami se fantasiava em sua mente, sendo pega, abusada e morta por Thiago, ele parou abruptamente como se fosse em um desenho animado, e uma lâmpada se ascendeu em sua cabeça, ele acabara de ter uma idéia, o cofre, seu pai sempre mantinha uma boa quantidade de dinheiro ali, ele falava que era para emergências e os filhos sabiam a senha, sempre souberam, o pai os deixavam ter acesso a quantia, desde que prestassem conta de quanto pegou e para o que pegou, isso era uma emergência, não era? Era sim, envolvia a segurança da mulher que ele tinha escolhido para ser dele para todo o sempre, depois se entendia com o pai, ele precisava de cem mil, era absurdo aquilo, ele tinha dado um carro exclusivo no mundo, e mesmo assim ainda devia, ele sabia que Thiago estava se aproveitando do seu medo, e sabia muito bem que ele era um Fontaine, dono de umas das fortunas mais estimadas do mundo, e aquele traficante estava se aproveitando disso, mas brigar com um traficante, não era nada bom, ele sabia que havia se metido em um problemão, mas a sua morena seria salva, roubar o próprio pai, isso era errado, a vontade em seu corpo estava o deixando louco. 
-Benjamim, você é maior que isso tudo, se concentra seu merda. 
Passou as mãos em seu rosto e olhou no relógio em seu criado mudo sendo uma e cinquenta e sete da manhã, ele passou pelo quarto de Sophie e a mesma estava dormindo enroladinha nas cobertas, viu os olhinhos do cachorro o observando, andou mais depressa e passou pelo quarto dos pais, o mesmo estava fechado, mas podia ver pela fresta embaixo da porta que nem mesmo um abajur tinha aceso, escutou um suspiro forte, logo percebeu que era seu pai dormindo, eles estavam cansados e parte disso era sua culpa, ele sumiu por três dias, mesmo sabendo que Sophie não estava em seu melhor momento, péssimo filho que ele é, e ele iria provar isso mais uma vez, roubando a casa de seus pais, desceu as escadas sem olhar para trás, se não ele não teria coragem. 
Como uma pessoa sóbria e determinada, pensa antes de agir e Benjamin estava percebendo isso, ele estava pensando, se fosse para comprar sua droga ceder a vontade do se corpo ele já estaria longe, mas era para dívida, uma dívida dele, e se sentia imundo por roubar o pai, até hoje ele tinha usado somente o que era seu, mas agora ele estava passando a linha do limite, quebrando a confiança, entrou no escritório, indo até a parede e tirando um quadro que tampava o mesmo, não era por questão de segurança, isso a casa tinha de sobra, era simplesmente porque, Dakota odiava aquele metal na parede, então o ocultava, sua mãe preferia uma foto do dia do casamento dos dois, era com certeza mais bonito de se ver, tirou o quadro com cuidado se deparando com o cofre metálico com os botões e visor eletrônicos, digitou a senha, tão simples, mas com um significado enorme para aquela família, oito dígitos, o dia do nascimento dos quatros integrantes da família, do mais velho para o mais novo, o som do bip foi ouvido e a tranca destravada, a porta se abriu, tinham alguns documentos importantes em pastas, mais ao fundo estava em pilhas os dólares, notas entre cinquenta e cem, elásticos em grupos a cada dez mil feito, ele viu um papel e viu que o valor que continha no cofre, conferido pela última vez era de, quinhentos e cinquenta mil dólares, tirou dez maços com o valor de dez mil cada e os colocou em cima da mesa, ali tinha os cem mil que precisava, fechou os olhos para bater à porta do cofre. 
-O que você está fazendo Ben? 
Ele tomou um susto, ele sabia de quem era aquela voz, mas não esperava nunca por aquilo, ele virou e se deparou com uma Sophie o olhando atenta, estava com uma blusa amarela grande do bob esponja, grande e de mangas compridas, tampando seu corpo e o curativo que ele fez em seu pulso, uma calca branca de moletom e pantufas, com o Spike em seus braços o olhando intensamente, ela havia falado, depois de meses ela tinha falado, e para ele, aquilo devia ser um aviso dos céus. 
-So-Sophie- Ele gaguejou, ele não estava certo se aquilo tinha mesmo acontecido, ou se era fruto da sua imaginação fértil o alertando que aquilo não era certo. 
- Por que estava mexendo no dinheiro do papai Benjamim? - Sophie disse calma e o olhando 
Ele se segurou na mesa para não cair, ela tinha falado e muitas palavras de uma vez, não era coisa da sua cabeça. 
- Eu estou desesperado, não queria fazer isso minha irmã, mas ele vai matar ela. 
Ele começou a chorar, não devia mentir, Sophie se aproximou e o abraçou ele se assustou, ela não tinha contato com ninguém e com poucas horas ela já o havia abraçado duas vezes e apertado, ela ficou com ele até a crise de choro dele parar. 
Os irmãos, sem perceberem estavam ajudando um ao outro, Benjamin precisava que a Sophie o ajudasse, afinal mesmo sendo coisa da cabeça de um jovem ainda, ele se sentia culpado, e ela por sua vez precisava quebrar esse medo, mas esse medo sempre gritava e ela recuava, ela sabia que seu irmão precisava de ajuda, mas o medo, sempre a merda do medo a impedia de tentar algo, no fundo ela sabia que ele e nem seu pai a fariam mal, mas a bosta da insegurança a atormentava dia e noite e foi quando seu cachorrinho a acordou que viu seu irmão passando pelo quarto dela, a princípio ela achou que ele iria se drogar e ela iria o impedir de fazer isso consigo mesmo, mas se surpreendeu ao ver o mesmo no escritório com tanto dinheiro em cima da mesa do seu pai. 
Benjamim estava mais calmo e a soltou, eles se olharam por longos minutos. 
-Benjamim conversa com nosso pai, ele pode ajudar você. 
-Não tenho tempo Sophie!
-Tem sim, por favor Benjamim por mim, não se meta em mais confusão, vamos nos reerguer juntos um apoiando um outro. 
Ela suspirou 
- Você faz o que papai quer para não ter mais esse vício, e eu tento também passar pela psicóloga que a medica queria, vamos pensar na mamãe, no nosso pai, por eles vamos tentar ser os mesmos de antes Benjamin, mesmo que algo dentro de nós tenha se quebrado. 
Sophie falava aquilo incerta, mas ela queria ver seu irmão bem, ela queria ver aqueles olhos negros como os da sua mãe e seu pai brilharem como sempre brilhou, eles decidiram que não iriam contar nada o que aconteceu naquela madrugada aos pais, seria um segredo deles, guardaram todo dinheiro de volta, e foram para sala se sentaram no sofá, o silêncio tomava conta do ambiente, não estavam com sono, mas ficariam quietos para não acordar os pais. 
-Sophie quem fez tanto mal a você? – Benjamin perguntou com receio.
Sophie se encolheu no canto do sofá, fechou os olhos e começou a lembrar do Alex a ameaçando, que se contasse mataria sua mãe, sua avó, depois de fazer aquilo, fazer sentir toda dor que ela sentiu, ela não queria que sua mãe sentisse o que ela sentiu, era sujo, imundo, doía, nojento, não tinha adjetivo bom para o que Alex a fez sentir, ela começou a tremer, cenas da violência passavam em sua mente, das cintadas, do beijo forçado, a hora que ele a pôs de joelho e colocou seu pênis na boca dela a forçando a ter ânsia de vomito, ela sendo filmada, soluçou alto e se agarrou a Benjamim, era como se aquele homem estivesse ali perto e seu irmão mais velho não o deixaria se aproximar, Benjamim viu seu desespero, ele não devia ter tocado naquele assunto, esperaria estar mais forte e assim conversarem. 
-Calma Sophie estou aqui- Ele dizia enquanto afagava os cabelos acastanhado dela, e ela foi se acalmando, ele estava começando a se sentir útil para sua irmã caçula, ela se acalmava com seus toques e falas.

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