capítulo 1

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Narradora on****

Roswell, Novo México, 02/11/2017, 00:30.

Luna Martínez andava pelas ruas coloridas de sua cidade que agora festejava os mortos, ela caminhava rumo à sua casa. Chegando na mesma ela rapidamente sobe as escadas e adentra seu quarto.

O quarto da jovem era simples, uma cama, uma cômoda e um armário. Mas ela não ligava para isso, tudo em seu quarto aos seus olhos era perfeito. As manchetes rasgadas dos jornais coladas nas paredes, seus desenhos de possíveis naves espaciais coladas na cômoda, pôsteres de aliens enfeitando a porta, e na enorme janela, um telescópio. Dado por sua mãe antes de sua morte, aquele era sem dúvida seu porto seguro.

Por Luna acreditar nos tais "E.Ts" ela ficou mal falada em sua rua, sofria bullying na escola e muitos à achavam esquisita. Mas Luna nunca ligou, pois para ela tudo o que importava era as estrelas e todos os segredos que elas escondiam. As galáxias distantes e silenciosas, os planetas desconhecidos e o vazio. O desconhecido todas as vezes tirava o sono da jovem que sonhava acordada em sua janela, sonhava em viajar para lugares longínquos e misteriosos, sonhava em ver as cores de um cosmos com seus próprios olhos, e o que era mais curioso para ela. Conhecer os tais seres extraterrestres que sempre foram fascinantes aos seus olhos.

Luna jamais acreditou nas fábulas hereditárias que diziam que esses seres de outros planetas eram verdinhos e baixinhos, com antenas e olhos grandes. Não, ela nunca os imaginou assim, para ela, eles eram como os humanos, porém não eram destrutíveis ou ingênuos. Ela sempre os via como seres que usavam a razão e não as emoções.

Luna se deita em sua cama e repensa o que aconteceu dias atrás.

Como isso pode ser possível? Não acho que eu tenha sido a única que reparou isso. A cidade ter um apagão do nada e então um asteroide bater na fazenda ao leste da estrada, por que eu acho que não foi coincidência? Eu tenho que parar com isso! Já vou fazer 17 anos. Não posso pensar como uma garotinha encantada com o desconhecido....

Mas ele te atraí não é? O desconhecido?

Se concentre Luna! Pense em outra coisa!

Ou não pense, você sabe que eles existem, você sente...

Luna: não acredito que estou falando comigo mesma! (Ela diz coçando a cabeça)

Logo Luna ouve uma batida leve na porta, era sua irmãzinha Maria.

A pequena de cabelos loiros se aproxima da morena e se senta na cama.

Maria: hermana, vamos comigo ver nossa madre? (Ela pergunta feliz enquanto mostrava sua maquiagem de catrina)

Luna: não sei Maria, estou ocupada agora...(Luna diz se levantando e indo até o telescópio)

Maria: hermana mira, só vemos nossa madre uma vez por año....por favor. (Maria fixa seus olhos azuis em Luna)

Luna: *suspiro* certo...

Luna morava na casa de sua tia junto com sua irmãzinha Maria que tinha apenas 6 anos. Seu pai abandonou a pequena com Luna depois que a mãe das duas morreu assim que Maria nasceu.

Luna anda com Maria para fora da casa e então as duas caminham de mãos dadas pelas ruas de Roswell, as adolescentes encaravam Luna com certa repulsa e depois encaravam Maria como se sentissem pena.

Luna se sentia mal por saber que sua curiosidade pelo desconhecido afetava também sua querida irmãzinha.

Mas como se a mente de Luna fosse um livro aberto, ela sente sua mão ser levemente apertada.

Maria: hermana, não me importo com você sendo louca, te quiero como eres. (Maria encara a maior e sorri)

Luna suspira e então mostra um sorriso de lado para a loirinha que a puxa e adentram o cemitério.

Logo o sorriso das duas somem dando espaço para a melancólia. As duas se ajoelham na frente do altar e então Luna acende as velas enquanto Maria deixava as frutas e pães no altar.

Maria junta as mãos na frente do rosto e então começa à orar.

Luna faz o mesmo e após alguns minutos as duas terminam as orações e Maria entusiasmada se levanta.

Maria: posso brincar com a Marta e a Estela? (Ela pergunta animada)

Luna pensa um pouco e então se levanta.

Luna: tudo bem, só não demore muito e volte para casa antes das luzes apagarem! (Luna fala séria)

Maria: certo, certo! Gracias!

Dito isso Maria corre para longe da visão da mais velha.

Luna suspira cansada e então começa a vagar sozinha pela cidade, Luna anda sem rumo até reparar que estava em um lugar desconhecido. Um campo aberto e sem a iluminação da cidade. Somente as estrelas e a Lua faziam presença.

Luna sorri vendo de longe o lugar no qual ela sempre soube que pertencia.

Porém seu sorriso desaparece quando vê uma luz azul se intensificar entre as estrelas. A luz parecia se aproximar do campo mais e mais, até que pudesse se ver por completo o que aquilo era.

Os olhos de Luna se enchem de lágrimas e então do nada a nave some rapidamente deixando apenas um filete de luz no céu.

Luna: tenho que contar pra tia! (Ela diz sorrindo)

Ela não vai te chamar de louca de novo?

Eu não sou louca!

Não é o que pensam...

O que eu devo fazer?

Faça como sempre, siga em frente...

Mas...

Pense em Maria, como ela ficaria se perdesse os poucos amigos que tem para sua "loucura"...

Maria....eu...

Eu sei, não vamos falar sobre isso...será nosso outro segredo...

Luna: será meu segredo...

Dito isso Luna olha ao redor procurando saber por onde veio.

Ela então acha uma estrada familiar e anda até ela. Caminha uns vinte minutos e quando chega a sua casa ela sobe cansada as escadas, adentra seu quarto e cai de vez em sua cama, se esquecendo de fechar sua janela.

O vento frio soprava e adentrava o quarto da jovem que dormia como uma pedra devido ao cansaço, sua tia abre um pouco a porta e espia sua sobrinha dorminhoca, ela sorri orgulhosa. Mérida sempre soube que sua sobrinha era especial, tinha puxado essa curiosidade de sua falecida irmã. Ela sempre teve esse desejo pelo desconhecido também.

Logo depois que Mérida fecha a porta e se tranca em seu quarto para dormir, uma luz azul surge riscando o céu por cima do vilarejo.

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