Capítulo 29 ✖

65 10 26
                                    

Leia ao som de : Touch It, Ariana Grande

{•••}

Hansol saiu correndo de casa naquela tarde nublada, ignorando as ordens de seu padrasto, as lágrimas de sua mãe. A raiva e a tristeza eram as únicas coisas que haviam em seu coração, o que o faziam ignorar toda a lógica, pondo seus sentimentos sobre tudo.

Ele andou tanto ao ponto de chegar à praia. Geralmente, levaria uma hora e meia para chegar àquele pier, mas, nesse dia, nesse dia em específico, parecia ter levado cinco minutos. O tempo passava rápido, rápido até demais.

O pier estava vazio. Se houvesse dez pessoas ali, era muito. O que era estranho, já que Santa Monica era um cartão postal da Califórnia. Hansol encostou-se na grade, olhando o mar, desabafando com aquele céu nublado quase tão triste quanto ele mesmo.

No bolso do casaco dele, havia uma foto de seu pai; aquela que estava junta à carta, e que pegou rapidamente antes de fugir de casa. Vernon, na época recém-debutado, tinha quase a mesma idade de seu filho, estando apenas três anos mais velho.

- Por que a mamãe fez aquilo? - questionava-se em voz alta, encarando a foto. - Eu queria te conhecer, pai. Queria te abraçar, te contar todas as minhas dúvidas...

Os pingos da chuva começaram a cair sobre sua cabeça. Hansol logo levanta o rosto, deixando-os molhá-lo, misturar-se com suas lágrimas. Então, um grito forte e alto deu. Deixando parte de sua raiva ir embora junto ao eco. Sua respiração pesa, seu rosto torna-se vermelho novamente e as lágrimas voltaram com mais força.

Era como se o mundo tivesse parado. Apenas a chuva caia, aquela que vinha de seus olhos, aquela que vinha também do céu cinza, como a blusa que Hansol vestia. Ali ele ficou, olhando a foto de seu pai, daquele homem que parecia ter saído de um filme de romance, de uma passarela, talvez. Ele deveria ter sido o sonho de muitas garotas, sua mãe era sortuda por tê-lo.

- Pai... - sussurrou. - Pai, eu quero te ver. Eu quero te conhecer... Tenho tanta coisa para te perguntar, tantas dúvidas. Onde você está?

Olhou para o mar abaixo daquele pier; para sua profundidade.

- Eu... Eu não sei onde está, mas sei como posso te encontrar. - decidiu-se. - Tá doendo, pai. Meu peito. Tá doendo demais. - batia forte em seu peito. - Deixe-me me livrar disso... Deixe-me tirar essa dor de mim! Deixe-me acabar com essa maldita esperança infantil que ainda existe em meu peito... Eu só quero te tocar, sentir o seu calor e... Te chamar de pai.

De longe, alguém observava seus pedidos. Sem querer ser percebido, apenas esperando a coragem para falar com aquele menino tão perturbado.

A noite chegou. A Lua brilhava por entre as nuvens. Hansol, por sua vez, perdia o brilho infantil que tinha a cada segundo que passava, tornando-se frio, triste. Até que finalmente ele tomou coragem: guardou a foto de seu pai no bolso da calça, colocou a mão sobre os ferros de proteção molhados e elevou seu corpo para jogar-se, mas, antes que pulasse, sentiu braços magros e quentes - que contrastavam com seu corpo tão gelado - o abraçar.

Ele gelou. Seu coração bateu mais forte. Suas lágrimas não paravam de cair.

- Não tem nada pra você ver ai no mar.

- M-Me solta. Por favor.

- Não se você for se jogar.

- Eu quero ver meu pai!

- Tenho certeza que seu pai não está ai. Você não vai tirar sua vida, Hansol. Eu não vou deixar.

- Você parou de falar comigo há uns três anos, Peter. Aposto que só faz isso pra se sentir menos culpado.

Carpe Diem: Playground [pt.3] EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora