Capítulo 23 ✖

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~ Três anos depois ~

- Acorda, dorminhoco! Tá atrasado!

- Ah, mãe. Não quero ir à escola.

- Por quê? Ontem mal conseguiu dormir por ansiar tanto ao seu primeiro dia no Ensino Medio!

- É, eu sei, eu sei... Mas é que fui dormir tarde e... - caiu no sono novamente.

- Levanta! Bora! Sem moleza! Vamos querer!

- Eu não entendo quando você fala português, mãe!

- Quer deixar a Lily esperando lá embaixo?

- Lily? - acordou num pulo, saindo da cama. - E-Ela tá aqui?

- Se arruma que ela tá lá na sala.

- OK! Já vou!

Ela desceu as escadas, indo à cozinha, enquanto ria da situação.

- Conseguiu acordá-lo?

- Consegui! Tive que contar uma mentirinha boba, mas pelo menos ele acordou!

- O aniversário é em abril. Já sabe o que vai dar a ele?

- Um celular novo. Hansol tá me enchendo o saco desde o ano passado para comprar isso e...

- Quer café, amor? - interrompeu-a rapidamente.

- Uhum. - concordeu. -... E vou comprar um.

- Tava pensando em comprar uma passagem à Coreia pra ele. Passar um mês com os meninos, sabe? Desde que seu pai faleceu, notei que ele ficou mais pra baixo, isolado. Só fala com a Lily e raramente com o Mingy, eu e você...

- Vou conversar com ele. Pode deixar...

- Como que a Rose tá?

- Ele preferiu ficar em casa, com os filhos. Foi triste o fato de ter perdido o marido pela segunda vez, sabe? Meu pai era muito querido e deixa saudades, mas... Não podemos sofrer por isso para sempre.

- Isso foi sobre... Ele?

- Também.

- Lily, desculpa a demora, eu... - chegou Hansol à cozinha, apressado. - Ela não tava aqui, né?

- Não.

- Qual é, mãe!

- Tá pronto? Vou te levar à escola hoje!

- Sério? - disse ele, revirando os olhos.

- Sim! Vamos! Dá tchau ao Cheol para irmos! - exclamou S/N, indo à sala e passando a mão rapidamente sobre a mesa, pegando as chaves do carro.

Ao entrarem no carro, por alguns minutos, ficou tudo em silêncio, aquele silêncio em que eles dois, antes tão próximos, agora, porém distantes, estavam acostumados. Infelizmente, acostumados.

- Como vai seu namoro com a Lily, filho?

- Vamos bem...

- Sente falta dos hyungs?

- Eu venho falando com eles pela internet. Fazemos tantas video chamadas, ligações, que bem dá pra sentir falta!

Mais alguns minutos de silêncio se passaram.

- Aconteceu alguma coisa que queira me dizer? Porque desde a morte do...

- Não, mãe. Isso não tem nada a ver com o vovô.

- Tem a ver com o que? Me diz! Éramos tão próximos, o que nos distanciou?

- O fato de você estar me distanciando do meu pai! Não é porque se divorciaram que não tenho direito de vê-lo!

- Divórcio? Filho...

- Mãe, me deixa descer do carro. Vou andando até a escola.

- Fica sentado ai. Não acabei de falar! - exclamou, firme. - A gente precisa conversar sobre uma coisa.

- Sobre o divórcio de vocês?

- Não, deixa-me...

- Sobre não me deixar conhecer meu pai?

- Não. Hansol, deixe-me falar!

- Então eu não quero saber. - abriu a porta do carro, batendo-a com força, após sair do veículo.

{•••}

- Hyung! Que saudades! - disse Jun, ao atender a ligação de Cheol.

- Também estou cheio de saudades de vocês.

- Quando volta à Coreia?

- Todo final de ano eu volto pra lançar um EP. Você sabe disso. Logo mais eu tô ai e esse ano não voltarei sozinho!

- Vai vir com quem? A S/N e o Hansol?

- Sim, com o Hansol e a minha esposa.

- Esposa? - riu, surpreso. - Oh, já se casaram?

- Érr... Ainda não. A gente vai casar aqui ao fim desse ano, mas eu gosto de chamá-la assim. Ainda é fevereiro, esse ano promete.

- Então quando chegarem aqui, já vão estar casados?

- Espero que sim. Mas eu não te liguei para falar dos meus planos com ela, e sim do Hansol.

- Aconteceu algo com ele?

- Ele tá naquela fase chata da vida: brigando com os pais, principalmente com a S/N; andando estressado e arrisco dizer que ele tem um grau leve de depressão. Queria deixá-lo por um mês com vocês e distanciá-lo dessa rotina desinteressante e "broxante", como ele diz.

- Ele me disse que gostaria de vir para cá sozinho... - comentou.

- Sozinho? Não, não... Não colocaria meu filho sozinho num aeroporto!

- Você gosta mesmo desse garoto, hein? - sorriu fraco.

- Ele é... Meu filho de criação, Jun. Estou com ele desde muito antes do nascimento e... Tenho um laço muito forte com ele.

- Então vamos fazer o seguinte: eu vou ai pros Estados Unidos, passo um mês e quando eu voltar para Coreia, trago Hansol comigo, no mês de férias dele.

- É uma boa ideia. Vou falar com a S/N sobre isso e depois te ligo novamente para confirmar. - disse. - Obrigado por isso.

- Não precisa agradecer, hyung! Se precisar, é só nos ligar!

A ligação foi encerrada no exato em que S/N chegara em casa, coincidentemente.

- Ele acha que eu e o Vernon estamos divorciados.

- Quem? O Hansol?

- Quem mais poderia ser? - entristeceu-se. - Não consegui contar! Ah, aquele garoto tem a mesma teimosia do pai. Não queria me ouvir de forma alguma! Eu quase contei! Quase! Mas ai ele saiu do carro e...

Cheol aproximou-se dela, com aquele jeito que a conquistou: sereno, apaixonado, como um "galã de novela", assim a mãe dela taxava Cheol.

- Você está muito estressada ultimamente, sabia? - segurou na cintura dela, aproximando-a ainda mais de seu corpo. - E a gente tem a casa toda por muitas horas para perder o estresse.

Ela sorriu, entendendo o que ele queria dizer. S/N deu-lhe um beijo delicado de início; com o passar do tempo, tornou-o necessitado, excitante.

- Eu te amo. - dizia ele, descendo seus beijos ao pescoço dela. - Como nunca ousei amar outra mulher.

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Carpe Diem: Playground [pt.3] EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora