Capítulo 1 ❌

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A ele, vermelho; vermelho sangue. Aquela cor que ainda existia em sua mente infantil.

A ela, preto; preto da escuridão que criou a si mesma e a sua família.

2024, Seul, Coreia

  O barulho dos "bipes" ecoava por todo aquele lugar. Acho que estava em um hospital.

  Mesmo não reconhecendo as vozes, sempre ouvia a de uma mulher que dizia "Siga em frente. Não desista. Estarei aqui quando acordar, querido.", mas, sempre que eu parava de sonhar, ela nunca estava lá para ver meu acordar. Logo, dei-lhe o nome de Guia, já que me guiou à saída.

  Quando cheguei àquela clara saída, mentalmente, estava acordado; porém meu corpo insistia em não se mexer. Mesmo ouvindo todos e tudo à minha volta, sentia-me preso em um agoniante pesadelo, sem conseguir gritar ou acordar. Talvez aquilo fosse a morte. Não sabia ao certo.

  As luzes eram fortes e incômodas e ficavam cada vez mais próximas. Fechei os olhos mais forte, gemendo fraco por conta de uma forte dor no braço. Aos poucos, abri-os, acomodando-me à claridade.

  Por intravenosa, estava tomando soro. Por isso meu braço doía tanto. Havia marcas roxas por ele junto a inúmeras de furos.

  Comecei a salivar de forma ridícula; uma forte dor tomou conta de meu estômago e senti que, a qualquer momento, eu iria vomitar por não aguentar aquela dor fortíssima de cabeça.

  E realmente não aguentei. Comecei a retirar aquelas agulhas do meu braço com uma cara confusa. Porra, aquilo dois demais! Senti-me aliviado por tirá-las.

— Desculpe-me a demora, eu... — uma mulher dizia, entrando no quarto. Ainda confuso, como uma criança assustada, levanto os cobertores, escondendo-me dela. Levo um susto maior ainda ao ela deixar sua bandeja de alumínio junto a uns frascos de remédio caírem no chão. — Não vou te machucar! Fique calmo!

  Continuo em silêncio, respirando de forma ofegante, com medo.

— Você... Finalmente acordou!

— S-Sim... — eu acho, penso. Poderia ser mais um pesadelo. Como vou saber?

— E-Eu não consigo acreditar... — dizia, surpresa, emocionada.

— Quem é você?

— Quem sou eu? Sou sua mãe! Não se lembra?

  Abaixo os cobertores, podendo olhá-la nos olhos, cara a cara. Balanço a cabeça negativamente, confuso.

— Sabe onde está?

— Num hospital...

— Do que se lembra?

— Quem é você? Uma enfermeira?

— Não sabe quem sou eu?

— Eu reconheço sua voz de... Sonhos distantes.

— Que sonhos?

— Eu não sei! — gritei. — Eu não sei! Pare de me fazer perguntas!

— Vou chamar a enfermeira e o médico... Não saia dai!

  Sua voz, que antes demonstrava tanta felicidade, transformou-se em puro desânimo.

  Como espera que eu saia daqui? Estou entubado e exausto... Por que estou tão cansado se acabei de acordar? Por quanto tempo dormi? Ah, deve te passado o dia inteiro...

Carpe Diem: Playground [pt.3] EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora