Capítulo 38: fim

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Leia ao som de: Angels - The XX


Janeiro do ano seguinte, Coreia

Depois daquele beijo que Vernon me deu, descobri que todos esses dezesseis anos estive enganada; depois daquele beijo que Vernon me deu, descobri quem era o amor da minha vida de verdade.

Olhei-me uma última vez no espelho. Hansol me dizia o quão linda eu estava, o quão bem aquele vestido de noiva estava em mim. Mal conseguia segurar minhas lágrimas, já que venho sonhando com essa cena há vários anos que se tornaram quase que duas décadas.

ㅡ Mãe... Tá na hora. - meu coração acelerou, gelou. - Não chora! Não chora! - secou minhas lágrimas. - Você está linda, mãe!

Entrelacei meu braço ao dele, que logo me entregou o buquê de flores - rosas amarelas, minhas favoritas -, e deixei que as portas da igreja se abrissem. No fim daquele tapete vermelho, sobre o altar, estava ele, o amor da minha vida, o cara que eu sempre fui perdidamente apaixonada, de terno, mal conseguindo segurar-se de tanta felicidade.

ㅡ Você está tão linda... ㅡ sussurrou ele de longe.

ㅡ Você também...

Quando cheguei perto dele, olhei-o no fundo dos olhos. Minhas pernas ficaram bambas novamente, meu coração, acelerado. Era como se estivesse o vendo de novo, pela primeira vez, na nossa adolescência, dando aquele nosso primeiro beijo às escondidas, que ainda que fosse muito errado, eu tinha gostado pra caramba.

O padre continuava a cerimônia e a única coisa que eu podia fazer era olhar o amor da minha vida e vê-lo incrivelmente gostoso com aquele terno.

ㅡ S/N Martins, você o aceita como seu legítimo esposo?

ㅡ A-Aceito.

ㅡ E você, Choi Seungcheol, aceita S/N Martins como sua legítima esposa?

- Aceito! Com certeza, aceito!

Depois de trocarmos as alianças, finalmente ouvi o "pode beijar a noiva". Aquele beijo, caramba, aquele beijo foi o melhor beijo da minha vida. Todos que estavam sentados, levantaram-se, comemorando os mais novos recém-casados.

- Eu te amo.

- Eu também te amo, Choi Seungcheol.


{•••}

Se minha vida fosse um livro de romance clichê, eu com certeza teria aceitado fugir com Vernon há alguns meses, largando minha vida para viver algo adolescente.

Eu já tenho quase quarenta anos. Essas loucuras não são para mim. Minha filha, Grace, meu filho, Hansol, meu esposo, os meninos, meu emprego, minha vida. Como eu poderia largar tudo isso para viver um antigo e e inconsequente romance adolescente? Vernon têm filhos pequenos, uma esposa que precisa dele, uma mãe doente.

Quado somos adolescentes, costumamos nos prender muito ao "agora ou nunca", mas jamais às consequências. Afinal, que consequências? Somos dependentes, com responsabilidades quase que nulas. Meus filhos dependem de mim e por mais que Vernon tenha sido o meu grande amor juvenil, convenhamos, minha juventude já passou há bastante tempo.

O grande amor da minha vida adulta era Cheol, o cara que eu sou apaixonada desde aquele beijo às escondidas dentro do carro. Toda vez que eu olho pra ele é como se eu me apaixonasse de novo. Toda vez que olho à nossa Grace, lembro-me do quão bem aquele cara gostoso de quase um metro e oitenta fez pra mim nesse tempo todo em que estamos juntos.

Sobre Vernon, eu e ele ainda tínhamos um grande vínculo, que era nosso filho. Após aquele beijo, dias depois, tivemos uma conversa, esclarecendo tudo: já não nos amávamos mais.

Para ele, era apenas um sentimento de rebeldia adolescente que ainda o acompanhava.

Para ela, dúvidas, questionamentos, saudades.

Quando cheguei em casa após aquela pequena briga com Cheol, após aquele beijo, vejo-o ido embora, já de malas feitas.

ㅡ Ei! Ei! Ei! O que tá acontecendo aqui?

ㅡ Você escolheu o amor da sua vida, não foi? Vai lá com ele! Coloque-o dentro da nossa casa e sejam felizes juntos! Mas eu só te digo uma coisa: na minha filha, ele não coloca as mãos!

ㅡ Cheol, entra. A gente precisa conversar!

ㅡ Eu não vou...

ㅡ PAREM DE BRIGAR E ENTREM LOGO! ㅡ gritou Hansol.

Assim fizemos, parando de discutir.

ㅡ Fala o que você tem logo pra dizer, S/N.

ㅡ Eu e Vernon fomos a uma cafeteria e... A gente se beijou.

ㅡ Ah, então venho para me contar os detalhes?

ㅡ Deixe-me terminar! ㅡ exclamei. ㅡ Você é o amor da mina vida, Cheol.

ㅡ E por que teve certeza apenas depois do beijo?

ㅡ Não senti nada naquele beijo. Foi... Foi sem sentimento, foi só... Um beijo. Não teve sentimento.

ㅡ Então por que ficava se lembrando dele o tempo todo? Por que simplesmente não admitiu que...

ㅡ Era apenas saudades e... Coisas que ficaram presas por tanto tempo que eu precisava dizer a ele! Agora que eu consegui dizer... Que eu consegui me despedir... Ficou tudo mais claro!

ㅡ Tudo o que?

ㅡ Que eu sempre te amei.

ㅡ Então...

ㅡ Me perdoa por brigar com você. Por gritar com você e por nao dar a atenção necessária a vocês dois. Isso nunca mais vai acontecer. E, Cheol.... A gente ainda vai casar naquela igreja coreana que você me disse há uns dias?

- Sim... É claro que sim.

- Eu amo você.

- Eu também amo você.

{•••}


PS: "Desculpe-me, meu velho amor, mas eu não te amo mais."

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Carpe Diem: Playground [pt.3] EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora