Capítulo 31 ❌

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A última aula naquela semana de filosofia do primeiro ano estava acontecendo. Informalmente, apareci na escola quase todos os dias para levar Rimena, que ainda ia à escola para acertar algumas coisas de sua demissão e se despedir de seus amigos. Agora, ela queria dedicar-se à familia, ao nosso lar. Quando nossos filhos estivessem maior, voltaria a dar aula, dessa vez, em ensino médio.

Durante a semana, notei que Hansol mal aparecia nas aulas dos outros professores, o que me preocupou bastante.

- Leiam, turma, por favor, a página 30 e façam o que de pede. - pedi. - Lily, venha aqui fora! Preciso falar com você!

Ela assustou-se. Provavelmente, achou que levaria uma bronca.

- O que foi, professor? Fiz algo?

- Não, você não fez nada. - sorri, acalmando-a. - Soube que você e o Hansol namoram e...

- Sim. Namoramos.

-... Estou preocupado com ele por estar faltando a semana toda! Tem notícias dele?

- Ah, eu achei que ele tinha trocado o horário das aulas, porque ele ainda me traz todos os dias na escola.

- Ele chega a entrar aqui?

- Sim.

- Já sei onde ele possa estar. Diga à turma que já volto.

Fui rapidamente ao banheiro masculino, sabendo que havia sempre um grupo matando aula por lá. Geralmente, usando drogas. Mas o que ele, que era sempre tão "certinho" fazia por lá?

Dito e feito. Lá estava o grupo junto a Hansol. Olhei-os com um ar sério, gritando: - Vocês deveriam estar na aula!

- Calma ai, tio. A gente tá aqui se divertindo junto ao nosso novo amigo. Quer um cigarro pra acalmar esses nervos?

- Vocês estão doidos? Saibam que a diretoria estará ciente disso! Vão para a sala de vocês! AGORA!

Mesmo que não quisessem, foram às suas respectivas salas, obedecendo às minhas ordens. Ser professor também é uma profissão arriscada. O que aconteceria depois daquilo? Eles poderiam estar lá fora, esperando para fazer qualquer coisa comigo, ignorando o fato de eu ter uma vida, uma família.

Ainda que muitos tenham medo disso, a desvalorização ainda era tremenda. Os professores sempre foram uma autoridade dentro de sala. E agora? São o que? Com certeza nada a muitas pessoas, uns "tolos".

- O que você tava fazendo com eles, Hansol? - pergunte, bravo. - Você usou algum tipo de droga?

- Não, você chegou bem na hora.

- Que bom que eu cheguei bem na hora para pelo menos salvar você! Por que estava matando aula?

- Já tenho pontos suficiente na sua matéria. Não preciso ficar mais nessa merda se lugar!

- Que palavreados são esses? O que tá acontecendo com você, Hansol? O que houve?

- Tenho certeza que não é da sua conta!

- Tem razão. Não é da minha conta, mas você é como um filho para mim, sabia? Eu me preocupo com você muito mais do que eu deveria, como professor. Não quero você perto desses garotos sem futuro. Hansol, você vai ser um grande advogado. Eu tenho certeza porque é seu sonho e nada pode te impedir de realizá-lo! Cara, você vai ter tudo!

- Mas eu não tenho o que eu mais queria.

- O que?

- Meu pai. - abraçou-me fortemente, chorando.

Carpe Diem: Playground [pt.3] EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora