Capítulo 3 ❌

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Eu e Joy andávamos pelo centro de Seul, calados, sem dizer uma palavra um ao outro. Admirando cada prédio, cada placa, rua, carro e pessoa, perdi-me ali, rodeado de tanta beleza.

Tirei os óculos, ainda olhando para baixo. Meus olhos ardiam por conta da normal claridade do Sol da tarde. Agora, eu podia ver os prédios em suas cores vivas. As pessoas... Ah, por que tão tristes? Era tudo tão bonito! Seul era tão bonita! O mundo era tão bonito!

Um vento frio bateu e logo pude sentir um cheiro estranhamente familiar de café. Então, abaixei a máscara - ainda que soubesse que não deveria fazer aquilo - e deixei-me levar por aquele aroma tão confortante.

As pessoas começaram a esbarrar em mim: uma criança perdida da mãe que admirava a cidade talvez já normal e desinteressante para eles.

Saia do meio da calçada!, alguns disseram.

Bom dia aos senhores também., respondi-lhes.

Em meio à paisagem perfeita, eu a vi: uma mulher morena, cabelos ondulados e olhos castanhos, estática, olhando-me da janela de uma pequena van.

Olhei-a confuso, sabendo que ela era familiar de alguma forma.

Lembranças, tempo indeterminado

- Então, deixe-me entrar! Eu sinto sua falta. Por quê? Por que não quer me contar nada? Por favor, volte para casa! Eu te amo...

Fim das lembranças

Franzi a testa sem entender nada. Aquela era minha primeira lembrança! Era isso que estava acontecendo? Minha memória estava voltando?

- Filho! Venha logo! O sinal vai abrir! - a senhora Joyce exclamou do outro lado da rua.

A bela mulher ainda me olhava, então, para despedir-me, pisquei o olho direito, sorrindo levemente.

Ao ela se virar, corri para o outro lado da rua, sumindo como um fantasma à frente daquela moça.

- Ei! O que estava observando?

- Quem, melhor dizendo. Uma moça dentro de uma van. Ela era tão linda...

- Você já é comprometido, OK? Não fique paquerando outras pessoas!

- Comprometido? Com quem?

- Com a S/N.

- Ela é uma tentação, mas quero recomeçar minha vida! De preferência, com pessoas que eu conheça.

Ela se manteve calada, aparentemente, sem resposta. Entramos na cafeteria, que, por sinal, era bem cheia, sendo muito bem recebidos.

- Olá, boa tarde. Meu nome é Jonghyun. Já sabem o que vão beber? - o atendente veio até nós assim que nos acomodamos à mesa.

- Olá, boa tarde! Eu quero um chocolate quente com bastante chantilly, por favor. E você, querido? O que vai querer?

Tirei os óculos, olhando ao atendente que espantou-se ao olhar detalhadamente a mim

- O mesmo que ela, por favor!

-Anotado! Já irei trazer! - exclamou. - Érr... Senhor, desculpe-me dizer, mas já te disseram que você é idêntico ao falecido Vernon?

- Mas eu sou...

_ Como você é engraçado, filho! - riu forçado. - Não ligue para ele! Adora fingir ser o Vernon por conta da aparência idêntica.

Carpe Diem: Playground [pt.3] EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora