Céu azul.

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Os acordos que fazemos nessa vida são como nós: se não forem bem dados, uma hora ou outra se desfazem e o que segurar a ponta mais pesada cai...

2 de Junho de 2017

Diazin do ser cheio de luz que tanto sabia o melhor jeito de guardar o nosso duo através das lentes. Mari. Um amor de gente. Era bom demais tê-la por perto, e não estar com ela nesse dia me incomodava, eu só pensava em mostrar meu amor todo em forma de um abraço do tamanho da lua.

Eu e Ana estávamos no Rio, de folga nesse dia e no dia anterior tínhamos ido a uma balada mais íntima e discreta que nossos amigos sempre iam. Eu gostava das baladas, esse é um dos pontos negativos de se expor pela arte, você perde a chance de poder ser você mesma em público...

Se eu já era descreta com Ana que todos achavam ser minha namorada, imagina com as pessoas qud ninguém conhecia, mas que foram e se fizeram presentes em minha vida?

Lá na balada, bebemos e curtimos com nossos amigos. Entre eles éramos só as amigas famosinhas e nada além de amigas. Por isso e pela liberdade do acordo não acordado que tínhamos, a gente tinha o poder de nos envolvermos com quem bem entendessemos, o nosso limite era nossa casa, o ninho no qual pousamos sempre que coração chamava pr perto o ser da outra.

[...]

Eu dançava mais afastada da mesa enquanto via Ana me olhar, enquanto Mike olhava Ana e uma menina desconhecida me olhava. Isso aí. Bem assim, ciclo vicioso e perigoso sem fim nem nexo nenhum! Mike podia levar a menina pra ele e ficaria tudo certo, não acham? Mas não foi assim...

Ana veio dançar também, mas antes que chegasse até a mim, senti uma mão em minha cintura. Virei pra ver quem era e me surpreendi com a beleza próxima da menina que tava me encarando desde cedo. Ela se aproximou do meu ouvido e de relance, pude ver Ana se distanciar indo pra mesa de novo...

– Oi, tu parece com uma menina bonita que canta umas histórias de amor... – Ri alto. A cantada era ruim, mas a bebida já fazia efeito e eu queria encenar e aproveitar aquela noite da forma que ela se fizesse pra mim.

– Acho que tu tá me confundindo com aquela menina sentada ali. A que canta é ela. – Apontei pra Ana já me preparando pra acenar quando ela me visse, mas vi foi ela falando com Mike de uma forma íntima até demais. Me tirando todo o filtro que eu geralmente tinha.

– Ah, para, sua moça! Te acho linda demais. De verdade! Eu ia te pedir uma foto, mas levando em conta o fato de estarem numa balada tão privada, acho que vocês tão fugindo das fãs loucas...

– Tu tem razão. Mas a gente faz melhor... Podemos beber mais, dançar e guardar o que for de ser na memória e não só numa foto sem muita história e cheia de exposição.

– Gostei, Vit! Eu não ficaria bem entregando seu esconderijo, nem quero bagunçar sua imagem romântica que as músicas constroem, tu tem direito de dividir uma segunda algema e curtir. A primeira eu deixo por conta da moça que canta. – Pelo que lembro ela falou isso mesmo, depois de tanta conversa pra uma balada, olhei pra nossa mesa e Ana ainda falava com Mike.

Uma, duas, três músicas e Ana não entendeu que eu queria ser salva dali. A menina parecia entender bastante da gente e esse era outro luxo que eu não podia me dar: beijar uma menina tão linda, sem me preocupar com o que estaria por aí amanhã mesmo. A moça tinha saído e quando eu ia voltar pra mesa, ela apareceu com duas bebidas. Aceitei. Ana ainda tava empolgada na conversa e os outros estavam conversando também, todos em casal. Então me deixei ir de vez...

– Mas como é teu nome, que eu não sei? – Perguntei pra morena baixinha que tava me provocando a cada triscada de pele durante as músicas.

– Natália!

– Natália, tu se importa se eu te falar um segredo mais de pertinho?– Eu queria testar Ana, saber até onde ela me deixaria ir. Eu sabia que ela via tudo aquilo, não era possível que ela não se importasse. Principalmente por só ter me visto com outro alguém no pagode em que nos aproximamos e ela arrumou uns beijo pra mim.

– Oxe, eu já tava pra te contar um também. – Me aproximei no ritmo da música, cheirei sua cabelo e pescoço e quando eu dei o primeiro beijo, que ia segurar o cabelo da menina pra aprofundar mais, uma mão me puxou... Ana Clara. Lerda!

Ela falava apressada, disse que precisava da minha ajuda no banheiro e eu tive que me despedir de Natália ligeirinho. Chegando lá, Ana me sentou nos banquinhos e começou a me encarar.

– Precisava disso, Naclara? - Minha provocação tinha funcionado, mas ela devia ter evitado que algo começasse. Depois do estrago feito e do álcool a mais eu queria ficar lá.

– Mas será o benedito, Vitória? Tu perdeu a noção mesmo é, ô? Cadê teu cuidado todo? Além disso, cadê teu respeito comigo? –Não falei nada, só lembro de ter achado a boca de Ana a coisa mais gostosa do mundo e por isso levantei e a fiz me beijar.

Todo o desejo que eu guardei aquela noite todinha, toda a falta de sua atenção e toque, tudo ali eu descarreguei. Ana tentou resistir, mas não conseguiu. Depois de terminar o primeiro beijo, arrastei Ana pra uma das cabines e retomei minha descarga de sensações, descontando todo o desejo em sua boca, seios, cintura e bunda.

Ana suspirou e me encarou. Disso eu lembro bem, não tem como esquecer do olhar caído e da boca bem desenhada dela.

– Qualquer hora estou aqui, sei que você me sente como eu sinto você. Não me preocupo com teus rolo, desde que seja em mim que você pense quando tocar essa outra bem aqui. – Ana colocou um dedo na minha boca meia aberta e começou a fazer uma trilha pelo meu corpo arrepiado. – Aqui no seu peito. Aqui na sua barriga. E aqui nesse mar de Vitória que só transborda a praia quando a lua que faz a maré subir sou eu...

Confirmei com a cabeça, ainda com a boca aberta. Ana era possessiva quando queria e era capaz de me domar sem precisar que me tocasse. Ela me beijou de novo e disse:

– Vamo, Vitória! Tu já se passou demais pra uma noite só. - Eu fui. Me despedi de todos, negamos carona e em meia hora chegamos no hotel. Eu fui pra cama feito um zumbi e logo Ana me levou pro chuveiro e me deu um banho. Depois de limpa, me levou de volta pra cama e ali eu apaguei lembrando da última imagem sendo a de uma Ana irritada e aparentemente frustrada.

[...]

Acordei sorrindo, sentia uma sensação gostava nas pernas e no meu ventre e antes de abrir os olhos fiz uma sequência de fatos na cabeça:
1- Eu não lembrava muito de ontem.
2- Eu não transei dom ninguém ontem.
3- Eu não peguei o número de Natália (Obrigada, Ana Clara!).
4- Ana Clara me fez acordar por que tava me chupando.
5- Ana Clara tava me chupando?!

– Porra, Ana! Que bom dia é esse? – Gemi manhosa e ela não respondeu, só a senti subindo pelo meu corpo e quando chegou no pescoço, fez com que minha coluna saísse da cama depois de enfiar rapidamente dois dos seus dedos em mim.

– Isso é pelas merdas que tu fez ontem, mas agora eu quero fazer amor contigo! – Ana queria amor. Sexo, não. Amor!

Fizemos amor. Nosso primeiro amor... Tinha mais alma e carinho  do que carne e rapidez. Era só eu e Ana, cedo da manhã...

Depois de acalmarmos nossa respiração, fomos pra perto do janelão que dava pra praia e ficamos observando o céu, o mar, as pessoas é uma a outra. Ana me gravou e mais tarde postou o vídeo no Instagram. Ela só não se tocou mais uma vez que, como no meu aniversário, eu tava nua, mas tudo bem.

[...]

Depois do melhor bom dia que alguém já tinha me dado, me dei conta de que nunca tinha feito amor na minha vida. E fazer amor com Ana era a coisa que eu mais queria preservar e repetir no mundo todo. Pena que o nosso ninho quebrou, depois que do vento, nada ficou.

Incerteza.Onde histórias criam vida. Descubra agora