Flagra.

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Ei, pessoa? Se atente nas coisas que tudo pode parecer confuso!

[...]

A vida sempre deverá ser vista como uma estrada de mão dupla. Já parasse pra pensar que chato que seria se todo mundo fosse numa direção só? Nos relacionamentos não poderia ser diferente também. Bem, coisas acontecem na vida sem que tenhamos controle absoluto. Impulsos, acasos, provações, tribulações, exaltações, excitações, confusões... Estragos...

[...]

As coisas iam muito bem. Tu deve tá cansado de ver essa constância de subidas e descidas do que eu e Ana tínhamos, e sabe? Eu gostava daquilo. Cada uma com sua liberdade e escolhas. Uma com a outra, mas com quem mais quisesse também... Até que eu enxerguei distância. A cada viagem pra show e a cada ida em casa ou no Rio, para vermos nossos amigos, Ana ficava mais estranha e fria comigo. A cada entrevista que perguntavam sobre o que tínhamos, Ana transpassava mais que éramos somente, amigas, irmãs. Antes era ela quem fazia questão de deixar tudo subtendido. Agora ela fazia questão de mostrar que não tínhamos nada. O que não deixava de ser verdade, mas mesmo assim doía.

Quando eu decidi tentar esquecer tudo aquilo, no meio de uma de nossas saídas pro Rio, eu acabei me aproximando de Mari. Estávamos em um barzinho com música ambiente. Onde também tinha um espaço para dança. Todos bebiam e às vezes dançavam. Todos bebiam e eu bebi de verdade!

Eu queria esquecer a imagem de Ana conversando mais e mais com Mike, então bebi mais do que já queria beber antes de vir para aquele lugar. Desde aquele dia em que Ana me viu ficando com outra, eu não tinha ficado com mais ninguém. A gente até que ficava grudadinhas no sofá e em outras horas do dia, mas aos poucos ela se afastou de mim.

E apesar desses momentos juntas, Ana não saia do celular e começou a ser mais besta mesmo, se posso dizer assim. Então eu me afastei também. Postei menos fotos com ela, comentava poucas fotos que ela postava, saia mais sem ela, buscava outros olhos e beijos.

[...]

Bebida. Hora da música eletrônica. Luzes alternadas pela batida do DJ. Lugar escuro. Olhei pra trás. Ana. Mike. Beijo. Choque. Mais bebida. Dança. Foco em Fernanda. Beijo. Banheiro. Amasso. Ana. Espelho do banheiro. Ana sai. Vitória não liga...

Depois de um tempo que Ana saiu do banheiro, terminei outro beijo e fui encontrar o povo.

– Guto, cadê a Ana? – Perguntei atrapalhando a dança dele com Clarinha.

– Ih, Vi! Fica de boa, aí. Ela saiu com o Mike e disse pra você não se preocupar por que ela não ia voltar pro hotel.  – Gelei. Eu não tinha parado pra perceber que Ana tava junta demais com Mike, não assim... Sei que fiquei com outras pessoas, mas eram momentos de troca de energia muitas vezes únicos. Eu tinha controle da situação, sabia que Ana era a única que permanecia, que estava ali sempre, que eu queria que estivesse sempre.

– Obrigada, Gutinho! – Voltei pro bar e pedi mais uma cerveja.

Eu tava sendo egoísta, mas não queria Ana com Mike! Como ela podia, como ela conseguia ter alguém que ficasse, se eu já achava que ocupava esse lugar na vida dela? Isso era injusto, doía, sangrava o peito.

Bebi mais, dessa vez puxei Mari pra dançar comigo. Ela tava linda e me olhava dum jeito que parecia me desejar, talvez fosse só efeito da bebida. Bebi mais. Bebi e dancei com Mari até me sentir tonta.

– Vi, melhor tu voltar pro hotel, tá se sentindo bem? – Ela perguntou enquanto se apoiava no meu pescoço.

– Bem, bem, num tô. Mas danço até amanhecer se tu quiser!

– E tu acha que são que horas, Vitória Falcão? Bora eu te deixo lá! – Eu não precisava que ela fosse me deixar, mas não neguei sua presença.

[...]

Mari entrou comigo no quarto, que na verdade mais parecia ser maior que nossa casa. Me joguei na cama e depois de um tempo senti alguém subindo nela e se aconchegando em mim. Apaguei. Dormi e quando finalmente acordei vi que felizmente num tinha nenhuma recassaquinha sequer. Agradeci a Deus por isso e quando olhei de lado vi Mari só de blusa e calcinha.

Eu teria me incomodado mais, se não fosse a fome que me deu, mas na verdade é que o que eu senti foi desejo. E então percebi que só podia estar bêbada ainda. Levantei da cama e fui pra mini cozinha do quarto preparar alguma coisa pra comer. Quando tava terminando senti duas mãos passarem pra frente do meu corpo e abraçarem minha barriga, logo deixando um monte de beijos nas minhas costas.

– Mari do céu! Num me provoca que eu tô carente hoje. – Ouvi sua risada e então me virei para vê-la. Alguém tinha tomado banho e esquecido de por uma roupa! Mari tava nua e com um sorriso de expectativa no rosto.

– Então vem, mata isso aí, Vi! – Meus olhos arregalaram e eu gelei pela milésima vez em menos de 24 horas. Só conseguia piscar e continuar sem me mexer até que ela me puxou para um beijo longo, mas ligeiro. Tinha pressa, urgência. Eu preferia calmaria.

Lembrei do beijo de Ana e na mesma hora minha excitação sumiu, mas quando eu ia me afastar, Mari tirou meu vestido e beijou meu pescoço. Não resisti. Em nenhum momento Ana saia da minha cabeça, só que eu me abandonei ali.

Mari abocanhou um dos meus pequenos seios e me fez arrepiar com seus toques pelo outro seio, barriga e costas, até que massageou por cima da minha calcinha. Eu não tava tão molhada quanto como ficava quando era Ana que me tocava e Mari percebeu meu estado.

– Vamos resolver isso pra já, Senhora!

– Ah, é? E como é que tu vai fazer isso hein? – Eu realmente não sabia qual seria o próximo passo dela, mas parecia que ela estava completamente submissa a mim naquela relação.

Mari não me respondeu. O que ela fez foi descer pelo meu corpo, tirar minha calcinha, se ajoelhar e com um desejo que eu não sabia que ela tinha, me beijou a parte mais íntima do meu corpo. Me causando uma surpresa e ao mesmo tempo um choque de adrenalina no corpo. Aquilo era errado! Não que o sexo fosse errado, mas era a Mari. Mari era nossa amiga, trabalhava com a gente e era amiga de Guto e Mike, amiga de Ana!

Eu não conseguia me deixar ir naquela onda de movimentos que Mari me fazia, e acho depois de um tempo ela já tava cansando. Foi quando retomei a consciência e falei pra parar.

– Ei, Mari, vem cá? Vamos parar enquanto dá. – Ela me olhou como se eu tivesse duvidado dela no sexo e me puxou pro chão. Isso, o chão! Na cozinha do quarto de hotel!

– Ah, não. Vamos tentar mais um pouco! – Depois disso ela me beijou mais e me fez deitar.

Insistiu. Me lambeu, chupou, massageou, arranhou e eu não chegava perto suficiente. Já tava constrangedor até. Então Ana me veio na mente. Nossa primeira noite, a vez que eu a chupei e a proibi de se abaixar, nosso primeiro amor. Pensei em Ana nua, comigo, em mim, para mim.

Quase como automaticamente meu corpo reagiu as imagens da minha cabeça e eu me entreguei a ela mais uma vez. Logo senti espasmos, meu coração acelerado e meu corpo tremendo inteiro.

Quando finalmente cheguei no máximo daquele momento, quando esqueci tudo e só vivia, quando parei de ouvir tudo ao meu redor... A porta do quarto abriu e eu não ouvi, alguém chegou na cozinha e nem eu, nem Mari percebemos. E então eu gemi e gritei:

– Ana, eu te amo! – Assim que falei percebi a burrada que fiz e senti Mari se afastar.

– Ana, Vitória? – Abri os olhos e quando ia me explicar eu vi a mulher que mesmo estando distante acabava de me dar mais um orgasmo.

– Eu! – Foi a única coisa que ela disse antes de sair ...

In the morning
I'll be with you
But it will be a different "kind"
'Cause I'll be holding all the tickets
And you'll be owning all the fines 🎵

NOTAS

Gosto muito de vocês, viu? Beijo! 😇

Incerteza.Onde histórias criam vida. Descubra agora