Existe cura?

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Ei, tu bem aí! Como que cê tá? Espero que bem, viu? A conversa continua, mas eu precisava te pedir pra que tu aproveite esse fim de ano pra agradecer por tudo que a vida te deu de presente. E que tu possa começar o próximo ano ao lado do tanto de gente que tu achar importante pra tua vida! Aproveite as férias, ame teu povo, faça pazes, abrace, beije, cheire, viva!

[...]

Depois daquele dia no avião as coisas entre nós tiveram que continuar da mesma forma, eu não podia mostrar pra Ninha que tinha ouvido tudo o que ela me disse. Então alguns dias se passaram e estávamos em casa depois de termos ensaiado muito para projetos que estavam pra nascer.

– Meu Deus do céu! Ana Clara, tu num sente dor nas costas não? As minhas tão me partindo no meio, Senhor me leva! – Falei enquanto levantava pra ir tomar um banho gelado na tentativa de diminuir minhas dores.

–Ah, Vi. Claro que dói! Eu só não sou uma bebê chorona feito tu, que fica aí reclamando toda hora...– Ana disse me provocando. E conseguiu o que queria.

– Quer dizer que tu acha que eu tô com drama, Naclara? Então tu vai ter que fazer uma massagem nas minhas costas quando eu sair do banho! –Aproveitei a brincadeira pra pedir a massagem unindo o útil ao agradável.

– Tá bestano? Acha que eu tenho cara de massagista? – Ela falou rindo, mas sua expressão era de total preguiça e indisposição pra sair da posição em que ela tava jogada no sofá.

–Tô indo tomar banho, quando sair quero que tu esteja me esperando com um creme do lado! - E assim saí pro banho. Juro que não queria que aquilo fosse um momento que acabasse com nós duas juntas, mas durante meu banho acabei pensando nisso e tive que mais uma vez de tantas outras, me tocar sendo levada pelas lembranças e fantasias que eu tinha quando o foco era Ana Clara Caetano.

[...]

Saí do banheiro já vestida com uma blusa branca gigante e um short de dormir preto fininho. Eu não gostava de usar roupas quando tava em casa, Ana também não. Mas por não estarmos mais juntas, era bom que tomássemos cuidado com o jeito que ficávamos pela casa na frente da outra.

Chegando na sala ri com a cena: Ana estava na mesma posição que a deixei quando fui tomar banho, mas o que fazia diferença era a embalagem com creme hidratante que tinha ao seu lado...

–Seu tempo tá contando, vai ficar parada aí? – Ela disse ao notar que eu estava na sala, mas não olhou pra mim, encarava o celular.

Ri alto, me aproximei dela, ajoelhei no chão e ficando de costas pra Ana, tirei minha blusa e deitei no chão da sala. O tempo que considerei ser de um ou dois minutos passaram e nada de Ana.

– Meu tempo não tá contando, se tu não começa nunca esse trem! –Ela riu junto comigo, depois senti seu corpo se aproximando, e um peso jogado no chão indicou que ela ficou de joelhos. Logo senti o creme frio bem no meio da minha coluna. Justamente onde mais doía...

– Se doer tu avisa! – Ana falou como se tivesse fazendo aquilo por obrigação, mas a forma como espalhava o creme mostrava que ela contornava minhas costas da melhor forma que conseguia.

Minha respiração foi ficando longa e pesada, meu corpo relaxou, me aninhei no chão, se assim posso dizer, e aproveitei aquele momento raro em que as mãos tão conhecidas por mim, dedilhavam as cordas do meu corpo. Toda a massagem foi se intensificando. O "carinho" feito e o alivio que proporcionava cada movimento me faziam rir feito uma boba com meus olhos fechados.

–Vi?

–Oi, Ninha? Tu num já quer parar não, né? Tá tão bom!

– Querer eu quero, mas tu num vai me deixar quieta. Então, tem problema se eu me ajeitar pra fazer melhor? - Ana disse parecendo estar desconfortável com seu pedido.

Incerteza.Onde histórias criam vida. Descubra agora