Capítulo 9 - Os irmãos Parker

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O irritante barulho do despertador me fez acordar. Quis jogar o celular na parede naquele momento, não tinha dormido há muito tempo. Estava exausta, precisava encarar mais um dia de aula e Felipe. Sem contar as cartas misteriosas que mexiam com meu emocional. Eram coisas demais, para uma pessoa fragilizada demais.

A carta da noite anterior mexeu muito comigo. Queria saber lidar com tudo aquilo, mas não fazia ideia de como fazer isso. Não podia dizer para Lise, tio Matt ou Lena que estava recebendo cartas de Deus. Eles achariam que eu era maluca. Para ser sincera, até eu estava começando a duvidar da minha sanidade.

Levantei-me, peguei uma calça jeans qualquer, uma blusa azul, roupas íntimas, meias e fui para o banho. Era relaxante sentir a água quente em meu corpo. Depois de alguns minutos, saí do banho e terminei de me arrumar.

— Bom dia. — Cumprimentei Felipe e Lise.

— Bom dia, Gen. Dormiu bem? — Seu olhar era de análise e ao mesmo tempo carregado de compaixão.

— Dormi, sim. — Menti, mesmo sabendo que era errado.

Não podia dizer a minha madrasta que minha noite tinha sido uma droga, muito menos que eu estava gritando interiormente. Meus verdadeiros sentimentos precisavam ficar escondidos, ninguém os compreenderia.

— Acordei e tinha uma mensagem do Matt, ele disse que Lena e ele buscarão você depois da aula. — Felipe me entregou uma xícara. Analisei o conteúdo, tinha um cheiro bom. — É capuccino. Espero que goste. — Sua expressão continuou apática.

— Obrigada. — Murmurei e encarei a xícara.

A tensão era gigantesca. Lise parecia estar aflita com tudo aquilo.

— Sabe onde Matt vai levá-la? — Ela puxou assunto.

— Não, o tio Matt não disse.

— Tio Matt? — Felipe ergueu as sobrancelhas.

Sim, Felipe. Tio Matt. — Enfatizei cada uma de minhas palavras, olhando no fundo de seus olhos verdes.

Ali vi que estava enganada. Estávamos há anos luz de termos uma relação "pai e filha". Não conseguíamos sobreviver a um dia inteiro sem brigar.

Terminei meu café, escovei os dentes, enfiei o celular na mochila e coloquei-a nas costas. Lise me puxou para um abraço.

— Bom segundo dia de aula, qualquer coisa me liga. — Ela beijou minha testa. — E avise quando sair da escola e quando chegar no lugar que Matt e Lena vão levá-la.

— Tudo bem. Tchau, Lise.

— Tchau, querida.

Fomos até o estacionamento e entramos no carro de Felipe. Voltei meu rosto para a janela antes mesmo do veículo começar a andar.

— Coloca o cinto. — Felipe chamou minha atenção, fiz o que ele mandou e ele deu partida.

— Tio Matt me convidou pra passar o final de semana com ele e a Lena. — Comentei após cinco minutos de silêncio.

— Bom saber que você e o tio Matt estão tão próximos.

— Por que o sarcasmo? — Crispei os olhos. — Se você gostasse de mim poderia dizer que é ciúme.

— Genevieve... — Ele hesitou. — Eu gosto de você.

— Desculpe, mas não é o que parece. Não foi o que pareceu ontem. Olha, eu sei que errei por ter entrado no quarto de vocês sem permissão, mas você me olhou e falou comigo como se eu estivesse na cena de um crime e o violão fosse o corpo de alguém. — Despejei tudo rapidamente.

De Pai Para FilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora