Capítulo 4 - Presentes

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— Isso está muito bom. — Comentei com Matt, após devorar mais um pdaço de lasanha.

— Seu pai e Lise arrasam na cozinha. Não é à toa que o Beaumont's é um dos melhores restaurantes de Nova Orleans.

— O que você faz?

— Sou advogado. — Crispei os olhos ao ouvir sua resposta. — Não tenho cara de advogado?

— Não. — Balancei a cabeça.

— Tenho cara de quê?

— Corretor de imóveis ou vendedor de bugigangas. Sem querer ofender.

— Por quê? — Ele não escondeu a surpresa e riu.

— Parece o tipo de pessoa que sabe convencer as outras com as palavras. Quase que uma tática sofista. — Dei de ombros.

— Tudo bem. A primeira impresão que minha sobrinha tem de mim é que sou persuasivo. — Brincou.

— Não quis dizer isso. — Ri ligeiramente. — Obrigada, Matt.

— Pelo quê? — Suas sobrancelhas ergueram-se.

— Por me distrair e não deixar a tristeza me dominar totalmente.

— Disse que estou aqui para ajudar, Gen. — Seu sorriso foi reconfortante.

A tristeza não havia desaparecido, ela continuava dentro de mim, silenciosa e pronta para sair a qualquer instante. Mas Matt me ajudava a manter a tristeza assoladora presa. À medida que conversávamos e ele contava sobre suas experiências de vida, sentia como se nos conhecêssemos há anos. Com certeza, ele estava sendo muito mais receptivo e carinhoso do que Felipe. Apesar de tudo, eu era grata por isso.

Após o horário de almoço, o movimento do restaurante diminuiu bastante. Anelise me levou Petit Gateau de sobremesa. Matt comentou que ela e Felipe eram os chefes do Beaumont's e que meu pai cozinhava ainda melhor.

— Nós já vamos. — Lise beijou Felipe rapidamente.

— Tudo bem. Genevieve, pode comprar o que quiser.

Apenas assenti. Eu não queria presentes. Tudo o que eu queria era um abraço do meu pai. Eu amei conversar com o Matt, mas queria que meu pai viesse falar comigo, que ele quisesse saber mais sobre mim e que fosse mais carinhoso.

— Lena vai nos encontrar no shopping. — Meu tio comentou, mexendo no celular.

— Você tem celular? — Lise perguntou-me.

— Estava em casa. — Balancei a cabeça em negação.

— Vamos dar um jeito nisso. — Ela sorriu. — Vamos.

— Se cuidem. — Felipe gritou quando estávamos saindo do restaurante.

Anelise foi até um carro cinza, no estacionamento. Matt entrou no seu carro e disse que nos encontrava no shopping.

— O almoço e a sobremesa estavam ótimos. Obrigada, Lise. — Agradeci-a. Já estávamos no meio do caminho.

— Que bom que gostou. Eu sempre gostei de cozinhar. Aí conheci o seu pai e nos identificamos nisso.

— E a sua família?

— Minha mãe foi embora quando eu tinha cinco anos e o meu pai morreu quando eu tinha vinte e dois anos. Foi um momento bem difícil, ele era a minha famíia, sabe? — Apesar dela estar sorrindo, podia ver a tristeza em seu olhar. — Por isso disse que estarei aqui para o que você precisar e para apoiá-la, sei o que é perder alguém que se ama.

De Pai Para FilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora